Quem sou eu

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São Carlos (cidade natal), SP, Brazil
Sou formada em Psicologia pela UFU em 1996, fiz Aprimoramento Profissional em Psicologia Hospitalar pela PUC/Camp em 1998, formação de Educadora Perinatal pelo Grupo de Apoio à Maternidade Ativa em 2004, e Curso de Extensão em Preparação Psicológica e Física para a Gestação, Parto, Puerpério e Aleitamento pela UNICAMP em 2006, onde neste mesmo ano, participei da palestra "Dando à luz em liberdade - Parto e Nascimento como Evento Familiar" com a parteira mexicana Naolí Vinaver Lopez. O que é uma doula? Uma mulher experiente que serve (ajuda)outra mulher durante o trabalho de parto e o pós-parto. Fui doula por 18 anos. Sigo agora como psicóloga atendendo em consultório particular na Vila Prado em São Carlos-SP Contato: vaniacrbezerra@yahoo.com.br (16) 99794-3566

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Onze anos e a doula HP.

Onze anos! Há onze anos fui doula pela segunda vez! Há onze anos acompanhei minha irmã em um parto depois de cesárea, depois de redução de estômago, pressão alta sendo controlada com remédios, perdendo peso até o sexto mês, dores que a levavam vezes seguidas a passar a noite internada para receber remédios (para controlar a dor) na veia...

Encontramos uma médica que não teve medo. Não a tratou como uma mulher bomba.


Uma médica que em uma tentativa honesta de não fazer uma episiotomia, conseguiu não fazer um corte profundo e ao invés disso fez três cortes mais "rasos". (Minha irmã dá muita risada disso e diz que ficou com a marca do Zorro).

Uma manobra de Kristeler (empurrar o fundo do útero para acelerar o nascimento) autorizada pela minha irmã que se sentia sem forças para empurrar... (ela estava com os pés nos estribos!!! Pensa num canal de parto apontando pra cima!!!)

A médica me chamou para ver a cabeça da bebê começando a aparecer e eu vi um tantinho de cabelo, falei que sim, mas na verdade nem soube o que tinha visto, só acreditei nela! rsrsrsr

Minha irmã sentada na cama no dia seguinte, passa um homem no corredor e pergunta: "você que estava gritando ontem?! nossa! minha esposa teve cesárea no mesmo horário, ela ainda não conseguiu levantar"...

Pois é! Parto dói sim, a dor é real, grite se sentir vontade! Faça o que sentir vontade, deixe teu corpo te guiar, não fique analisando... Vai valer a pena!

Honro a oportunidade de continuar sendo doula. E continuo vibrando com cada bebê, que nascendo de parto ou de cesárea, nasceu no dia em que quis e nasceu como pôde.

Há algumas semanas um pai me disse que eu parecia o Harry Potter forçando o Dumbledore a tomar a poção que causava dores, dizendo "está quase acabando, toma mais um pouquinho"...

Achei a comparação sensacional. Objetivos diferentes, poção maligna, mas ambas escondendo "objetos de poder" no final do processo. No caso da doulagem... as mulheres que passam pelas contrações descobrem um poder que não estavam conscientes de ter. Tiveram que enfrentar todo um sistema que as guiava para uma cesárea com hora marcada...

Elas destroem crenças limitantes. Uma vez ajudei uma mulher a passar pela "hora da covardia" lembrando-a de todas as pessoas que haviam dito que ela não ia aguentar, e agora o bebê estava quase nascendo, faltava pouco.

Há onze anos faço isso! Mais de 160 partos. Continuo absolutamente apaixonada pelo que faço!





sexta-feira, 22 de julho de 2016

Formação de doulas em São Carlos


















Com mais de dez anos de experiência em doulagens , agora passo a fazer parte de um Curso de Formação de Doulas em São Carlos.

Tudo construído com muito carinho e consciência, para que nossas alunas saiam confiantes em sua capacidade de iniciar as doulagens.

O curso será misto: teórico-vivencial.
-Quem é e qual o papel da doula na equipe.
- Ética Profissional
- Fisiologia do parto natural
- Recomendações atuais da OMS e Ministério da Saúde para o atendimento ao parto
- Técnicas não farmacológicas de alívio no parto
- Técnicas de massagem
- Psicologia do ciclo: gravidez, parto e puerpério
- Preparação do períneo
- Preparação para a amamentação
- Vivências complementares.
- Como se colocar no mercado de trabalho.

Equipe docente:

Vânia C. R. Bezerra - Psicóloga com Aprimoramento em Psicologia Hospitalar e Doula
Karina I. De Groote - Enfermeira Obstétrica e Doula
Tatiana F. Nagliati - Psicóloga com Especialização em Terapia Cognitivo-Comportamental e Doula
Erika T. Blanco - Fisioterapeuta com Especialização em Acupuntura e Doula
Geise Martins - Educadora Física, Terapeuta e Doula.
Merlin Leal Pegatin - Educadora Física e Pedagoga

Hospedagem: estamos indicando o Malibu Hotel - fica próximo do local do Curso - (8 quadras) - evitando assim a necessidade de despesas com táxi todos os dias.

http://www.hotelmalibu.com.br/files/home.asp

Se precisar de mais informações pode entrar em contato pelo tel: (16) 99794-3566 com Vânia.


terça-feira, 28 de junho de 2016

Fabiana e Lula recebendo seus filhos, Raul e Diogo.

Fabiana um dia ligou o rádio e escutou um programa que falava sobre a humanização do parto e os prejuízos que uma cesárea com hora marcada pode ocasionar. Ficou surpresa com o impacto sobre a saúde do bebê e foi o que bastou pra resolver fazer o que pudesse para ter a melhor experiência possível. Me contratou como doula e logo começamos as reuniões de preparação para o parto. Assistimos vídeos, tiramos duvidas, conversamos bastante, e ela fez seu plano de parto.

O quintal dela é lindo, espaçoso, uma varanda boa, e eu imaginando ela andando por ali e tendo contrações até que seria a hora de irmos para a maternidade.

Recebi mensagem pela manhã de que as contrações estavam começando, e no final da tarde ela ligou dizendo que o médico entraria de plantão na maternidade e tinha pedido para ela passar por lá. Bem calmamente foram para lá e o TP já estava evoluindo. Quando cheguei ela tinha acabado de ser submetida a exame de toque pela plantonista do SUS, que pelo que entendi tinha ido até lá sem ser chamada, enfim, não entendi nada da razão pela qual Fabiana teve que ser submetida a exame por outra médica já que o médico dela estaria chegando em poucos minutos.

Enfim, o exame deu que Fabiana estava com mais de 4 cm e a tal médica do SUS assinou a internação pelo convênio. Fomos encaminhados para o quarto maior onde cabe a banheira inflável no banheiro e o Lula trouxe as malas, fui ajudando os dois a criarem um clima favorável.


O tempo foi passando, as contrações realmente mais fortes e mais próximas. Massagens, suquinhos, cócoras para ajudar o bebê descer. 9 cm! Tudo evoluindo bem!

Chuveiro, banheira enchendo, bebê sendo auscultado a intervalos, tudo certo!

Aí o cansaço começou a pegar, e o marido, eu e a enfermeira ali incentivando, ajudando essa mulher a vencer essa barreira.

As horas foram passando e novo toque: os mesmos 9cm.

Vamos em frente, vamos em frente... Fabiana começou a falar muito sério que a dor estava demais, e a cada contração o clima foi ficando mais pesado, e ela pedia cesárea. Ainda enrolamos um tempinho, confiantes de que logo ela sentiria os puxos e Raul nasceria. Mas as auscultas infelizmente continuavam no mesmo lugar, não desciam, não desciam, não desciam...


Então Fabiana tomou a rédea da sua história e falou olhando bem nos olhos da enfermeira: "eu quero que chame o médico, eu não quero mais sentir essa dor, o bebê não está mais baixando".

E assim foi feito, com todo o respeito pelo tempo dela e do bebê. A equipe foi chamada, ela foi para o centro cirúrgico, e eu fui também para fotografar pela janelinha. Fiquei surpresa com as regras, tinha uma auxiliar de enfermagem que ficava olhando pela janelinha pra me dizer quando eu poderia olhar também. Falei que já trabalhei em hospital, que já vi  muita cesárea, mas não arredou pé. Pelo menos não até que a pediatra me cumprimentou e falou que eu poderia ir. :)

Tirei várias fotos e depois fiquei pertinho do bebê por alguns minutos.

Enquanto ela e o bebê ficaram em observação o Lula correu até em casa para tomar um banho e voltar renovado. Quando a enfermagem veio avisar que ela já estava vindo para o quarto eu liguei pra ele e ele já estava entrando na maternidade.

Fiquei por ali até ela ir para o quarto e amamentar. Raul pegou o peito de primeira, e tão perfeitamente que surpreendeu a todos!



Conversamos um pouquinho e Fabiana estava bem cansada. Lula estava apoiando o braço dela para o Raul poder mamar o quanto quisesse.

E foi assim que os deixei, uma família se re-encontrando e se adaptando, tudo com muito amor.

Quando voltei para a visita pós-parto conversamos bastante e chegamos a conclusão de que poderia sim ter sido um parto normal se em nossa cidade tivéssemos acesso a analgesia peridural. Mas ainda temos esse limite seríssimo, infelizmente.



De qualquer forma Raul se beneficiou imensamente do tempo que teve para se adaptar às contrações que levam estimulo e acordam os reflexos que o bebê vai precisar logo depois de nascer.

Fabiana e Lula, sou muito grata por ter participado desse momento tão lindo da chegada do Raul.

Raul seja sempre bem vindo! Que seu tempo continue sendo sempre respeitado como foi desde o seu nascimento, e que essa força que vc mostrou logo depois de nascer te acompanhe sempre!


O tempo passou... e Fabiana voltou a frequentar o GAPN, grávida pela segunda vez, buscando agora novas informações. Em várias dessas reuniões ela comentava sobre coisas que passavam pela sua cabeça quando estava em trabalho de parto, e que não havia contado pra ninguém... como isso talvez tivesse atrapalhado e agora ela estava se sentindo mais preparada.

Ela me contratou novamente e fui à casa dela pra falarmos sobre o plano de parto.


Tudo combinado, chegou o tempo de esperar pelo início do trabalho de parto. Tempo de estar aberta a surpresas. Uma noite ela me ligou, estava com dores ficando mais próximas. Fui pra lá. Playlist de músicas pra parto tocando, comidinhas, sucos, caminhadas, descansadas... as contrações foram espaçando... Lula e Raul dormindo, Fa dormindo, eu dormi. :)

Amanheceu o dia, as contrações haviam parado. Raul indo pra escola, casa entrando na rotina, fui embora. Quando as contrações recomeçarem é só chamar.



Ela passou o dia bem, no começo da noite estava com algumas contrações, foi até a maternidade, fez um cardiotoco, tudo perfeito, exame de toque, colo amolecido e afinando, quase nada de dilatação. Ela me ligou enquanto voltavam para casa, ia tomar um banho e dormir. Depois contou que chegou em casa e falou algo como : "vamos parar com essa coisa de playlist e comidinhas, não tem nada acontecendo!"

Acontece que ainda durante o banho as contrações começaram a ficar mais fortes e a durar mais.

Ali pelas nove ou dez da noite ela me chamou, pq estava doendo um tanto e o Lula não podia ficar com ela pq estava fazendo o Raul dormir. Fui pra lá, e passamos a madrugada entre o sofá da sala e a varanda, estava uma noite linda. Conversas amenas durante um tempo, depois as contrações já levando a uma concentração maior.



Ela pendurou a mangueira de jardim na viga da varanda e se acocorava ali algumas vezes durante as contrações. Outras vezes ficava sentada na beira da cadeira, eu fazia massagem nas costas, quando passava ela se ajeitava, colocava as pernas pra cima e tirava uns cochilos. Eu me deitava no sofá e esperava a próxima contração. Outras vezes saia no quintal e ficava observando o céu. E todas as vezes, na contração, eu me aproximava e ajudava.

Perto das 4 e meia da manhã a bolsa rompeu. E bem pouco tempo depois as contrações ficaram mais fortes e próximas. Ela foi chamar o Lula e avisar que iriamos para a maternidade no meu carro. Colocamos tudo que era preciso levar no carro, ela se trocou, e fomos.

Ele iria colocar o Raul no carro e iriam pra maternidade com calma. A maternidade havia dito que permitiria que ele estivesse presente. Inclusive no youtube tem um vídeo de parto com uma criança mais velha junto no quarto. Por isso ela escolheu essa maternidade.

Chegamos lá, ficamos na recepção, impressão de demora no atendimento, mas é que quando as contrações estão próximas e fortes a gente fica querendo ajeitar tudo rápido pq sempre dá impressão de que pode nascer...

Enfim, a enfermeira chegou e a levou pro quarto onde aconteceria o parto. Dilatação completa, bebê baixo, não demorou quase nada pra enfermeira chamar o obstetra e a pediatra.

Fabiana ajeitada na banqueta, liguei pro Lula pra falar pra ele subir que ia nascer, ele tinha voltado pra casa pra buscar algo que o Raul precisava.

Me sentei na frente dela, segurando as mãos e ajudando respirar... a enfermeira chegou, fui trocar de lugar, ela não queria que eu me mexesse. :) Esperei a contração passar completamente, ela respirou, e troquei.

Ela respirando e fazendo força conforme seu corpo pedia, bebê chegando.

Obstetra chegou, foi trocar de lugar com a enfermeira, Fabiana não queria que a enfermeira se mexesse.:D

Em cada parto a gente aprende mais. E o respeito a tudo que a mãe está sentindo faz parte do nosso trabalho. Bem divagar eles trocaram de lugar.

E poucas contrações depois, Diogo nasceu. Sob o olhar espantando de sua mãe, que dizia:  mas já?!

E o obstetra completou: "diferente da outra vez né"?

Todos felizes, logo o Lula chegou com o Diogo, a pediatra já por ali, montes de sorrisos!

Quando fui embora, Fabiana estava tomando café da manhã e conversando com sua família, completamente encantada.

Desta vez ela conseguiu acessar suas inseguranças, venceu seu medo do relógio, até desligou a musica! E aí o parto veio: forte como precisava ser, mas a seu tempo, e parando durante o dia, pq Diogo gosta da noite! :)

Parabéns de novo Fabiana e Lula! E seja bem vindo Diogo! Muita luz e muita saúde, sempre!

Abraços!

Vânia.



segunda-feira, 20 de junho de 2016

Carolina e João recebendo o Davi


A preparação para o parto é sempre uma fase especial. Dúvidas e receios vão ficando para trás, enquanto informações vão sendo absorvidas, e os cuidados realmente necessários para o parto vão sendo providenciados.

Carolina e João formavam um casal bastante focado na preparação. Assistimos vídeos de bebês nascendo enrolados no cordão, roxinhos como é o esperado... e falamos sobre as opções para o parto. Fizeram suas escolhas e passaram a aguardar o dia que Davi escolheria para nascer: no tempo dele e sendo muito respeitado desde o início.

No dia 20 de janeiro recebi uma mensagem às 7 da manhã: "Oi Vânia, acho que minha bolsa estourou". Trocamos algumas mensagens, liquido claro, cheiro característico mas tão leve que ela não tinha certeza... Ao longo da conversa concluímos que sim, era mesmo a bolsa! Então orientei para continuar observando e tomar um café da manhã gostoso e reforçado.

Viva! Foi dado o sinal de que o bebê está começando a se aprontar para nascer!

Também orientei para mais tarde passar na maternidade (da qual ela é vizinha), auscultar o bebê (por que ela disse que ele não estava mexendo muito, mas nesse horário do dia ele sempre foi mais quieto...). Passar por uma consulta ainda facilita na hora da internação porque aí o cadastro já está feito...

Ela também contou que estava com torcicolo desde a noite anterior! Recomendei que procurasse um atendimento com fisioterapeuta pra dar uma melhorada nisso, porque trabalho de parto com torcicolo já complica né?

Ao longo da manhã continuamos trocando mensagens, ela passou pela maternidade, foram ao consultório do médico buscar uma  receita de antibiótico para começar a tomar ( pq o exame de strepto dela tinha dado positivo), e ela conseguiu passar por uma fisioterapeuta. O pescoço já estava melhorando.

Às 3 da tarde ela disse que as contrações tinham começado, estavam mais ou menos de 10 em 10 minutos e passavam rápido, uma dorzinha nas costas. Perguntou sobre o uso da bola e chuveiro, respondi que sim, mais para descansar as pernas, para estar com mais energia quando as contrações ficassem mais fortes e próximas.

E às cinco da tarde já estavam de cinco em cinco minutos e durando 40 segundos. Tudo se encaminhando muito bem!

Na maternidade haviam recomendado que ela voltasse mais tarde para monitorar o bebê (os batimentos cardíacos). Recomendei que ela fizesse isso logo após a troca de plantão, assim já seria atendida pela enfermeira plantonista da noite.

Às 18h15 recebi uma mensagem do João: "Oi Vânia, as contrações estão mais próximas e ela pediu pra vc vir".

Cheguei 18h30, encontrei-a na sala, ajoelhada e abraçada na bola de pilates. Essa posição é praticamente uma unanimidade entre as mulheres em trabalho de parto. Já vi até nascer nessa posição. :)

Ficamos mais um pouco, ela tomou açaí, e logo as contrações começaram a vir de dois em dois minutos. Fomos nos preparando para ir para a maternidade.

Eles tinham planejado ir à pé e assim foi feito! Duas quadras até chegar à recepção, e mais um corredor bem comprido até chegar ao elevador que nos levaria ao terceiro andar.

20h00 - Chegando lá, atendimento cuidadoso, avaliação inicial, 8cm! Sorrisos e incentivos, banheira enchendo.

 Malas chegaram (as malas sim, deram a volta na quadra no carro. :)

Internação feita, espera respeitosa pelo tempo natural, água quentinha, banho de imersão, alívio, relaxamento.

Sinais de partolândia, Carolina dizendo que está se sentindo "meio aérea".

Sim, tudo bem, faz parte do amolecimento do corpo para o bebê poder passar pro lado de cá!

João ligou pra mãe dele e pediu pra ela mandar um café forte. Vantagens de estar perto!



22h45  eu e a enfermeira tivemos a impressão de que estava muito muito perto de nascer. Obstetra e pediatra foram chamados, às 23h00 já chegaram, ficaram por perto, algumas contrações com puxo (mãe fazendo força pro bebê nascer), as contrações deram uma espaçadinha.



Com tranquilidade, médico e médica saíram do quarto, ninguém falou nada sobre pressa nem relógio correndo... se a mãe está bem e o bebê está bem, a espera faz parte do cenário.











A enfermeira se aproximou e orientou Carolina a, dentro da banheira, ficar de pé e ficar de cócoras algumas vezes, pra ajudar o bebê a descer. Eu teria demorado um pouco mais pra fazer essa intervenção, mas Carolina aceitou, levantou-se com facilidade, fez as posições orientadas pela enfermeira, e daí a pouco o bebê apontou no períneo.





Médicos foram chamados de volta. Voltaram sorrindo, dizendo: "nossa, achei que ia demorar mais"...

Todos em vota da banheira, músicas tocando, ambiente sereno, Carolina puxando o lençol, em uma manobra para tirar a pressão do quadril e ao mesmo tempo dirigir a força para o centro, empurrando menos mas com mais eficiência.


Bebê faz a passagem sem pressa.

23h51 - Nasceu!

A enfermeira olhou o relógio quando a cabecinha passou, e quando olhou de novo já tinha nascido o corpinho todo!

- "Aaaaaaaaaaah, não vi nascer"!

E assim, com todos sorrindo em volta, ao som de "Somewhere over the rainbow" , Davi estreou nesse mundo, sendo recebido pelos braços da mãe e sob o olhar amoroso do pai. Na água quentinha como tinha sido planejado e o universo abençoou.

Davi seja sempre muito bem vindo! Que seu tempo seja sempre respeitado como foi seu nascimento, e sua vida repleta de bençãos! Saúde!

Carolina e João, muito obrigada por terem confiado na sua natureza, na sua capacidade de abrir e deixar o Davi passar, na sua capacidade de apoiar e incentivar. Juntos vocês trabalharam com perfeição.

Um grande abraço!

Vânia Doula.












terça-feira, 3 de maio de 2016

Carla e Aender recebendo Gabriela


Carla foi ao meu consultório no dia 21 de out de 2015 para falarmos sobre doulagem. Ela estava frequentando uma turma de yoga para gestantes, mas a doula desse grupo estaria de férias em dez e janeiro, e Carla completaria 40 semanas no dia 02/01.

Ela estava no início do terceiro trimestre de gestação, e contou que a primeira filha - Isabela - havia nascido em uma cesárea, mas não com hora marcada. A bolsa havia rompido e em seguida ela começou a ter contrações e foi para a maternidade. Chegando lá o médico informou que ainda demoraria um pouco para a bebê nascer e perguntou: quer fazer cesárea agora ou quer ficar sofrendo igual essa aí no quarto ao lado"?

Diante de uma recepção tããão incentivadora... :P ela aceitou a cesárea. Mas agora havia assistido alguns filmes, estava frequentando a yoga e o assunto parto natural e humanizado era uma constante.

Apresentei meu jeito de trabalhar, como ajudo na preparação para o parto e amamentação, os valores... e Carla me contratou. Passamos então a fazer reuniões na casa dela, pela manhã, semanalmente. Algumas reuniões mais tranquilas e outras mais corridas por causa do término da greve dos bancos, e a necessidade de compensar horas. Mas tivemos tempo suficiente, assistimos filmes, fizemos o plano de parto e a oficina de parto. Em uma das reuniões fizemos um relaxamento dirigido e a filhinha dela também estava lá. Enquanto Carla praticava as respirações e visualizações, a Isabela também foi ficando mais tranquila, mais tranquila... e dormiu no tapete! :D




Fui à casa deles também em um sábado, para conhecer o Aender, que na época trabalhava em outra cidade e vinha aos fins de semana. E eles também foram ao hospital/maternidade em outra tarde de sábado, para conhecer as instalações onde seriam atendidos no dia em que Gabriela resolvesse que era tempo de nascer.

Semana de Natal, eu e minha família passando uns dias em uma chácara um pouco afastada da cidade. Tempero especial: dia 24/12  perto da meia noite, eu mandando mensagem:

"Aeeeee Bom Nataaaaal! Estamos sem energia elétrica e a bateria do meu celular vai acabar. Se precisar ligue no do meu filho"...

E ela respondeu: "caramba! Obrigada!"

rsrsrsr




Dia 30 trocamos umas mensagens. O médico havia pedido um ultrassom, estava marcado para a segunda-feira dia 04/01 e ela observou: "isso se não nascer né"?




Avisei que iria a uma meditação em Araraquara, mas a minha meditação é de doula... rsrsrsr... de hora em hora eu vou olhar se tem alguma mensagem que precisa ser respondida. Eu estaria lá das 20h00 às 2 da manhã, mas se precisar eu volto. Realmente estava uma noite maravilhosa, e a meditação de fim de ano, fim de ciclo, e recomeço foi linda!



Carla enviou mensagens pelo zap às 5h26 mas eu não acordei, tinha ido dormir tarde... As contrações estavam de dez em dez minutos e ela estava se sentindo bem. Eu sempre aviso para não confiar em mensagens... Então quando as contrações ficaram um pouco mais próximas e fortes eles me ligaram, às 7h50. Pulei da cama e me aprontei o mais rápido que pude. Me lembro de pegar um atalho por uma passagem pela linha do trem, e ao virar a esquina comecei a pensar: se tiver trem passando vou ter que fazer uma volta, vai acabar mais me atrasando mais... mas não tinha trem. Cheguei rápido.

Carla estava bem calma, na sala de sua casa, estava pedindo algo para beber, contou como tinha sido a noite, que ela estava sentindo as contrações há bastante tempo mas não acordou ninguém até as 6 da manhã. Ficou respirando e relaxando, lembrando da preparação. Agora o Aender e também a irmã dela estavam arrumando tudo que ela precisava para continuar relaxada e confiante. A filhinha, Isabela, estava na casa da avó.


Comecei a observar as contrações às 8h40, outra 8h42 e aí os intervalos aumentaram: 8h48, 53, 59, 9h08 (quase 10 minutos). Em volta, a irmã e o marido comentavam que só deu ter chegado as dores tinham diminuído... Carla deitou-se no sofá e tirou uns bons cochilos.

É importante estar tranquila quanto à isso. A chegada de qualquer pessoa nova no cenário do parto pode fazer com que as contrações se espacem um pouco. Então precisamos esperar mais de uma hora pra ver se as contrações voltam a se aproximar.

Exatamente uma hora depois as contrações voltaram a se aproximar: 9h40 9h43 9h45 e assim se mantiveram... próximas, cada vez mais fortes e durando mais tempo.

Carla foi pro chuveiro e também aceitou tomar um suco com açúcar para manter a energia em alta.

Às 10h05 uma contração maaaais duradoura e bem mais forte, me trouxe a impressão de que já poderíamos nos encaminhar pra maternidade. Esperar mais poderia tornar o caminho muito "sofrido".

Então começaram a levar as malas para o carro enquanto ela saia do chuveiro e a irmã a ajudava a colocar um vestido.

Na garagem uma contração longa e forte antes de conseguir entrar no carro, e a família calma em volta, esperando pra vê-la saindo em direção ao hospital.

No caminho algumas contrações. Às vezes parávamos, outras vezes com contrações mais leves, o Aender só diminuía bem a velocidade mas continuava em movimento. A última parada foi a menos de duas quadras da maternidade, e mesmo assim é importante parar e esperar passar.



Eu já tinha avisado a equipe de plantão que estávamos a caminho, e a recepção liberou nossa subida rapidamente, mas tinha uma enfermeira na recepção, que provavelmente estava sem trabalho por ser feriado... ela veio ver o que estava acontecendo e ao ver Carla tendo uma contração pediu para outra pessoa trazer uma cadeira de rodas. Eu falei que não, e ela completou que era melhor trazer uma maca. Daí eu falei que NÃO, de jeito nenhum... isso foi engraçado. A pobre da enfermeira fazendo o possível pra atender bem e a doula colocando o pé na frente... e ainda não tinha acabado.

Fomos andando pelo corredor em direção ao elevador, porque subir pelas escadas a essa altura pareceria uma doula torturadora? rsrsr Mas no corredor a enfermeira super solicita ia fazendo perguntas fofas: é o primeiro filho? como vai chamar? que horas vc começou a sentir dor? (E essa não era a enfermeira que atenderia o parto. Era apenas uma tentativa desastrada de ser agradável e atenciosa). Então eu gentilmente cutuquei o braço dela e fiz sinal pra parar de fazer perguntas pq fazer uma mulher em trabalho de parto responder questionário não é uma boa ideia).

Oh Deus, eu e minhas diretas! Mas tenho fé que um dia irão entender que tudo que uma mulher com contrações próximas e fortes NÃO precisa é de de alguém tentando ser fofa/atenciosa e puxar conversa!

Bom, então entramos no elevador: a Carla, eu, a enfermeira e acho que o maqueiro, que estava atenciosamente empurrando uma cadeira de rodas atrás da Carla.

Importante saber que isso não costuma acontecer nessa maternidade, e que foi apenas um "brinde" pelo fato do parto estar acontecendo em um feriado e o ambulatório estar vazio... :)

Subimos para o terceiro andar, onde fica a suíte de parto, um quarto amplo, com cama de casal, banheira que pode ser utilizada para relaxar/aliviar e para o bebê nascer na água se a mãe assim desejar.

Carla foi muito bem atendida pela enfermeira obstetra plantonista, e foi feito o exame de cardiotocograma: 20 minutos durante os quais o aparelho registra as contrações e a força delas, ao mesmo tempo em que registra os batimentos cardíacos do feto. O resultado foi enviado para o médico, que autorizou a internação.



Então ajeitamos tudo para continuar apoiando, Aender desceu para assinar a internação, subiu com as malas, arrumamos tudo, colocamos música para tocar. Achei no youtube uma seleção linda de músicas da Enya, que a Carla gostou. Toquei umas cinco vezes (não seguidas, óbvio) a Only Time, e essa música nunca tinha me chamado a atenção antes desse parto.


Ao longo do dia às vezes escutávamos fogos de artifício. Ríamos pensando na beleza de sempre ter uma aniversário cercado de alegria e festa. Tempo de nascer, tempo de renovação!

Gabriela à caminho.


Carla sentiu puxos um pouco antes de estar com a dilatação completa, mas na maioria das vezes conseguia segurar a vontade de fazer força.

Ela revezava entre caminhadas, descansadas, chuveiro, e bola. No final da tarde começou a ter puxos mais fortes. e a bolsa começou a ficar aparente. Nessa parte sem o exame de toque é muito difícil saber se o que está aparecendo é só bolsa com líquido ou se a cabecinha está logo atrás. Então chamamos a enfermeira para verificar e ela veio, com muita delicadeza, verificou e disse que sim, a bebê já estava quase ali.



Saiu para chamar a equipe. Carla se ajeitou na banqueta, e o Ander sentado atrás dela, apoiando suas costas. Assim ela estava quando o Dr Rogério chegou e sentou-se à sua frente, e a pediatra de pé ao lado, observando calmamente.



Fiz o lençol com nós para ela puxar durante as contrações, o que alivia a pressão no quadril e direciona a força para baixo.

Gabriela quase nasceu dentro da bolsa, mas ao passar metade da cabecinha a bolsa rompeu e ela veio, linda e tranquila para o colo de sua mãe, sob o olhar amoroso de seu pai, e assim ficou. Contato pele a pele e olho no olho com seus pais. Criança recebida calmamente, com todas as honras que esse momento merece!

Nasceu às 18h10 mais ou menos.

Em seguida ajudamos Carla a se deitar na cama, a bebê foi examinada pela pediatra e sob o olhar atento do pai, e em seguida voltou para o colo da mãe. Mamou muito bem!


A placenta veio logo, e assim o parto terminou. Intenso e tranquilo!

Fiquei até as visitas começarem a chegar. A essa altura os fogos de artifício já estavam mais frequentes. Fui para casa pensando em 2016: que venha cercado de luz amorosa!


Carla e Aender, mito obrigada pela confiança! Foi uma honra acompanhá-los na chegada da Gabriela. Que o tempo possa nos contar muitas coisas boas, sempre, assim como foi no dia do nascimento dela!

Parabéns à nova formação da família!

Carimbo da placenta







terça-feira, 5 de abril de 2016

Marília e Adriano recebendo Ivan

Marília entrou em contato comigo no dia 30/11, após ter conversado com a equipe que estava contratando para atender seu parto e terem percebido juntas que tinha ali uma trava que talvez uma doula/psicóloga pudesse ajudar a resolver.

Esses atendimentos são muito interessantes porque uma psicóloga que não entenda o mecanismo do parto pode ter dificuldade de reconhecer essas travas, e uma doula que não tenha prática nas técnicas psis corre sério risco de entrar em uma abordagem errônea.

Marcamos então um encontro para o mesmo dia em que ela viria a São Carlos para uma consulta de pré-natal. Marília e Adriano vieram e contaram as facilidades e os obstáculos que estavam encontrando no planejamento de um parto domiciliar, e conversamos um pouco sobre as travas, as questões emocionais que Marília estava tendo mais dificuldades para resolver. A principal dizia respeito a uma das coisas que sempre recomendamos a qualquer mulher que se prepara para um parto natural: não divulgar o tempo de gestação para a família e amigos, para não sofrer a pressão pela cesárea caso a gestação chegue ou ultrapasse as 41 semanas. Por mais que saibamos que se pode esperar até 42 semanas, ter o telefone tocando o dia todo com pessoas queridas perguntando se já estão vendo sinais de que o parto já começou...  não ajuda ninguém a relaxar e esperar o tempo do bebê!

Nesse dia apenas conversamos bastante, e fiquei de enviar cópia do meu contrato de doulagem para eles analisarem. Marília enviou o endereço de e-mail e eu demorei uns dois dias para responder porque atendi um parto naquela semana e me atrapalhei toda com os e-mails! :P

Enfim, consegui enviar o arquivo, e na semana seguinte ela enviou mensagem dizendo que me contratariam. Então marcamos um dia pra eu ir à casa dela - 15/12 - em Tambaú, e fizemos duas sessões seguidas, para aproveitar melhor a viagem. Falamos sobre parto, histórias de parto, assistimos videos, tiramos dúvidas, e na segunda sessão apliquei uma técnica de redescoberta de pontos de força emocional, superação, coragem, persistência. Marília teve um desempenho excelente!


É preciso dizer que nesse meio tempo as enfermeiras também haviam tido uma conversa sobre providencias a serem tomadas para o parto: não as providências materiais, mas sim as comportamentais. Esclarecimentos necessários sobre como seria o dia do parto. E nessas providências Marília também obteve aproveitamento excelente. Pegou seu parto em suas mãos, tomou as rédeas da situação, deixou a menininha para trás e ativou a mulher adulta e responsável por suas decisões.

Adriano a apoiava em tudo, e estava sempre presente fazendo sua parte nessas providências.

Na semana seguinte, anterior ao Natal, Marília deveria fazer um ultrassom, e por causa dos feriados ela não conseguia marcar em lugar algum. Depois de muita conversa pelo zap uma das EOs conseguiu marcar um encaixe em São Carlos, na segunda-feira dia 28 às 13h30.

Assim chegamos à semana que antecedia o Natal, com um ultrassom marcado para a segunda seguinte.

Nesse ponto temos apertos típicos de vida de doula que tem que viver colada ao celular: eu passaria a semana do Natal em uma chácara alugada pela minha família. Aí me dei conta de que não sabia se o celular pegaria sinal lá. Então combinei com a Marília que eu passaria todos os números de celular de quem estivesse lá... e pedi que ela ligasse se precisasse de alguma coisa, e não confiasse em mensagens ou zap. 

Chegando na chácara, percebi que não só o sinal de celular era muito bom como isso também fazia com que o zap carregasse normalmente, embora consumisse meus créditos com rapidez. :P 

Noite de Natal, eu estava indo colocar o celular pra carregar e... puf! acabou a energia! Primeira providencia: procurar um celular com bateria completa. Segunda providencia: avisar a Marília que o meu celular ia desligar e que se houvesse necessidade ela ligasse pro número que eu estava passando. 


Energia voltou antes da meia noite, mandei Feliz Nataaaaaaal... :) Dia 25 tranquilo, Marília enviando mensagens de que o tampão estava soltando. Eu e as parteiras respondemos que relaxasse, tampão pode inclusive formar outro, não é um sinal forte de TP eminente... Ela mandou também um vídeo do bebê Ivan mexendo muito dentro da barriga, fazendo ondas no vestido de festa. Lindo!

Manhã do dia 26, saí da chácara pra ir alimentar meus pets em casa. Esqueci o celular pra trás. Liguei pro meu irmão, falei pra ele ficar com o meu celular por perto, eu voltaria em menos de uma hora.

Quando cheguei de volta na chácara ele falou que Marília tinha mandado mais uma foto de tampão, ele nem me ligou avisando. (A esposa dele também está gestante, ele tem acompanhado esses assuntos se preparando para o nascimento do filho). Fiquei muito feliz com a tranquilidade dele!

10h55 uma mensagem diferente: "tá vazando um pouquinho de líquido, não sei se é bolsa".

Parteiras então combinaram de passar pra vê-la mais tarde no mesmo dia. Recomendaram relaxamento.

11h05 ela mandou uma mensagem maior: "deu uma dor e fez um Tum! saiu líquido e mais tampão".

Parteira recomendou colocar um pano ao invés de absorvente pra ter ideia da quantidade de líquido.

Marília responde que está tendo contrações e enquanto elas duram sai mais líquido. "Está doendo um pouco mais". Disse que estava sozinha em casa, então pediria que Adriano voltasse do trabalho pra casa.

Avisei meu pessoal que provavelmente sairia pra atender parto, pra eles acelerarem um almocinho pra mim, e fui tomar banho e me aprontar. Quando sai do banho tinha uma ligação perdida do Adriano.

Retornei, ele disse que as contrações estavam ficando próximas mas não sabia dizer quão próximas. Pedi pra marcar quantas contrações teria em dez minutos e fui almoçar, dessa vez colada mesmo ao celular.

Shirley ligou e falou que achava melhor nos colocarmos a caminho, conversamos um pouco, acabei de almoçar e fui buscá-la, nos colocamos na estrada. Shirley nem tinha almoçado, estava com um cacho de uvas dentro de um potinho e foi comendo pelo caminho enquanto trocava mais mensagens com o casal.

Nem peguei meus apetrechos de doulagem, óleos de massagem, bolsa de água quente,... sendo PD tinha certeza que conseguiria me virar sem essas coisas. Só levei roupas pra trocar caso me molhasse no chuveiro ou banheira de parto.

14h39 uma mensagem do Adriano: "vem logo meninas, o bixo tá pegando aqui"!

Na estrada demos muita risada quando peguei uma rota que Shirley nunca tinha feito. Num parto anterior eu me perdi na volta pra casa, só faltava dessa vez me perder na ida! Mas não era o caso.

Chegamos em Tambáu, um pouco depois da Juliana, que nos recebeu no portão dizendo: "vai ser rápido"! (acredito que chegamos às 15h15).

Marília bem concentrada, sentada na cadeira ao lado de sua cama, nos cumprimentou sem sorrir. Veio uma contração, ela apoiou as mãos no braços da cadeira e levantou o corpo, vocalizando baixo e pareceu que fez força. Eu e Shirley ficamos com ela enquanto Juliana e Adriano acabaram de ajeitar a banheira no quarto que seria o do Ivan, e a colocaram pra encher.

Depois de mais duas contrações com Marília levantando o corpo e fazendo força, incentivei que ela fosse pra banqueta pra não ficar com muita dor nos braços no dia seguinte. Ajeitei a banqueta dentro do box do chuveiro, mas ela não achou uma boa ideia, então a banqueta foi colocada em frente ao vaso sanitário, onde me sentei sobre a tampa, ela sentou-se na banqueta, e poderia se encostar em mim e relaxar durante os intervalos. Nas contrações passei a pressionar as laterais do quadril e ela disse que aliviava a dor.

Banheira enchendo, Adriano e Juliana agora também estavam por perto e traziam tudo que ela precisava: compressa fria na testa (ideia da Shirley e muito bem recebida), água, pedacinhos de chocolate que Marília aceitava com relutância. Tivemos que insistir que ela precisaria de força na reta final e então ela aceitou uns goles de refrigerante e depois mais alguns de água de coco.

Ficamos assim, durante as contrações eu apertava seu quadril e ela puxava um lençol. Uma hora achei que tinha ficado pesado pra Shirley, também gestante, vi ela fazendo muita força, achei que não era uma boa ideia, pedi pro Adriano segurar o lençol. 

Pedi que alguém alcançasse meu celular pra colocar uma musica pra tocar, mas ela não quis. Concentradíssima!

Muito calor dentro do banheiro, alguém teve a ideia de abrir a janela, Marília foi contra porque poderiam ouvir as vocalizações dela, ficaria inibida... então trouxeram um ventilador que ela mandava ligar e desligar conforme as contrações iam e vinham.

Tem uma foto do Adriano segurando o lençol pra Marília puxar, um raio de sol incidindo bem na testa dele, ficou muito Jedi! 

Juliana avisou que a banheira já estava com um nível de água que daria pra entrar, Marília achou que não conseguiria andar até lá. (Não só conseguiu como entrou na banheira sem tanta dificuldade). Mas tenho que contar que quando ela teve uma contração no meio do corredor ela se pendurou no pescoço do Adriano e foi se apoiando nele. Como ele não cedeu ela tirou os pés do chão! Pensei achando um pouco de graça: entre todos os riscos do parto nunca mencionam quanto as costas dos acompanhantes sofrem... acho que pensei em voz alta porque ele respondeu! "as costas até que tudo bem, mas o pescoço"... 

Marília entrou na banheira, a água estava quente, enquanto ficaram com ela eu assumi a tarefa de trazer vários baldes de água fria até ficar numa temperatura mais agradável pra ela. A cachorra que até então estava quieta passou a rosnar pra mim toda vez que eu passava na cozinha. Também né? A dona dela vocalizando forte a cada contração que a esta altura estavam de dois em dois minutos, e uma desconhecida carregando baldes pela casa... tinha que rosnar mesmo!

Cochichei pra Juliana: Ju, vc já fez amizade com a cachorra? 
R) "Sim"!
eu: Então vai lá e fecha a porta da cozinha pra mim?! 

Depois riram muito da minha cara tá? Mas eu entendo a cachorra, realmente ela estava fazendo bem a parte dela! (E só rosnou, não mostrou os dentes).

Então a água estava boa, Marília se ajeitou na banheira. Alguém trouxe o aquecedor e o oxigênio pra esse quarto. Adriano, eu, Shirley e Juliana em volta da banheira, apoiando e auxiliando no que fosse preciso.

A fotógrafa amiga chegou, nos cumprimentou discretamente e começou a fotografar.

Nessa hora a Marília estava puxando o lençol e mesmo durante os intervalos ela continuava puxando. Não conseguia relaxar. Depois de uma contração eu fui soltando o lençol bem devagarinho, até ela se apoiar na borda da banheira. Assim que relaxei o lençol ela pediu pra levantá-la novamente. rsrsrsr

E agora sim, ela queria musica. Juliana pegou o celular dela e colocou sua playlist pra tocar.

Confiança para atravessar a fronteira - o tempo é de se entregar

Vôo do Beija Flor - de Elisa Cristal

Musica que tocava quando Ivan vinha nascendo

(Ó mãe natureza abençoe os filhos teus... parteiras e eu cantando juntas... ficou meio difícil de cantar e não chorar, eu amo essa música!)

Marília precisou de um apoio mais forte, Adriano foi se inclinando quase dentro da banheira, Shirley o incentivou a entrar. Vai junto, vai ser bom!

Ele entrou e à princípio ficou meio desajeitado, mas no intervalo seguinte conseguiu colocar-se forte e firme, dando todo o apoio necessário.

E assim, na água, mais 4 corações femininos em volta, e um masculino, e Ivan chegou. A principio só com a cabeça pra fora abriu os olhos e deu uma boa olhada em volta, e então veio...  do ventre de sua mãe direto para os braços de seu pai. Lindo, saudável, em paz!

Nasceu 16h48.

Ficaram por vários minutos se curtindo, os 3, com as parteiras olhando cuidadosamente. Quando a água poderia começar a esfriar eles foram incentivados a sair. Todas ajudamos com toalhas e apoio, e assim com o filho nos braços, Marília voltou para a sua cama, já forrada com lençol plástico e um lençol absorvente. Ali ela ficou mais alguns minutos, até a placenta sair e o cordão ser cortado.

Família em paz e se conhecendo, Marília dizendo que estava com fome. Fui até a cozinha, achei uma sopa, esquentei e levei pra ela. Ela disse que preferia um churrasco e ficava dizendo: "nossa, que fome!"

Depois de tomar um banho, mais um prato de comida, que foi carinhosamente servido pela fotógrafa.



E enquanto isso Adriano agora papai curtindo como é ter um bebê na barriga.



Rimos muito quando Adriano, depois do nascimento, saiu da banheira e foi até a cozinha, tirou a carteira do bolso encharcado, e começou a colocar tudo pra secar... kkkkk mais uma coisa pra gente prestar atenção: quando for entrar na banheira verifique os bolsos!


Carimbo da Placenta

Parto lindo, poderoso, rápido mas não rápido demais. Tudo perfeito.

Marília e Adriano, agradeço imensamente a confiança no meu trabalho. Foi uma honra e uma glória acompanhá-los na chegada do Ivan.

Que muitas bençãos recaiam sobre vocês.

Grande abraço,


Vânia - doula feliz! 

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

OFICINAS DE PARTO, AMAMENTAÇÃO E PRIMEIROS CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO



OFICINAS DE PREPARAÇÃO PARA O PARTO, AMAMENTAÇÃO 
E PRIMEIROS CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO, 

com Vânia C. R. Bezerra e Tatiana Nagliati, Psicólogas, Educadoras Perinatais e Doulas desde 2005.

Em São Carlos dia 16 de janeiro, sábado, das 13h30 às 18h00.
End: Rua Jesuíno de Arruda, 1228 Jardim São Carlos. (a 6 quadras do cruzamento da Jesúino de Arruda com a José Bonifácio.)
As oficinas tem como objetivo facilitar a aprendizagem através da prática, da simulação e da troca de experiências. Saindo do estudo puramente teórico e obtendo maior segurança emocional
para um parto, amamentação e puerpério mais tranquilos.




OFICINA de PREPARAÇÃO para a Amamentação e Primeiros Cuidados com o Recém-nascido: 
das 13h30 às 15h30.

Conteúdo: pega correta, como prevenir os problemas mais comuns e como resolvê-los caso apareçam; o que o acompanhante pode fazer para promover e facilitar a amamentação e o vínculo entre mãe e bebê. Primeiros cuidados: curar o umbigo, trocas, banho, cólicas, técnica para desengasgar o bebê, prevenção de problemas mais comuns.
OFICINA DE PREPARAÇÃO PARA O PARTO -Das 16h00 às 18h00 -



Conteúdo: fases do trabalho de parto, posições que facilitam a descida do bebê, como o acompanhante pode ajudar, como a doula pode ajudar, como podem trabalhar em conjunto. O que evitar para não atrapalhar. Técnicas naturais de alivio da dor.
Investimento: 120,00 cada oficina, com direito a um acompanhante. (mais 50,00 por cada acompanhante extra).
Para fazer as duas oficinas: $200,00 (pagamento antecipado)
Inscrições com Vânia Bezerra - vaniacrbezerra@yahoo.com.br
ou com Tatiana Nagliati - tatiananagliati@gmail.com

Importante: comparecer com roupas confortáveis, que te permitam ficar de cócoras e sentar-se no chão. Também vamos ficar descalços. Para a oficina de amamentação e primeiros cuidados, se possível levar uma boneca e um cueiro ou cobertorzinho.
Mais informações com Vânia - (16)99794-3566 (também pelo whats).