Quem sou eu

Minha foto
São Carlos (cidade natal), SP, Brazil
Sou formada em Psicologia pela UFU em 1996, fiz Aprimoramento Profissional em Psicologia Hospitalar pela PUC/Camp em 1998, formação de Educadora Perinatal pelo Grupo de Apoio à Maternidade Ativa em 2004, e Curso de Extensão em Preparação Psicológica e Física para a Gestação, Parto, Puerpério e Aleitamento pela UNICAMP em 2006, onde neste mesmo ano, participei da palestra "Dando à luz em liberdade - Parto e Nascimento como Evento Familiar" com a parteira mexicana Naolí Vinaver Lopez. O que é uma doula? Uma mulher experiente que serve (ajuda)outra mulher durante o trabalho de parto e o pós-parto. Fui doula por 18 anos. Sigo agora como psicóloga atendendo em consultório particular na Vila Prado em São Carlos-SP Contato: vaniacrbezerra@yahoo.com.br (16) 99794-3566

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Tânia, Edson e Laura -17/07/2010

Tânia fez parte de uma fase muito especial da minha vida de doula. A da transição! Ela foi uma das ultimas que aceitei acompanhar desde o início da gestação. Quando comecei ir na casa dela a barriga mal tinha começado a aparecer. Eu ia mais ou menos uma vez por mês, e assim as dúvidas tinham bastaaaante tempo para serem trabalhadas e sanadas, os medos superados.


Quando ela estava ali pelos seis meses de gestação eu já passei a acompanhar gestantes somente com mais de 32 semanas, com 3 ou 4 reuniões para falarmos sobre parto e mais uma oficina de parto para uma revisão geral com prática do relaxamento e posições mais confortáveis.

Então, com a Tânia eu tive um contato mais prolongado, nos falamos muitas vezes por telefone e trocamos muitos e-mails também. Durante o segundo e terceiro trimestre da gestação da Laura, o Edson foi para a Europa (não me lembro para qual instituição) para fazer o doutorado. Ficar “sozinha” durante parte da gestação não foi fácil, mas Tânia foi se superando semana a semana.

Um dia me ligou nervosa porque tinha levado um tombo. O médico dela, Dr. Rogério não estava na cidade. Então liguei para a Dra Carla e avisei que a Tânia, paciente do Rogério, talvez ligasse para ela. Não haveria nenhum motivo para preocupação, não fosse pela impressão da Tânia de que a bebê estava se mexendo bem menos depois do tombo. Então ela foi até a maternidade para fazer um cardiocotograma, cujo resultado foi excelente, e Tânia voltou para casa mais tranquila.
Ela chegou a cogitar o parto domiciliar, falava muito de sua casa própria que estava quase pronta, e da mudança que ela faria com a ajuda da mãe e das irmãs, já nas últimas semanas de gestação.


Tânia também foi sozinha a uma oficina de parto, a cuja apostila o Edson recorreu quando chegou. Ele voltou quando ela completou 38 semanas, e então Laura podia escolher o dia que quisesse para nascer.

Passou mais uma semana...

E um grande estresse para o casal, que a poucos dias do parto, descobriu que o convênio tinha zerado as carências quando fizeram a migração de aluno de mestrado para doutorado (foi isso mesmo?), e então eles teriam que pagar pelo parto particular se quisessem escolher o médico. Seria isso ou aceitar se colocar na mão de um plantonista. E eu já tinha avisado nas reuniões do GAPN que não doularia pacientes do SUS novamente. Nunca mais, MESMO!  Já falei que se tem médicos que não querem me ver nem pintada de ouro, o sentimento é reciproco, e eu me recuso a ligar o meu nome a qualquer um que se formou em obstetrícia e nunca mais estudou na vida. Pior... só estudam técnicas novas de cesárea, no esquema de quanto mais rápido melhor!

Bom... voltando ao assunto “parto com amor porque parto com respeito pela fisiologia feminina”.... Tânia e Edson decidiram pagar pelo direito de escolher e depois tentar reaver o dinheiro pelos caminhos legais. E voltamos a esperar que Laura ficasse com vontade de nascer. Enquanto isso o casal ia arrumando a casa nova e matando saudades.
Tânia me ligou às dez da noite do dia 14 para passar o endereço novo e dizer que estava com contrações de meia em meia hora mais ou menos. Não sentia dor, apenas o desconforto da barriga ficando muito dura.


Na sexta, dia 16, ligou à uma da tarde e disse que sentiu uma dor bem embaixo, como uma cólica, e quando foi ao banheiro saiu uma coisa verde. Ligou para o médico e um pouquinho mais tarde foi até a maternidade para que ele a avaliasse. Ele mesmo me ligou logo depois dizendo que era o tampão. Estava tudo bem e ela estava voltando para casa.

Laura quis nascer em um sábado. Tânia me ligou às 9 da noite e avisou que a bolsa tinha rompido e tinha saído muito líquido verde e também muito sangue (muito sangue pode ser sinal de problemas ou de dilatação avançada).

- “O que eu faço”?

Diante de que a bebê continuava se mexendo bastante eu disse a ela que não havia motivo para correria, mas que ligasse para o Dr Rogério. Por ela estar já com mais de 41 semanas poderia ser absolutamente normal, mas só o médico poderia dizer. Então ela ligou para ele, tomou um banho e foram para a maternidade. Fiquei pronta também, com tudo arrumado, a postos para sair a qualquer momento. Achei que estavam demorando muito para ligar e e então liguei para perguntar. O Edson me disse que ela estava terminando o tococardiograma e assim que o Dr Rogério falasse com eles, ele me ligaria. 

Ligou pouco depois, dizendo que estavam entrando para a cesárea. O que aconteceu foi que as contrações de repente ficaram muito longas, muito fortes e muito próximas – um quadro que se não me engano é chamado de taquisistolia – e a dilatação estava ainda muito pequena. A Tânia não sentia nenhuma dor mas o aparelho marcava contrações fortíssimas, confirmadas pela observação de que a barriga ficava muito muito dura.

Então: mecônio espesso mais taquisistolia, se a dilatação estivesse quase completa já seria um quadro “não tranquilizador”. Com a dilatação pequena então, era “nada tranquilizador”. A decisão pela cesárea foi tomada sem demora. E Laurinha nasceu muito bem, contando com a presença do pai.

Visitei o casal poucos dias depois, na casa nova. Foi muito legal porque eu já tinha marcado com eles pouco antes, e estava indo prá lá quando a Tânia me ligou, perguntando se podia me esperar para juntas darmos um banho na Laura. Claro!

Laurinha chorava muito, tomou complemento depois da mamada por alguns dias e era difícil saber se chorava de fome ou de cólicas. Era uma bebê difícil de ser acalmada. 

Quando cheguei a Tânia estava amamentando, e ficamos conversando, ela chorou um pouco. Tinha sonhado muito com seu parto, cogitou o parto domiciliar, o que mostra o grau de confiança que tinha adquirido na própria natureza. E então ter que lidar com a cesárea, ainda que necessária, pode ser muito doloroso. Então ficamos ali, trocando impressões... A cesárea existe e é muito bem vinda exatamente para estes casos, onde realmente há um motivo. Ainda levaria muitas horas para a Laura nascer de parto normal, e com o mecônio espesso e contrações muito fortes, longas e próximas... isso é esperado para o final do TP, não para o começo...



Laura terminou de mamar, o papai a colocou para arrotar, e depois demos o banho. Fazia já um tempinho que eu não dava um banho em um recém-nascido. O último tinha sido o Miguel, da Veruska, lá na maternidade! Parecia ter sido há muito muito tempo, quando os partos naturais ainda aconteciam dentro do Centro Cirúrgico... Dei o banhinho na Laura com aquele gostinho de saudade e de gratidão pelas mudanças que aconteciam e ainda acontecem em São Carlos... felizmente temos médicos que fazem cesáreas somente quando bem indicadas. E eu adoro o que eu faço!



Tiramos fotos, ajudei a limpar o umbigo, Laura mamou mais um pouquinho e dormiu. Então descemos para tomar chá. Os chás da casa da Tânia eram muito especiais! Delícia!

Conversamos bastante, e continuamos em contato depois. Tânia “digeriu” bem sua cesárea. A amamentação não foi fácil, assim como o fato da Laurinha não ser exatamente uma bebê calminha, e o Edson precisar voltar para terminar seu doutorado... tudo isso tornou o pós-cirúrgico mais conturbado. Mas Tânia foi descobrindo seus caminhos, abrindo suas trilhas, removendo as pedras... até que um dia o caminho se tornou mais tranquilo e as flores começaram a se abrir para ela!



Tânia, querida, muito obrigada por tudo! Você é uma vencedora, e tenho muita alegria por ter feito parte dessa história.  Você, Edson e Laura formam uma linda família.
Lembranças à sua mãe e seu sobrinho.
Um graaaaande beijo e um abraço enorme.
Vânia Doula.

____________
Vâniaaaaaa
Saudadesssss
Já te falei ne variass vezes, vc é muitooooooo especial em nossas vidas....

Ficou o lindo o relato e lembra mesmo todos os detalhes...uallllll. Pode publicar claro, e colocar fotos, e colocar nossos nomes mesmo...assim que tiver no blog vc me avisa? So uma coisa, eu não tive nenhuma dor nada, para amamentar a laura mamou assim que nasceu, porem é igual vc disse mesmo, ela não ficava quieta pra mamar agitada e chorava muitooooooo.

Obrigada por tudo, mande noticias...
Estou em ferias, assim que voltar vou te enviar fotos!
Beijo enorme
Tânia


quinta-feira, 7 de julho de 2011

Aida, Daniel e Beatrice – 14/06/2011

Conheci Aida nas reuniões do GAPN. Sabem do que eu mais me lembro? De uma vez em que Dra Carla não pode ir por estar atendendo um trabalho de parto, e na reunião alguém perguntou por que após o nascimento do bebê era para sair logo da água... respondi que só sabia que a Dra Carla pedia para sair e eu achava que era por causa de infecção... e a Aida falou que não era isso não, era preocupação com embolia, pela possibilidade do líquido entrar em contato com os vasos sanguíneos abertos e entrar na circulação. Viram como ter mulheres bem informadas é importante?


Então... me contrataram e eu ia à casa dela uma vez por semana. Ela e o marido me recebiam na hora do jantar, e ficávamos conversando enquanto eles jantavam... hehehe... como eu era boa de garfo nunca me recusei a fazer-lhes companhia e Aida cozinha muito bem! Depois do jantar assistíamos filmes e tirávamos as dúvidas sobre o dia P (de parto). 


O que eu anotei sobre a Aida para não me esquecer quando  a estivesse atendendo: “mania de limpeza” – não dorme se tiver louça suja na pia. Nunca vai ao banheiro fora de casa. Conversamos bastante sobre isso, que eu achava que poderia atrapalhar na hora do parto. Ela acabou dizendo que no dia do parto fecharia os olhos e só se preocuparia em parir sua filha. O que mais anotei: Aida fica extremamente irritada com mantra OM. Não tocar música de índio porque também não vai dar certo! Gosta de Rod Stewart, Elton John, Marisa Monte, Adriana Calcanhoto. Então, sem problemas! Ela adora massagens na nuca e ombros, e se classifica com “manhosa”. (“Grito mesmo com pouca dor”). Não gosta de bajulação. (“Seja firme comigo se for preciso”). Aida nasceu de parto normal, doze horas de TP, acelerado com ocitocina. 


De posse destas informações, a única coisa que continuava me preocupando era a mania de limpeza, e eu já me via dizendo a ela para deixar de frescura e parar de pensar no medo de se sujar na hora de fazer força... Booooom... chegou o dia P. 


Aida começou a sentir contrações no domingo. Conversamos algumas vezes por telefone. Ela foi a maternidade pois estava preocupada com a Beatrice. Durante a gestação, a Beatrice se mexia muito e durante o trabalho de parto ela parou de se mexer. Por isso fizeram o cardiotoco para saber se ela estava dormindo ou em sofrimento. Fizeram até o teste da buzina. Beatrice deu um pulo na barriga, coitada! Ela não estava em sofrimento e sim dormindo, rs. Que maneira mais indelicada de acordar a menina, pobrezinha!


Bem no finalzinho da tarde, perto das 18h00, eu fui até a casa dela. As contrações estavam ainda espaçadas, e eu fui para conversar um pouco. 


A irmã e a mãe dela estavam lá, e quando cheguei estavam providenciando um café com bolo. Aida até se sentou junto com a família e comeu um pouquinho, mas em seguida disse que estava se sentindo muito cansada e quis ir deitar-se um pouco. Fiquei por ali conversando com a família, e Aida conseguiu descansar por alguns minutos, mas logo se levantou dizendo que deitada as contrações doíam mais. Às dez da noite ela deveria voltar à maternidade para tomar mais uma “rodada” de antibióticos. E achamos que valia a pena saber a quantas andava a dilatação para saber se valia a pena voltar para casa. O toque revelou 4cm “apenas”, mas considerando que as contrações ainda estavam com intervalos maiores que 3 minutos, estava evoluindo muito bem. Aida optou por ficar internada, estava cansada e não quis voltar para casa para daí a algumas horas ter que voltar para a maternidade... então ficamos. E a dilatação evoluiu muito bem. Na metade da madrugada ela estava bem cansada, querendo se render. Lançamos mão de todos os recursos... ah! A banheira da maternidade tinha furado... mas eu tinha uma na minha mochila. Aida estava com calor, então saquei meu leque. E esquentei água para a bolsa de água quente nas costas... arrumei um lacinho para ela prender o cabelo, e depois uma touca de banho, quando ela quis entrar na banheira. Aida e Daniel apelidaram minha mochila de “bolsa do gato Félix”. Demos muita risada!


O dia amanheceu e ela estava com a dilatação completa, entramos na reta final, esperando mais um pouco para a Beatrice aparecer. Aida descansava nos intervalos das contrações, e quando elas vinham, abria bem a boca, relaxava e verbalizava AAAAA. (Nada de OooooooM, por favor! Kkk). Ficava de pé pendurada no pescoço do Daniel, sentava-se na banqueta de parto durante algumas contrações... teve uma hora que ela ficou de cócoras bem perto da cama  Dra Carla abaixou-se para ver se Beatrice não estava coroando. Quando se levantou deu uma baita cabeçada na cama, nossa... tenho certeza que ela viu um monte de estrelinhas naquela hora! Mas só abanou a mão sinalizando que estava tudo bem.


Algumas contrações depois Dra Carla disse para a enfermeira:- “Podem chamar o pediatra porque vai nascer”. Logo depois a bebê teve uma pequena desaceleração  no coração, mas bastou que Aida mudasse de posição para o ritmo voltar ao normal. Daí a pouco o pediatra, Dr. André, chegou, tudo estava preparado... 


Mais algumas contrações e Dra Carla disse: - “Aida, a bebê subiu. Ela estava aqui embaixo e voltou. Eu sinto muito mas já faz mais de 3 horas que a dilatação está completa”... A decisão foi tomada sem muita tristeza. Sabendo que tinham feito todo o possível e que chegamos ao limite da segurança, não havia porque esperar mais. Tudo começou a ser preparado para levá-la para a cirurgia, e sendo segunda-feira de manhã eu sabia por experiência que demoraria um pouco mais para estarem de volta ao quarto. 



Quando fui à visita pós-parto Aida estava passando uns dias na casa da mãe dela, e me receberam com alegria. Encontrei-a no quarto, amamentando, depois a avó veio trocá-la, e em seguida fomos ao quintal onde foi servido um cafezinho e ficamos conversando.

Família reunida


Contaram que a cesárea não foi tranquila pq a bebê não tinha subido tanto que fosse fácil tirá-la pelo abdômen, então foi preciso empurrá-la para cima para conseguirem tirá-la. Mesmo assim o Daniel ficou junto todo o tempo, e o pediatra deu uma força, tirou fotos e foi bastante atencioso. A pediatra que estava de plantão também ajudou, e a Beatrice logo se recuperou.



Beatrice. Que olhos lindos!




Aida declarou que apesar desse aperto no final, ela com certeza continuaria falando do GAPN para as gestantes que conhecesse, e numa próxima gestação tentará o parto natural novamente. Decisão tranquila de quem sabe o que é melhor, e tem certeza que a cesárea é um recurso valioso que deve ser utilizado quando há indicação, o que foi o caso, sem dúvida. 






Aida e Daniel, muito obrigada por terem me chamado. Como sempre, foi uma honra! 
A Beatrice está linda!


Beijos,


Vânia Doula.