Quem sou eu

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São Carlos (cidade natal), SP, Brazil
Sou formada em Psicologia pela UFU em 1996, fiz Aprimoramento Profissional em Psicologia Hospitalar pela PUC/Camp em 1998, formação de Educadora Perinatal pelo Grupo de Apoio à Maternidade Ativa em 2004, e Curso de Extensão em Preparação Psicológica e Física para a Gestação, Parto, Puerpério e Aleitamento pela UNICAMP em 2006, onde neste mesmo ano, participei da palestra "Dando à luz em liberdade - Parto e Nascimento como Evento Familiar" com a parteira mexicana Naolí Vinaver Lopez. O que é uma doula? Uma mulher experiente que serve (ajuda)outra mulher durante o trabalho de parto e o pós-parto. Fui doula por 18 anos. Sigo agora como psicóloga atendendo em consultório particular na Vila Prado em São Carlos-SP Contato: vaniacrbezerra@yahoo.com.br (16) 99794-3566

terça-feira, 29 de março de 2011

Contra o Fim do Curso de Parteiras da USP

Blogagem Coletiva - Carta de Apoio ao Curso de Obstetrícia da EACH-USP

A semana que passou foi intensa contra a redução do n° de vagas para o único curso de graduação que temos em Obstetrícia, pela Universidade de São Paulo-USP, campus Zona Leste, na Escola de Artes, Ciências e Humanidades-EACH.

Contamos c/ um abaixo-assinado que circulou pelas redes afora e duas manifestações - na Reitoria da USP e no MASP, ambas na capital paulista. Mulheres c/ seus filhos/as, nascidos/as pelas mãos de obstetrizes, profissionais, estudantes, alunos/as recém formadas em Obstetrícia clamaram NÃO a esta decisão anti-democrática, c/ vozes e peitos de fora!
Movimentação linda de se ver!
Pela internet muito se falou sobre o assunto, e, nós do Blog Parto no Brasil noticiamos diariamente as novidades e imagens desses atos, c/ orgulho e felicidade (e indignação, claro!).
Abaixo publicamos uma Carta Aberta em apoio ao curso de Obstetrícia, redigida e compartilhada na web e redes sociais, c/ assinaturas de outros veículos de comunicação virtuais, entidades e apoiadores da causa, pelo direito de partejar e nascer c/ respeito!
Publiquem em seus sites/blogs!!!
CARTA DE APOIO AO CURSO DE OBSTETRÍCIA DA EACH-USP
Nós, mulheres usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS), mães, profissionais das mais variadas áreas e entidades afins declaramos nosso apoio ao Curso de Obstetrícia da Escola de Artes e Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo – EACH-USP, que terá seu número de vagas reduzido e corre o risco, inclusive, de ser fechado, visto que o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) não reconhece a categoria e a USP por pressão e intimidação se posicionou em seu Relatório Estudos das Potencialidades, Revisão e Remanejamento de Vagas nos Cursos de Graduação da Escola de Artes e Ciências e Humanidades da USP considerando reduzir mais de 300 vagas, de diversos cursos.
Com indignação clamamos e lutamos contra esta ação, visto que o curso é o único no País a formar obstetrizes centradas nos cuidados integrais relacionados à saúde da mulher, especialmente em um momento único como o parto e nascimento de um filho, que é visto pelos atuantes deste ofício como algo fisiológico, próprio do corpo feminino, tendo a mulher como protagonista.
Uma formação desta magnitude é uma inovação, dado que o Brasil apresenta elevadas taxas de cesarianas eletivas, alcançado patamares como o 2º. País com os mais altos índices, seja no sistema público de saúde (cerca de 45%), ou no privado (cerca de 90%), mesmo a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendar um percentual de 15%, assim uma profissão centrada nas especificidades que uma gestante necessita é um ganho para a sociedade e para as futuras gerações, além do mais que já é uma vitória ter o Curso de Obstetrícia reaberto após 30 anos de sua exclusão, ocasionando cenários de violência institucional no atendimento ao parto e nascimento em várias regiões brasileiras, tratando os corpos femininos como templos do saber médico.
Pela continuidade do Curso de Obstetrícia da EACH-USP, pelo reconhecimento de nossas obstetrizes e pela arte de partejar!
Abaixo-assinamos,
Nome das entidades/grupos/coletivos/sites/blogs:
- Blog Buena Leche – Cláudia Rodrigues
Blog Parto no Brasil – Ana Carolina A. Franzon & Bianca Lanu
Blog Mamãe Antenada - Pérola B.
Blog Mães Empreendedoras - Vanessa Rosa
Blog MaternAtiva - Denise Cardoso
ciadasmães
Gesta Paraná - Patrícia Merlin
Grupo Curumim - Paula Vianna
Hugo Sabatino
Kika de Pano - Bruna Leite
Mamíferas - Kalu Brum
What Mommy Needs – Carolina Pombo
-Parir é natural - Carla Andreucci Polido

- GestarBemPariremPaz - Vania C. R. Bezerra

- Grupo de apoio ao Parto Natural em São Carlos/SP - Tatiana Nagliati

- Grupo GestarBemInterior-SP - Andréia L. R. Bezerra

domingo, 20 de março de 2011

Viviane, Marcelo e Pedro - 20/03/2010

No dia anterior eu e Dra Carla havíamos acompanhado o parto da Veruska. Saí da maternidade perto da hora do almoço e fui terminar de ajustar a palestra que eu daria no dia seguinte. Acrescentar algumas fotos, mexer nos designes dos slides... já estava tudo pronto, era só questão de caprichar um pouco mais... Dormi um pouco à tarde, tomei um banhão gostoso e fui para o I Simpósio de Humanização do Parto em São Carlos. Assistimos Dra Melânia Amorim e Dra Ana Paula Caldas falando sobre as melhores evidências científicas existentes sobre o atendimento ao parto e à recepção do recém-nascido.

Se fosse necessário resumir o que é mais importante no atendimento nível A em uma frase, essa seria: se está tudo bem não mexa! Ou seja... o sorinho para ajudar, empurrar a barriga para ajudar, cortar para ajudar... isso tudo mal utilizado tem produzido muitas mortes!

No final da noite fomos a um jantar com as palestrantes do evento e também muitas das chamadas "militantes" do parto humanizado. Estava uma delícia! O ambiente alegre, meu assunto preferido predominando nas conversas, muitas histórias de como cada uma de nós descobriu a Medicina Baseada em Evidências Científicas... enfim, eu estava "nadando de braçada" na água que eu gosto de beber... maaaaaas... fiquei com sono, e eu daria uma palestra na manhã seguinte! Então, a uma da manhã chamei um táxi e fui pra casa. Quando estava me deitando recebi uma mensagem da Viviane:

- "Oi Vânia, estou tendo contrações a cada 10 minutos mais ou menos, com duração de 30 a 45 segundos. O que você acha? Beijos, Vivi" 01:37

R) Que bom! Vivi, as coisas podem desencadear nas próximas horas. O melhor a fazer agora é tentar se manter tranquila e descansar.

- "Eu estou bem! Em que momento te ligo"?

R) Quando estiver de 5 em 5 minutos, ou antes se vc já quiser ajuda.

- "Ok. Beijos".

Depois ela disse que não quis me ligar para não acordar minha família inteira... se eu estivesse acordada escutaria a mensagem chegando. Bem pensado!

Muito feliz por estar num mundo onde pelo menos alguns  bebês podem chegar sem dia e hora marcados, arrumei a mochila com as coisas de doulagem, coloquei junto o pen drive com a palestra, e fui dormir. Seja o que Deus quiser... esse é o mundo que eu defendo.

Vivi me chamou às 4h30 da manhã. Levantei, pedi para o meu marido me levar, fomos nos arrumando... Marcelo ligou de novo, assegurei que estava a caminho e logo cheguei. O elevador pareceu levar uma eternidade para chegar no andar deles! Eu estava ansiosa! Conhecia a Vivi há mais de 4 anos, tínhamos trabalhado juntas durante algum tempo, e ela tinha perdido dois bebês... um bem no comecinho, logo depois de descobrir que estava grávida, mas por ser uma gravidez ectópica (fora do útero) tinha sido um pouco mais complicado do que já seria normalmente... e a segunda gestação tinha avançado  bem mais, mas a bebê teve problemas de formação e não conseguiu ficar... Agora era a terceira gestação, e esse seria o dia de realizar o sonho de ser mãe.

Cheguei, Marcelo me recebeu, Vivi estava saindo do banho, respirando fundo e curvando-se para a frente, apoiando as mãos na cama. Mal levantou o corpo e andou até a sala, trocamos algumas palavras e mais uma contração. Intervalos bem curtos, contrações fortes e longas, mas o nascimento não era eminente pois ela não sentia ainda os puxos (vontade de fazer força). Falei que já poderíamos ir para a maternidade e ela ficou um pouco agitada. Disse várias vezes que tinha esperado demais, que tinha demorado demais para me chamar. Ficou com um pouco de medo de que nasceria no caminho, e enquanto íamos para a maternidade ela teve uma contração, eu sugeri que o Marcelo parasse o carro e ela não quis, e assim chegamos muito rápido. No exame de admissão e enfermeira disse que só faltava um rebordo de colo, o que quase poderia ser traduzido como 9,5 de dilatação. Então o Dr Rogério já foi chamado, e a Vivi falou de novo que tinha demorado demais para me chamar... acho que ela teve uma descarga de adrenalina nessa hora.

Bom... fomos para o apartamento da esquina, em frente ao postinho da enfermagem. Eeeeee... nessa época eu detestava esse quarto! Todas as moças que eu acompanhei e foram levadas para esse quarto acabaram em cesárea, e eu não acredito em coincidências... (mas tinha me esquecido que a minha amostra era pequena! rsrsrsr) De qualquer forma lancei mão dos elementos de controle de que eu dispunha... e rezei o tempo todo, pedindo que qualquer vibração desfavorável fosse neutralizada e no lugar ficasse saúde e paz. Toquei uma música de índio mas o Marcelo me pediu para tirar. (Eu sempre falo para as minhas adouladas que TUDO tem que estar do gosto delas... e acho que dessa vez esqueci de perguntar se eles queriam música...)

Dr Rogério chegou, a dilatação estava completa mas o bebê ainda alto, demoraria um pouco para nascer. E eu comecei a ficar preocupada com os pés dela! Estavam muito inchados e muito vermelhos. Eu sabia que ela não queria parto na água, e preferia usar o chuveiro ao invés da banheira. Mas conversei com ela e disse que encheria só um pouco a banheira para ela caminhar dentro da água fria, o que provavelmente aliviaria os pés. Ela aceitou, e deu certo. Ficava dentro da banheira, só com um palmo de água fria, caminhava nos intervalos e durante as contrações se apoiava na parede e o Marcelo massageava as costas dela.

Enquanto ela estava andando na água fria, me disse muito tranquila:

- "Meu pai morreu Vânia... na terça-feira".

Ele estava doente havia tempo, e estava internado em São Paulo. Fiquei pensando no turbilhão de emoções que ela devia estar sentindo, e fiquei assim, só olhando para ela, esperando que ela pudesse sentir minha solidariedade. (Eu não lamento quando as pessoas desencarnam, mas lamento pela saudade dos que ficam).

Quando amanheceu o dia mandei mensagem para a Dra Carla dizendo que eu estava doulando e não poderia dar a palestra... ela foi até a maternidade passar visita, pegou o meu pen drive com a palestra que ela mesma daria se eu não pudesse ir... e justamente quando estava lá, a Vivi começou a sentir os puxos. Perguntei à Vivi se eu podia pedir à Dra Carla para verificar se estava nascendo, ela disse que sim, então assim foi feito. Com a expressão mais feliz do mundo a Dra Carla disse:

- "Pode chamar o Rogério porque vai nascer".

Desejou boa sorte a todos e foi para o Simpósio. Daí a pouco Dr Rogério chegou. Ele estava de plantão na Unimed 24 horas. Quando ele chegou disse que a Vivi já podia ir para o Centro Obstétrico, de preferência sem deitar-se na maca. Então fomos andando e parando durante as contrações, mas nos intervalos ela andava bem depressa! rsrsr

Marcelo: - "Vivi, quer um pouco de água?"
R) Não, eu não quero nada.
Eu: - Quer neném?
R) Siiiiiiim, neném eu quero!

E deu um graaaande sorriso.

A banqueta de parto foi levada para dentro do Centro Obstétrico. Marcelo sentado na escadinha, Vivi na banqueta, Dr Rogério no chão, e a pediatra, Dra Aline, no banco destinado aos obstetras que atendem da forma tradicional. Essa foi a primeira vez que entreguei o plano de parto na mão daquela pediatra e ela estranhou um pouco... mas gostou da novidade e sempre que me encontrava depois disso ela pedia o plano.

Eu fazia massagens nas costas da Viviane durante as contrqções, e depois ela se recostava no Marcelo e descansava. A banqueta a incomodou por ser muito baixa, então o Dr  Rogério teve a idéia de pegar um estrado que fica por ali, para ajudar os obstetras e cirurgiões mais baixos a alcançarem a altura necessária para realizar uma cesárea. Com a banqueta em cima desse estrado a Vivi sentiu-se melhor. Mas a cada contração a banqueta deslizava um pouco para a frente, e por duas vezes ela teve que se levantar, o Marcelo puxava a banqueta para trás e ela se acomodava novamente.

Alguém da enfermagem veio avisar que chegou outra paciente do Dr Rogério, em TP, 7 de dilatação,  bebê prematuro. (34 semanas se não me engano). O nascimento do Pedro não parecia eminente, então Dra Aline ficou e ele foi lá ver... quando voltou disse que tinha trocado o plantão com o plantonista do SUS, que então foi para a Unimed 24 horas, e ele ficaria no plantão da obstetrícia da maternidade. A outra paciente dele foi trazida para a sala de parto ao lado, e aí ele vinha dar uma olhadinha na Vivi e daí a pouco ia lá ver a outra moça... que estava com o bebê pélvico, prematuro e nasceria sem cesárea. (Meu Deus, que lindo mundo esse em que eu vivo!)

Pelo relato pode parecer que alguém se sentiu mal atendido, mas longe disso! A calma e a confiança eram o tom da música que ouvíamos, com a Vivi e a outra moça nos vocais, cantando para os bebês nascerem.





E assim o Pedro nasceu. Foi direto para o colo da Vivi, lindo, muito amado e muito bem vindo. Eu deixei minhas lágrimas correrem soltas. As enfermeiras ficaram me olhando espantadas, mas não tinha nada que eu pudesse fazer... a alegria era imensa. Tirei algumas fotos, esperei ele ser pesado e voltar para os braços dela...






e depois pedi licença para ir dar a palestra.

Chamei o Raul, ele veio correndo, a palestra foi remanejada para depois do intervalo e assim eu pude trocar a roupa amassada... e o comentário da Socorro foi assim: "A Vânia com a cara amassada e os olhos brilhando... !"  Yes! Eu estava muito muito feliz!




Viviane e Marcelo, muito obrigada por terem me deixado participar desse dia tão lindo em que o Pedro chegou. Eu ADOREI!



Pedro, seja sempre bem vindo a este lindo mundo!



Vânia Doula.





Ps: o bebê da outra moça nasceu muito bem. De parto pélvico, sem nenhum problema, nem de suporte de oxigênio ele precisou. Parabéns a todos que estiveram presentes neste dia!

sábado, 19 de março de 2011

Veruska, Sérgio e Miguel – 19/03/2010

Conheci Veruska nas reuniões do GAPN. Uma mulher alta, muito confiante, muito franca... sorridente e linda. Eu adorava os dias em que ia à casa dela... sentia-me tão à vontade, e ríamos tanto!  Veruska é formada em enfermagem mas não trabalha na área da saúde. Ela sempre me lembrava que não tinha estudado muito sobre parto, e mesmo que tivesse estudado , as práticas da assistência nível A mudaram nos últimos anos, então fiz como sempre: passei filmes, conversamos, fizemos o plano de parto bem detalhado... e ela chegou às 38 semanas, quando então passamos a aguardar o início do TP.

Era quinta-feira à noite, eu estava em casa terminando de preparar uma palestra que eu daria no sábado de manhã, no I Simpósio de Humanização do Nascimento, promovido pelo GAPN São Carlos e patrocinado pela Unimed São Carlos.

(Veja mais detalhes sobre o evento neste linK :  http://parirenatural.blogspot.com/2010_03_01_archive.html )

Atendi o telefone e era a Veruska:

- “Oi! A minha bolsa acabou de romper! Menina, mas saiu muita água!”

Conversamos  mais um pouco... líquido limpo, bebê mexendo, sem contrações ainda. Tudo tranquilo. Vamos aguardar.


- “Então é pra te ligar quando as contrações estiverem de 5 em 5 minutos? Tudo bem então! Boa noite".



Continuei preparando a palestra e liguei para a Dra Carla. Conversamos sobre os simpósio, quem vem, quem já chegou, quem já está em São Paulo, o que falta preparar... e aí, assim como quem não quer nada, comentei:

- A Veruska me ligou. Está de bolsa rota.

-“E só agora você me avisa?!”

- Ué... acabei de ficar sabendo!

E ficamos rindo, rindo... e se as contrações demorarem para começar e amanhã bem na hora do simpósio nós duas estivermos ocupadas? Bom... esse é o encanto do parto sem hora marcada, sem intervenções desnecessárias... esse é exatamente o mundo que nós defendemos!

Daí cerca de duas horas a Veruska ligou.
- “Estou com contrações de 10 em 10 minutos mais ou menos, está tudo bem, eu só queria te perguntar sobre o líquido pq quando dá a contração sai muito! Sai assim “de conchada” sabe? Não tem problema mesmo?”

- Não pq o líquido amniótico se refaz o tempo todo... faz assim: vai tomando água o tempo todo também... aos golinhos para não pesar o estômago. Isso vai favorecer a hidratação, e o líquido amniótico é renovado pelo xixi do bebê. Você não desidratando não tem problema. O bebê está mexendo?

-“Muito! Não para quiéto, me dá cada chutão!”
- Então ele está bem. Pode ficar tranquila.

Ok. Fui dormir, deixando tudo pronto para quando ela chamasse. 

E daí a pouco ela ligou de novo:
- “Olha, vc pediu para eu avisar quando estivesse de cinco em cinco e já está, mas tá tudo bem viu? Não precisa vir ainda não!”

Eta mulher que se garante!

Dormi mais um pouquinho, e aí já era o Sérgio ao telefone:

- “Oi! Então... agora já está mais forte, ela pediu prá te chamar”.

Doula a caminho! Raul me levou, desejou boa sorte e voltou prá casa. Entrei e ela estava no chuveiro.

- “Vâââaaaaaaaaaaaaaania? Espera aí que eu já voooooooooooooooooooou”.

Coloquei minha jaqueta pendurada nas costas da cadeira da sala, e lá ela ficou esquecida por muitos dias! Rsrsrsr

Veruska apareceu secando os cabelos, deu um sorriso, curvou-se e se apoiou na mesa, respirando fundo e inclinando o corpo para a frente... massageei as costas dela, e quando passou fui colocar água para esquentar, para a bolsa de água quente. Ela disse que estava com fome, e veio outra contração... passou, foi até o freezer e pegou um potinho de açaí, colocou no micro-ondas para derreter um pouquinho, e veio outra contração... pegou o açaí e deu uma colherada, e na segunda veio outra contração... beeeem próximas!

Então daí a pouquinho já começamos a arrumar as coisas para irmos para a maternidade. 

Colocamos as coisas no carro, ela veio andando e parando, e no caminho até a maternidade, parando, parando... mas tudo muito tranquilo. Chegamos na maternidade, dilatação quase completa, líquido claro, bem estar do  bebê verificado, coloquei a banheira para encher... fazia massagens nas costas dela quando vinham as contrações... banheira meio cheia, ela entrou, olhou para o Sérgio e disse:

- “Nossa que alívio! Amor, é como estar mergulhada em remédio! Aaaaah, que gostoso!”

(Importante ressaltar que esse alívio é sentido pela maioria, mas não por todas, e a água alivia a sensação dolorosa mas não a elimina! E também não em efeitos colaterais nem representa qualquer risco para a mãe ou o feto!)

E assim ficamos, mais um pouco, Dra Carla veio, ficou por perto,  e quando tivemos sinais de dilatação avançada ela fez um novo toque e estava mesmo completa.

- "Então, vamos ficar aqui mesmo ou vamos para o centro obstétrico"?

Eu não deveria, mas dei minha opinião...

- “Melhor ir para o centro obstétrico”.

Eu tinha ficado tão mal impressionada com a inabilidade de uma pediatra, dias atrás, que deixou o bebê perder temperatura, e isso tinha acarretado tantas outras coisas desagradáveis... eu quis poupar a Veruska e o bebê dela de passarem por algo que fosse parecido... amarelei, fiquei com medo!

Veruska aceitou ir para o centro obstétrico, saiu da banheira, a enfermeira e Dra Carla a ajudaram a secar-se, e ela colocou a camisola da maternidade com um lençol amarrado na cintura como se fosse uma canga. Dra Carla então encaminhou-se para o C.O. para trocar-se, enquanto eu e Sérgio fomos indo junto com a Veruska, andando bem devagar, parando nas contrações, com calma... e nessa hora ele ficou meio bravo... tive que passar por cima de tudo que acredito, e sugeri que ele esperasse do lado de fora. Veruska concordou.

- “É amor, fica aqui, daqui a pouquinho nasce e alguém vem te chamar”.

E assim , ela entrou e eu fui pelo outro lado, para me trocar, e as encontrei  lá dentro: Veruska, Dra Carla e Dra Patrícia. Sentei-me na escadinha de dois degraus  e a Veruska sentou-se na banqueta de parto e encostou-se em mim. Dra Carla sentada no chão à frente dela, e Dra Patrícia sentada na banqueta. Luzes apagadas, a calma dominando o ambiente.

Veruska às vezes abria os olhos nos intervalos das contrações. Em uma dessas vezes ela viu alguém olhando na janelinha e deu tchauzinho. A Dra Patrícia olhou, e disse que era outra pediatra...

Veruska: - “Não quero platéia!"

Dra Patricia então levantou-se e pediu à colega que saísse da janelinha.

Daí a pouco tinha duas mulheres da enfermagem na porta.

Veruska: - “Elas precisam ficar aqui?”
Dra Carla: - “Não”.
Veruska: - “Então eu não quero platéia”!

Elas saíram, mas alguém ficou com a mão segurando a porta meio aberta. Veruska levantou o corpo, alcançou a porta e a empurrou.  Ainda bem que a dona dos dedos foi rápida! Kkk...  (Eu adoro, AMO parturientes bravas! Leoas costumam parir sem dificuldades!)

Veruska se levantou duas vezes da banqueta e andou pela sala... uma vez ela se debruçou sobre a maca, fechou os olhos. Estava rezando. Quando foi na reunião do GAPN contar sua experiência, ela disse que pediu ao Senhor que duplicasse, que triplicasse suas forças, porque ela não estava mais aguentando...  e sentiu a resposta:

- “Filha, não é preciso duplicar nada... eu te fiz perfeita, e a força que já tem é só do que você precisa. ”

Então ela voltou para a banqueta, para mais uma contração. Dra Carla sorria e dizia:

- “Está vindo. Devagar, mas está vindo”.

O Sérgio apareceu lá para ver como iam as coisas.
- “Mas amor, ainda não nasceu?!”
- “Não amor, mas fica calmo, é assim mesmo... está tudo bem.”
E ele saiu.

Ela levantou-se mais uma vez, andou um pouco. Depois nos contou que pensava assim: “a minha mãe só teve partos normais, minhas irmãs tb... será que só eu vou negar fogo?”

Mas algumas contrações e a resposta começou a apontar! Miguel veio nascendo, bem devagar, com duas voltas de cordão no pescoço que a Dra Carla rapidamente desfez, e ele continuou vindo, suavemente, corado, lindo!

Veruska o recebeu nos braços, o beijou, olhou em volta e disse:
- “Cadê o Serginho? Alguém chama ele por favor?”
Rapidamente alguém da enfermagem foi chamá-lo, e em poucos minutos ele nos perdoou por tudo que a fizemos passar. Todos estavam muito felizes. Fui fotografar a pesagem do bebê, e deu mais de 4Kg! Aí, como já tinha nascido e eu não corria o risco de atrapalhar a parturiente com a minha alegria... fiquei pulando no corredor! Yes!

Bom... Veruska precisou de alguns pontinhos. BEM menos do que os que teriam sido necessários no caso de uma episiotomia, que isso fique bem claro. E a enfermagem solicitou que o bebê fosse levado para a injeção de vitamina K e o colírio, lá no berçário. O Sérgio quis ficar com a Veruska, me perguntou se eu não poderia levar o bebê. Claro! Então ele passou o Miguel para os meus braços de doula leoa e eu fui para o berçário.

- Vim trazer o bebê para o colírio e a injeção.
-“Pode colocar ele ali”.
- Pode pingar com ele aqui no meu colo mesmo.
- "OK. Agora a injeção, pode colocar ele ali"...
- Dá com ele aqui no meu colo mesmo!
- "Tá bom! E o banho, você vai querer dar também?!!"
- Oba! Claro que quero!

Então ela abriu um sabonete, um pacotinho de gases para facilitar a limpeza das dobrinhas, várias fraldas secas e um cobertor para ele ser enrolado logo após o banho... e eu o banhei bem rapidinho, nem tirando todo o vérnix como elas gostariam, nem tirando tão pouco que as pudesse horrorizar... rsrsr... tirei no meio termo, deixando todos contentes. E o banhei com muita delicadeza, conversando com ele o tempo todo, assim como teria feito uma mãe. As mulheres da enfermagem me olhavam achando aquilo tudo muito esquisito... alguém passou e disse: “você está sem luvas”! Mas eu não estava gripada, tinha lavado minhas mãos e braços antes de banhá-lo, e o mais importante: eu não ia dar banho em dez bebês, mas apenas nele, e em água corrente. Não havia necessidade de luvas. Só sorri em resposta.  

Alguém poderia dizer que as luvas servem para proteção reversa, para que eu não corresse risco de contrair alguma infecção... mas eu sabia do pré-natal bem feito da Veruska, e usar luvas para dar banho no Miguel seria o mesmo que chegar em casa e usar luvas para dar banho em um sobrinho meu. Bom... eu entendo as rotinas hospitalares, já trabalhei em UTI e em unidade de grandes queimados... e espero que um dia entendam que o banho nos recém-nascidos dado por rotina cultural é que O problema neste caso. Dra Ana Paula Caldas, neonatologista intensivista, falou bastante sobre isso na palestra dada neste mesmo dia, no I Simpósio...

Continuando... terminei de dar o banho no Miguel, sequei-o e o enrolei em toalhas secas e um cobertor, sai na porta do C.O. e encontrei o Sérgio. Entreguei o bebê no colo dele e voltei para tirar o terninho do centro obstétrico e colocar minhas roupas. Fui até o quarto e ajudei a colocar as roupinhas no Miguel. Veruska suuuuuper feliz, atendeu uma ligação no celular, e depois outra, e em seguida foi obrigada a desligar o celular para poder aquietar-se e ver seu filho. A família se revezando para conhecer o Miguel, todos muito felizes.

Quando fui visitá-la após a alta hospitalar, a felicidade continuava a mesma. A plena realização do potencial que toda mulher tem, a beleza de um parto sem intervenções desnecessárias dando a ela a oportunidade de conhecer sua força.



Veruska e Sérgio... muito muito muito obrigada pela linda experiência que vocês me proporcionaram!

Miguel, bem vindo a este lindo mundo! Eu AMEI ter participado da sua recepção.

Beijos, beijos, beijos.
Vânia Doula. (que ama muito tudo isso!)


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Querida Vania, vcs sempre me fazendo chorar heim.... sua descriçao me emocionou... relembrar tudo isso me traz muita alegria... eu é que tenho a agradecer por vc . Sua vida foi usada por Deus para que eu experimentasse tudo isso, sem proficionais como vc  talvez eu seria mais uma das muitas traumatizadas das estatisticas... Deixo meu muito obrigada emocionada. Que Deus te recompense pelo empenho e disposiçao em resgatar uma das mais lindas criaçoes dEle, que é o parto natural.
 
Estamos bem, miguel completou 1 ano, segue fotos 
 
bjs e sucesso
 
Veruska Diedrich






segunda-feira, 14 de março de 2011

Suzana, Emanuel e Joaquim - 15/03/2010


Suzana me ligou seguindo a indicação de meu cunhado que trabalha como zelador do Centro Médico. Ela já tinha ouvido falar de doulas pois estava fazendo o pré-natal com a Dra Carla, e quando meu cunhado falou sobre mim ela resolveu me ligar e pedir mais informações. Algum tempo depois ligou de novo e marcamos um dia para eu ir à casa dela, que a propósito era super perto da minha. Fui à pé. 

Chegando lá conversamos bastante, ela falou que tinha uma irmã (Patrícia) grávida também, conversamos sobre os valores... ficou de falar com o namorado, que mora em São Paulo e depois me daria uma resposta. Fui embora levando o guarda chuva da mãe dela emprestado. Isso foi engraçado... voltei lá algumas vezes para tentar devolver e não consegui... finalmente ela ligou dizendo que ela e a irmã me contratariam. Faríamos a parte da preparação com as duas juntas, deixando apenas o plano de parto em reuniões individuais. Então, na primeira reunião eu consegui devolver o guarda-chuva! rsrsr

Como sempre, assistimos filmes, conversamos muito... a mãe delas ficava junto, e falamos bastante sobre os partos dela, sobre a história de vida deles todos... às vezes tem gente que acha que me incomoda com essas histórias, mas eu vivo disso, eu respiro isso, eu adoro isso! E limpar essas lembranças é muito importante também. Resumindo: tenho um sentimento de carinho muito grande pela Dona Cida. Mulher realmente admirável.

Bom... Dona Cida e as duas filhas freqüentaram assiduamente as reuniões do GAPN, quase sempre acompanhadas também por uma cunhada da Patrícia. As 4, sempre participando e contribuindo para o bom andamento desses encontros.

Suzana e o namorido não participaram da oficina de parto por causa da distância. Ele trabalhando em São Paulo, a oficina foi numa quinta à noite... enfim, não dava mesmo. Mas ela estava muito firme quanto aos procedimentos que são feitos por rotina no atendimento ao parto feito da forma tradicional. Lembro do dia em que fui à casa dela para fazermos juntas o plano de parto. Ele ligou e eles conversaram um pouco sobre isso... ela explicou algumas coisas desnecessárias como a depilação, jejum, etc... e eu fiquei ali só escutando, cheia de orgulho!

Uma grande preocupação dela era que não desse tempo dele chegar quando ela entrasse em TP. Mas ele sempre passava os fins-de-semana em São Carlos... e ela começou a sentir as contrações no domingo! (Eu não acredito em coincidências). Assim, ele não foi embora. Ela me ligou às 8h00 de segunda-feira, dizendo que estava com contrações de 10 em 10 minutos e tudo bem tranquilo, bolsa íntegra, bebê mexendo bastante... deixei minhas coisas de doulagem preparadas. 

Então ela ligou ao meio-dia, e eu entendi que as contrações estava de dois em dois minutos, mas estava tudo bem... ela disse que eu podia almoçar tranquila e ir para lá ali pelas duas da tarde!

Bom... óbvio que eu não almocei tranquila. Almocei correndo. E o telefone tocou de novo, e era o Emanuel, dizendo assim:

- "Olha, vc precisa vir logo, daqui a pouco esse nenê nasce em casa! As contrações já estão de 10 em 10 faz bastante tempo!"
- Ééééé´... estão de 2 em 2 ou de 10 em 10?
- De 10 em 10!
- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah boooooooooooooooom! (Respirei aliviada). Então está tudo bem. Olha só... se estiver tudo bem nós vamos para a maternidade quando as contrações estiverem de dois em dois minutos já há algum tempo...
-"De dois em dois?!!!! Tem certeza que não vai nascer aqui?!"
-Tenho. E de qualquer forma eu já estou indo, daqui uma meia hora já estarei aí.
- "Tá bom então..."

Então à uma hora meu marido levou meu filho para a escola e voltou para me levar para a doulagem, na casa da mãe do Emanuel. Tivemos um pouco de dificuldade de encontrar a rua, e parei para pedir informações em um mini-mercado. Quando perguntei para o balconista uma senhora que estava sendo atendida disse:

- Ah, vc está procurando a casa da XXXXX, é minha amiga, o neto dela vai nascer né?
- É. Isso mesmo. 


Então me explicaram como chegar lá e dessa vez foi fácil. Emanuel abriu o portão, e a Suzana estava no quintal, bem próxima. Veio com um sorriso enorme e me abraçou. Meu marido desejou boa sorte e foi embora. Entramos.

Feitas as apresentações, fomos para o quintal. Lindo! Muito gostoso de se ficar, cenário perfeito para um TP tranquilo. .


Bom... Suzana firmava as contrações de 3 em 3 minutos... e voltavam de 10 em 10. Então passei a pedir que fizessem chá de canela para ela. Ajudaria a firmar as contrações. Também providenciei a bolsa de água quente, embora não tenha sido muito utilizada, ficou por ali...

Emanuel apareceu  de filmadora em punho, e daí em diante registrou muitos momentos do TP. Tb me mostrou como operar a filmadora, para que eu filmasse o nascimento. 

Dona Cida chegou, muito sorridente, muito calma, linda!

Suzana caminhava pelo quintal, pendurava-se no pescoço de quem estivesse perto quando a contração vinha, e também nos lençóis que amarrei no quiosque da churrasqueira. Relaxava e deixava o corpo se abrir.

Quando as contrações começaram a ficar mais intensas:

Suzana: - "Agora não tem como voltar atrás né?"
Eu: - "booooom.... o bebê está aí, por algum lugar ele vai ter que sair"...

Ela sorriu docemente... veio outra contração e mais uma vez ela se entregou.

A cunhada chegou, vindo da Inglaterra. Apresentações, e um problemão: o namorado com uma baita dor de dente. Então ficaram atrás de um dentista que o atendesse, e depois saíram para levá-lo até lá.

As sete da noite as contrações firmaram de dois em dois minutos. Ela foi para o chuveiro e ficou lá por um tempo, mas o Emanuel percebeu que estava de dois em dois minutos e ficou um pouco preocupado. Queria levá-la para a maternidade logo. Eu sai do banheiro para buscar água para a Suzana, e escutei um pedaço da conversa entre ele e a Dona Cida, e ela exalava tranquilidade, e com uma voz muito suave disse assim:

- "Ela não está sofrendo! Essa dor aí é só a dor necessária pro bebê nascer"!

Ai gente... como é BOM quando as pessoas entendem isso. A dor faz parte do processo, mas o sofrimento é opcional. E sem dúvida, a Suzana não estava sofrendo. 

Bom, mas também ponderei que eles não teriam a tranquilidade necessária para parar o carro quando ela tivesse contrações à caminho do hospital... então nem daria para ficar muito mais em casa. Falei que levassem as coisas para o carro, e eu e Dona Cida a ajudamos a vestir-se.

Quando sai do quarto escutei o sogro dela desmarcando a aula de inglês:

- "EU NÃO VOU PODER IR PORQUE MEU NETO ESTÁ NASCENDO"!

E ele estava tão feliz que eu fiquei emocionada! Rrsrsrs! Limpei umas lagriminhas do canto dos olhos.

E lá fomos nós, o sogro dirigindo, eu, dona Cida, Suzana, Emanuel... a sogra foi no outro carro junto com a filha. E no caminho ficou tão claro que era cedo para ir para a maternidade... Acho que ela teve só duas contrações, e suportou bem, nem pedi que parassem o carro... no exame de admissão o toque revelou 7cm de dilatação. Sorri e disse:

- Que bom. Vamos ter tempo de encher a banheira sem pressa.

E assim eu fiz. E tenho ótimas lembranças dos acontecimentos seguintes.

Coloquei música prá tocar no celular. "Noites com sol" do Flávio Venturini. E Suzana dançou com o Emanuel, e quando a música terminou ela pediu: - "toca de novo"?

"Ouvi dizer que são milagre, noites com sol,
Mas hoje eu sei não são miragem, noites com sol.
Peço um amor que conceda noites com sol!"

Pode abrir a janela, noites com sol são mais belas.
Deixa entrar o sol".


Terminei de inflar e encher a banheira, Suzana entrou, e ela se sentia muito bem fazendo o "cabo de guerra". Eu enrolei um lençol e quando vinha a contração ela firmava os pés na borda da banheira, eu puxava uma ponta e ela puxava a outra. Fizemos isso vaááááárias vezes, e uma vez que eu tinha saído do quarto a Dona Cida também "entrou na dança". Demos muita risada com ela contando depois, que se a contração tivesse durado mais um pouco ela teria ido parar dentro da banheira junto com a Suzana!

Dra Carla chegou, e às 10 da noite a dilatação estava completa. Suzana olhou prá mim e disse: 

- "Agora eu estou ficando cansada. O que eu posso fazer pra ajudar a nascer mais rápido?"

R) Ficar de cócoras durante as contrações.

E assim ela fez. Segurava o lençol, erguia o corpo e ficava de cócoras.

Dra Carla perguntou:

- Vamos para o centro obstétrico então?
Resposta da Suzana: - "ah, eu queria tanto que nascesse na água! Tá tão bom aqui!"
Dra Carla: - "Então pode ficar. Eu topo"!

Eita, quase que eu saí pulando! Como teria sido muito estranho uma doula pulando pelo quarto, coloquei música de índio e fiquei dançando... tããão feliz que nem posso explicar! 

A pediatra escolhida não estava em São Carlos, a outra também não, então veio outra... sem comentários! :P

Suzana estava na banheira de costas para a porta. Ainda bem, pq juntou uma "baita galera". Eu fiquei num cantinho, toda torta para poder filmar o nascimento, mas como eu tinha certeza que não estavam atrapalhando a Suzana porque estavam bem quietinhas, no fundo eu estava achando bom. Toda essa gente ia ver um nascimento na água!

Dentro do quarto estavam só o Emanuel, Dona Cida, Dra Carla e a pediatra. Na porta um enfermeira segurando uma toalha aquecida para envolver o bebê. E mais umas quatro mulheres se espremendo, procurando um ângulo favorável. Gostaria de ter uma foto deste momento! rsrsrsr   

Quando percebi que estava bem perto de nascer, pedi para alguém segurar a câmera um pouquinho. Eu ia chamar a família dele, para ficarem por perto e ouvirem o primeiro chorinho... mas quando saí do quarto quase trombei com eles bem na porta! rsrsrs Já tinham conseguido a informação com a enfermagem. Então voltei ao meu posto com a filmadora, e assim vimos o Joaquim chegar ao lado de cá da barriga. 

Dra Carla disse com um grande sorriso:
- "Suzana, pega o seu nenêm"!

Nossa, que cena liiiiinda! Maravilhosa!

A parte da pediatra... bom... foi tão ruim que é difícil descrever. Ela aspirou um bebê corado, chorando, e agitando os bracinhos! :P Deixou ele perder temperatura pq o colocou nu sobre a cama e ficou por longos minutos verificando os batimentos cardíacos... aí, com a necessidade de recuperar a temperatura, ele ficou longas horas na encubadora, que resultaram em dificuldade de mamar e icterícia acentuada, a ponto de depois da alta terem que voltar a ficar internados para que ele fizesse os banhos de luz... nem em cem anos eu conseguiria expressar minha indignação. A única coisa que eu poderia desejar para essa médica seria... que ela voltasse a estudar. Há!

Após o nascimento, enquanto o Joaquim ainda estava no colo da Suzana, abracei a Dona Cida, nós duas com os olhos cheios de lágrimas. Que benção!

Levei a filmadora lá fora, e assim a família dele já pode assistir o nascimento.

E encontrei também a Patrícia, linda, com sua barriga de seis para sete meses, super feliz e orgulhosa. Ela disse assim:

- Foi forte a minha irmãzinha né? Será que eu também vou ser?

Sem dúvida! Família de mulheres fortes!

Quando fui fazer a visita pós parto Suzana estava em casa, com muita dificuldade para amamentar. O  bebê parecia que ficava desesperado e "brigava" com o peito, chorando muito! Tentei ajudar, mas realmente a parte de amamentação nunca foi o meu forte... e dias depois os encontrei novamente na maternidade pq o bebê precisou ficar internado para os banhos de luz.


Lembro bem do dia em que Suzana e Dona Cida foram ao GAPN contar como tinha sido o parto. Realmente teve alguns lances engraçados, e outros muito emocionantes. A participação do Emanuel, apoiando e incentivando foi fundamental! E Suzana estava tão bem que a internação um pouco precoce não interferiu em nada. Foi um parto maravilhoso.


O lindo vídeo realizado e editado pelo Emanuel pode ser visto neste link:


http://www.youtube.com/watch?v=2Cwc8S390EM&feature=fvsr

Ou aqui:




Suzana, muitíssimo obrigada por tudo. Eu adorei estar lá. Eu adoro você e adoro sua família. 


Um graaaaande beijo!

Vânia Doula. 




PS: Porque tudo tem uma primeira vez! (Autoria: Emanuel)