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São Carlos (cidade natal), SP, Brazil
Sou formada em Psicologia pela UFU em 1996, fiz Aprimoramento Profissional em Psicologia Hospitalar pela PUC/Camp em 1998, formação de Educadora Perinatal pelo Grupo de Apoio à Maternidade Ativa em 2004, e Curso de Extensão em Preparação Psicológica e Física para a Gestação, Parto, Puerpério e Aleitamento pela UNICAMP em 2006, onde neste mesmo ano, participei da palestra "Dando à luz em liberdade - Parto e Nascimento como Evento Familiar" com a parteira mexicana Naolí Vinaver Lopez. O que é uma doula? Uma mulher experiente que serve (ajuda)outra mulher durante o trabalho de parto e o pós-parto. Fui doula por 18 anos. Sigo agora como psicóloga atendendo em consultório particular na Vila Prado em São Carlos-SP Contato: vaniacrbezerra@yahoo.com.br (16) 99794-3566

sábado, 19 de janeiro de 2013

Kátia, Ton, Enki Miguel e Benjamin - agosto de 2012


Conheci a Kátia durante sua primeira gestação em 2009. Depois das nossas reuniões de preparação para o parto e o acompanhamento do trabalho de parto, nos tornamos grandes amigas, irmãs crescendo na mesma tribo. No final de 2010 meu marido foi chamado para trabalhar no Amazonas. A Kátia foi a primeira pessoa que ficou sabendo, junto com o Tom. E eu sabia que a Kátia estaria entre as pessoas de quem seu sentiria mais saudade!




Dezembro de 2011, recebo o seguinte e-mail dela:

__________________

Novidade: ESTOU GRAVIDÍSSIMA!!! Em torno de 4 semanas, pelas minhas contas, fiz teste de farmácia ontem...

Bom agora vem toda uma preocupação, aí vou ter bastante assunto por email com vc! rs..r.sr.s."
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E adivinhem o que eu pensei? ???

R) Aff, não acredito que não vou doular a Kátia!!



Fiz até conta, vi que nasceria entre julho e agosto... quem sabe não nasceria enquanto eu estivesse passando férias em São Carlos? #Esperança rules!

Bom... dezembro, janeiro e fevereiro foram passando... trocamos váááááários e-mails, tirei algumas dúvidas... Dá tempo de ir de Araraquara para São Carlos? Precisa fazer o pré-natal nas duas cidades? O que vc acha de parto domiciliar?

Indiquei a doula de Araraquara que ela até já tinha achado e me perguntou se eu conhecia. Conheço sim, ela é ótima! E indiquei a enfermeira obstetra com quem estava acostumada a trabalhar.

Também mandei e-mail pra todo mundo pedindo que atendessem a Kátia como se fosse da minha família, porque na verdade ela é mesmo!

Então o tempo passou, muita água rolou por debaixo da ponte... e minha volta para o estado de São Paulo começou a se formar. Meu marido voltou primeiro, o emprego dele não deu certo... e eu tentei ficar lá no Amazonas até julho pra poder fazer a transferência do meu filho no mês de férias escolares, achei que seria menos traumático para ele. Falei pra Kátia que voltaria para o estado de São Paulo mas ainda não sabia se seria para São Carlos. Mantive a fé de estar por perto quando ela estivesse em trabalho de parto.

Mais água passou debaixo da ponte... e eu e meu marido resolvemos que não estava valendo a pena eu ficar lá no Amazonas, sozinha com o filho. Nós não estávamos felizes, eu comecei a ficar doente, meu filho tinha pesadelos. Liguei pro meu marido e falei de um jeitinho assim bem manso...

PODE ALUGAR UMA CASA E COMPRAR AS PASSAGENS PORQUE EU NÃO QUERO MAIS FICAR AQUI! ME TIRA DAQUI O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL, PELOAMORDEDEUS!

Ele nem perguntou por que, só respondeu: "pode deixar!" E depois passou uma lista enorme de providencias que eu deveria tomar... : P

Mais água passou debaixo da ponte... e eu voltei. Muito Feliz!

No final de maio, quando encontrei a Kátia em um fim de semana, ficamos as duas rindo sem parar. Ela dizia: "Vânia, eu não torci pra vc voltar, mas estou TÃO feliz por vc ter voltado!". E eu respondia rindo... eu torci muito para estar por perto!


Confusão no mundo das militantes do parto humanizado, bem na reta final da gestação da Kátia! Tudo por causa de uma reportagem do Fantástico sobre partos domiciliares e uma ameaça de punição ao médico que se pronunciou favorável à escolha informada. A mobilização foi imediata, e eu participei com todas as minhas forças. Fui pra São Paulo participar da passeata pelo direito de escolha. E também fui pra Araraquara participar da passeata pelo direito de escolha! 


Passeata em São Paulo


Passeata em São Paulo











E lá em Araraquara também estavam a Kátia, o Tom e o Enki Miguel. Ela era a única gestante presente, no meio da avenida, carregando um cartaz, então todos os repórteres que apareceram foram falar com ela, e ela muito calma e sorridente, dizendo que o seu bebê escolheria o dia de nascer, ninguém iria marcar uma data!


Final da passeata em Araraquara, Cris e eu.
Enki, Tom e Kátia, na passeata de Arrqra.















E todos nós no meio da avenida, fazendo barulho e cantando: 

- "Dr, "cê" não me engana... vc só quer cesariana!"



Cristiane, Kátia e eu, no chá de fraldas do Ben


Em julho teve o chá de fraldas do Benjamin... Que delícia ver a Cris pintando a barriga da Kátia, o Enki ajudando a colorir... todas as mulheres presentes colocaram "pulseiras" que nos manteriam conectadas ao parto da Kátia, e deram suas bençãos. Tudo muito lindo!



pulseira para ser usada até o dia do parto,
conectando todas as mulheres

E então entramos na reta final: esperar o dia em que o Ben  ficaria com vontade de nascer.












Raul (meu marido) estava viajando e eu tinha ficado dois dias fora de casa, doulando a Natália. No dia seguinte dormi  praticamente o dia todo. (quinta-feira). Na sexta fiz faxina, e a noite o Raul chegou de viagem. Pensei: se a Kátia entrar em TP agora já poderei sair de casa tranquilamente.  hehehe...

Quatro horas depois recebi uma mensagem: "Vânia, estou em TP. Já avisamos a Jamile. Bj. Kátia".

Respondi: "obaaaaaa, hj vai ter festa! Vou ligar pra Jamile. bjs!"

Lua sorrindo, na noite em que o Bem nasceu.
Mandei mensagem pra Jamile, reforçando o pedido de carona. Arrumei uma mochila com uma troca de roupa, e fiquei no facebook passando o tempo. A Tatiana Corrêa estava on line, e ficamos batendo papo sobre gravidez, parto, parto, parto... contei que estava aguardando as contrações da Kátia ficarem bem próximas, e quando ela chamasse a Jamile, eu iria junto de carona. (Eu mesma não era a doula contratada, eu era a doula amiga, voluntária, convidada especial, por isso iria junto com a parteira e não logo no começo do TP).

Tragicômico: enquanto esperava fui fazer xixi e levei o celular junto, pra que se tocasse eu atendesse rápido. Aí saí do banheiro, fechei a porta e esqueci o celular lá dentro! A Jamile mandou duas mensagens, dizendo que já tinham chamado, depois me pedindo pra ir até a rodoviária que ela me pegaria lá... aí me ligou, e eu ouvia o celular tocar e não achava! Quando encontrei e atendi, ela me perguntou: - "já está chegando"? E eu respondi: - chegando onde?

Aff... que vergonha! Ela teve que me buscar em casa pq a essa altura seria mais rápido do que me esperar chegar até a rodoviária... fui esperá-la na rotatória perto de casa, assim pelo menos economizaria o tempo  dela ter que ficar procurando a minha casa...

Chegou rapidinho e lá fomos pelo caminho, colocando assunto em dia. Chegamos em Araraquara e Jamile colocou o endereço da Kátia no GPS. Nós duas já tínhamos ido na casa da Kátia, mas chegar até nas proximidades é que era a dúvida. Aí o GPS mandava virar e retornar, virar e retornar, ficamos rindo por saber que a máquina estava errada... seguimos os nossos próprios palpites e chegamos sem dificuldade.

O Tom veio abrir o portão, e encontramos a Kátia na sala, de olhos fechados, concentrada em seu próprio corpo. Quando abriu os olhos e nos descobriu ali, sorriu mansamente e fechou os olhos novamente. Bem cara de partolândia! Quando veio a contração ela vocalizou forte, bem cara de expulsivo! Então ficamos todas sorridentes. O Tom já estava enchendo a banheira, a Jamile começou a abrir suas coisas e preparar o ambiente para receber o bebê. Eram 3 da manhã mais ou menos.




As contrações não estavam muito muito próximas como é o mais comum de acontecer quando o bebê está quase nascendo, mas como já vimos alguns partos tranquilos com contrações não tão próximas... o comportamento da Kátia é o que mais indicava que logo veríamos a cabecinha do Ben começar a aparecer. Mas quando um tempinho se passou e isso não aconteceu, Jamile sugeriu: "vamos dar uma olhada pra ter certeza"?

Kátia aceitou. E o resultado foi: "olha, ainda falta um tempinho, mas como vc está com muita dor, que tal entrar um pouco na banheira? Vai te ajudar a relaxar e re-encontrar o foco"...

Kátia fazia uma cara de sofrimento durante as contrações, embora conseguisse relaxar bastante durante os intervalos e a gente tivesse a impressão de que ela chegava a tirar uns cochilos, ela estava começando a lutar contra as contrações, lamentando e fazendo sinal negativo com a cabeça quando elas começavam. E quando vemos isso acontecer sabemos que o parto vai se prolongar porque a mulher está resistindo em deixar a contração fazer o seu trabalho.

Então nosso papel, de nós todos que estávamos ali, passou a ser de ajudar a Kátia a se entregar novamente ao TP. Ela entrou na banheira, ficou um pouco, relaxou bastante, e as contrações deram uma espaçada. A princípio isso não me preocupou porque o TP estava avançado, ela estava com mais de 7cm de dilatação, e se as contrações espaçaram eu tive fé de que era o que o corpo dela precisava. Ela tiraria uns cochilos mais longos, descansaria, recuperaria o controle sobre suas emoções, e depois as contrações se aproximariam de novo, quando voltassem a ser recebidas com alegria.

A Camila chegou, acho que entre 5 e 6 da manhã, se não me engano o dia estava quase amanhecendo. O Tom foi abrir o portão e brincou: "já nasceu!", e ela entrou rindo e dizendo: "nasceu nada, se tivesse nascido eu saberia"... rsrsrsr





Kátia saiu da banheira e daí pra frente ficou revezando entre a bola e a banqueta. Embora não tenha chegado ao ponto de receber as contrações com alegria, Kátia parou de lutar contra elas. Mas pediu uma toalha para morder. Pediu várias vezes. E nós ficamos conversando com ela, explicando que trancar os dentes não era uma boa ideia, que seria melhor ela abrir bem a boca, e que se tivesse vontade de gritar então que gritasse... nós gritaríamos junto para fazer companhia. E rimos... ela sorriu. E conseguiu começar a abrir bem a boca e entoar um mantra bem alto de "aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii". E nós em volta reforçando: isso Kátia, solta, deixa doer que nasce!

Daí pra frente o parto ficou um pouco traumático para o Tom. Porque foram muitas horas de verbalização do mantra AAAAAAAAAAAAAAAAAAiiiiiiiiiiiiii, e segundo palavras dele, esse som o perseguiu durante alguns dias... ou meses, não sei direito. A ponto de hoje eu ter sérias dúvidas sobre se não teria sido melhor dar uma toalhinha para a Kátia morder. Embora isso seja contra todas as pesquisas de que mandar a mulher trancar os dentes na realidade atrapalha a abertura do colo do útero... talvez a Kátia seja uma excessão à regra. E agora não tem como voltar no tempo e tirar a prova. Se emitir os sons acabavam por incomodá-la, de verdade, sinto que errei quando não atendi seu pedido.

O dia amanheceu, o sol esquentou um pouquinho, mas mesmo assim, sair para caminhar no quintal ainda não era uma boa opção, pois o vento estava bem frio. Tom comentou que sairia para comprar pão, mas a Kátia fez objeção na hora. "Não sai não, fica aqui comigo". Então seu pedido foi atendido. Saiu um café da manhã, com leite, café e bolachas. Provavelmente acabamos com as bolachas do Enki! Rsrsrsrsr

Chegou a hora do almoço. Tom foi para a cozinha e cozinhou macarrão, com molho e carne de soja. E todas nós almoçamos: eu, Cristiane, Jamile e Camila. Não me lembro do Tom ter almoçado.

As contrações da Kátia foram ficando ainda mais espaçadas, embora em algum momento que não me lembro qual, um exame de toque tenha mostrado que a dilatação já estava completa, então mesmo com as contrações distantes o parto estava evoluindo. Kátia continuava ativa, embora mantivesse os olhos fechados quase o tempo todo, e só durante as contrações mais fortes ela abria os olhos e olhava em volta, com o olhar de partolândia que ela já tinha desde os 7cm. 

Em algum momento eu disse para o Tom que a Kátia talvez estivesse limpando as memórias do trabalho de parto do Enki, quando ela ficou com a dilatação parada em 9cm durante 8 horas e foi para a cesárea. E embora tenha sido uma cesárea muito bem indicada, eu jamais esquecerei da expressão de derrota quando ela abaixou a cabeça e murmurou uma pergunta: "não foi por falta de tentar né"?!

Eu mantinha minha fé de que após reviver e limpar as memórias celulares do TP anterior, ela abraçaria as contrações com alegria e traria o Ben para o lado de cá da barriga, de forma natural e no calor de sua casa. Em algum momento ela chegaria a conclusão fatal: a dor faz parte do processo, mas o sofrimento é opcional. E apesar da expressão de sofrimento que ela mantinha, o parto estava evoluindo. Lentamente? Talvez, mas temos certeza de que cada parto é um nascimento diferente, do bebê que está vindo, da mulher que está em TP e tem seus conflitos para resolver, do pai que está ali renascendo como pai de 2 e não mais de filho único. Do primeiro bebê, que agora passará a ser o irmãozão... a família está renascendo, e cada uma tem o seu tempo.




Dai a algumas horas a minha suspeita de que a Kátia precisaria de mais tempo até colocar o Ben pro lado de cá já era uma certeza. E entre nós que estávamos ali ajudando, começamos a revezar umas cochiladas, pq mentes cansadas param de ter idéias criativas sobre a melhor maneira de ajudar. 

Os horários de refeições marcavam a passagem do tempo.

Enquanto isso, Kátia também se alimentou. Colheradas de açaí com mel... depois uma sopinha... 

Mais tarde um chá, que poderia ajudá-la a relaxar e se entregar, abrir-se, soltar-se, ceder e vencer.

Kátia finalmente começou a sorrir. Abriu os olhos, abriu um grande sorriso, partolândia com força total, fez declarações de amor a todos que estavam presentes, sorria durante as contrações e dizia: "o Ben vai chegar, vamos ter mais um bebezinho em casa". E continuava sorrindo durante os intervalos, enquanto permanecia de olhos fechados, com a respiração bem tranquila.

A bolsa rompeu quando ela estava sentada na banqueta. E eu estava perto, fazendo massagem, escutei até o barulho: PLOC! Saiu pouco líquido, e claro. Tudo correndo bem!

Tocamos músicas. O Tom carinhosamente foi escolhendo uma a uma, e Kátia balançava o corpo. Tom aplicava reike na barriga, incentivando o Ben a rodar. Tínhamos a impressão de que ele tinha parado no mesmo ponto em que o Enki parou, embora a dilatação estivesse mais avançada.




A tarde finalmente estava mais quente, e Kátia estava sentindo um conforto quando fazíamos o cabo de guerra durante as contrações. Ela foi incentivada então a ficar de cócoras durante as contrações, segurando-se em um lençol pendurado no telhado do quintal. Nessa hora eu estava tirando um cochilo deitada no sofá da sala. 


Depois de algum tempo percebi uma movimentação mais intensa. Estavam vindo para dentro porque o nascimento era eminente, a posição tinha dado certo, ela veio para a sala e sentou-se na baqueta. Alguém comentou que só agora a bolsa tinha rompido mesmo, saiu bastante líquido... As contrações vinham e iam, vinham e iam, e o Ben não apareceu... foi feito mais um exame de toque e ele tinha voltado um pouco no canal de parto. Como a posição anterior tinha sido muito boa, outro lençol foi amarrado na janela do quarto, pq lá fora estava ventando frio de novo, então tinha que ser dentro de casa. Mais uma vez o nascimento parecia eminente. E mais uma vez ele voltou no canal de parto. 


Mais uma vez continuamos a incentivá-la mas infelizmente a dúvida começou a nos rondar. E se começou a nos rondar, imaginem como o Tom estava se sentindo. Neste ponto estávamos todos receosos de verbalizar nossas duvidas, mas a cada vez que se fazia uma ausculta dos batimentos cardíacos do bebê, ver o sonar ser colocado no mesmo lugar onde estava oito horas antes era emocionalmente pesado.


A possibilidade de transferência para a maternidade começou a se formar. E Kátia abriu bem os olhos e falou: "não desistam de mim"!! e chorou.






Jamile então sugeriu: vá para o chuveiro, tome um banhão assim, com bastante água caindo na cabeça. Kátia foi, mas saiu muito depressa, todas nós nos espantamos quando ouvimos o chuveiro desligando. Jamile então foi lá e falou pra ela ficar mais um pouco, tentando relaxar meeeesmo. Kátia voltou para o chuveiro, disposta a qualquer coisa, fazendo tudo o que fosse necessário. Perguntou se podia se sentar no vaso sanitário e todas fomos unanimes em responder que seria melhor na banqueta de parto. Mais baixinha que o vaso, e onde poderíamos ver caso o Ben começasse a aparecer. 

Kátia voltou para o quarto, sentou-se na banqueta, Jamile pediu para fazer um toque durante a contração. Sentiu a cabecinha descer bastante, ficou com os olhos cheios de lágrimas, falou com a voz embargada: "vai nascer!". E fez sinal para a Camila colocar as roupinhas para esquentar. 

Aguardamos... nada aconteceu. Outro exame, e o Ben tinha voltado de novo no canal de parto.

Nesse ponto sentimos que a transferência para o hospital era inevitável. Saí e falei com o Tom. Ele ficou um tanto aliviado pois ele já estava com muito receio de que estivéssemos insistindo demais no parto natural, o medo já tinha começado a rondá-lo. De minha parte, cheguei a ter dúvidas e falei para a Cris que achava que tinha escutado os batimentos cardíacos do bebê um pouco devagar... será que as contrações não estavam tão distantes porque o Ben já estava cansado?? A Cris foi perguntar para a Jamile e ela me respondeu que não, que tinham chegado talvez próximos ao limite inferior, mas nunca estiveram abaixo do nível seguro, e o mais importante: a variabilidade estava ótima, ou seja, caiam um pouco durante as contrações mas se recuperavam rapidamente quando elas passavam. (Agora, enquanto escrevo, fico até com vergonha de confessar que tive essas dúvidas, mas não quero fingir que sou perfeita... eu duvidei, verbalizei, a dúvida foi sanada, voltei a me sentir segura. Ponto!)

Tom chamou um grande amigo para ajudar nessa transferência para a maternidade. Kátia chorava, e pediu para tentarmos mais um pouco. Deitou-se na cama, de barriga pra cima, e Camila fez mais um toque durante a contração. Sorriu e falou: "ele está rodando na minha mão, estou sentindo... isso Kátia, faz força aqui embaixo, isso, assim mesmo"...

Quando passou a contração a Kátia falou: "agora eu senti, agora entendi, vc ficar com os dedos aí ajudou eu sentir direito"... então, a pedido dela, a técnica foi mantida...

Saí do quarto e falei com o Tom, que estava lá fora conversando com o amigo que já tinha chegado. Conversei um pouco com os dois, morrendo de medo que o Ben nascesse enquanto eu estava lá fora, mas tranquilizar o Tom era parte do meu trabalho também. Kátia tinha voltado a cantar aquele mantra bem alto, e o som doía nos ouvidos dele... ele chegou a se afastar um pouco de casa, indo um pouco pra lá na calçada, onde se sentaram para esperar mais um pouco sem ouvir os gritos dela.

De volta no quarto, encontrei todas dando risadas... Jamile olhou pra mim e esclareceu: "não vai ser um parto humanizado mas vai ser "tipo humanizado"! Isso pq a Kátia estava sentindo-se bem de barriga pra cima, com orientação de como fazer força, então todas nós começamos a falar "força, força, força, isso, muito bem, não para agora"... Se estava dando certo, ué, então que fosse assim!

Comentei que todas nós tivemos partos assim, e eu pelo menos não trocaria o meu parto frank por uma cesárea! Jamile e Cris concordaram comigo, e alguém comentou que só a Camila que não tinha parido assim... Kátia começou a rir e completou: "já sei, ela não tem filhos ainda né"? E todas nós estouramos em risadas!


Então o bebê desceu no canal de parto, as roupinhas foram colocadas para esquentar mais uma vez! E mais uma vez nada aconteceu.

Todas nós tivemos que encarar nossos fantasmas... porque depois disso as contrações deram uma espaçada enorme, chegando a ter intervalos de meia hora. E o bebê estava alto de novo. 

Começamos a preparar as coisas para irmos para a maternidade. A enfermeira que estava lá, de plantão, era conhecida da Cris, e tínhamos certeza de que seu atendimento seria alinhado com as recomendações da OMS, estávamos todos tranquilas quanto a isso. Infelizmente o mesmo não se aplicaria à médica plantonista... Um dúvida pairou sobre o que seria melhor, ir para a maternidade de Araraquara ou ir para São Carlos. E infelizmente, como a cesárea a essa altura parecia inevitável, chegou-se a conclusão de que levá-la para São Carlos só prolongaria o que já tinha se tornado um sofrimento: perder novamente o parto natural.

Então fomos para a maternidade, no carro do amigo da família, o Rubinho. O Tom ficou em casa esperando todo mundo sair para trancar tudo e então seguiria para a maternidade.

No caminho decidimos que eu entraria como acompanhante, já que a Cris, a doula ativista da cidade, poderia ser reconhecida e provocar comportamentos retaliativos por parte da médica que estava de plantão. Eu mesma conheço essa realidade por experiência própria, pois infelizmente já aconteceu comigo em São Carlos!

Chegamos na maternidade. A primeira dificuldade foi logo na portaria, pois a recepcionista achava que quem fosse acompanhar a Kátia só poderia entrar depois do exame... a enfermeira veio e falou que o direito a acompanhante era lei, e foi entrando com a Kátia e me dizendo que podia entrar também... o exame foi feito, constatada dilatação total e bolsa rota, a internação confirmada. Eu estava ajudando a Kátia a recolocar a calcinha quando a guardete veio com a missão de me levar para fora, dizendo que eu só poderia entrar depois que a internação fosse feita. Fiquei assim de olhos arregalados no meio do corredor, e na verdade não me lembro bem como isso se resolveu. Acho que a enfermeira interviu novamente, dizendo que isso podia esperar, a Cris veio dizer que os documentos estavam com ela e poderia fazer a internação, mas mesmo assim eu tive que ir até a mesa da recepcionista para que um adesivo de "acompanhante" fosse grudado na minha blusa, enquanto ela me explicava que a autoridade de me deixar entrar ou não era da recepção e da guardete, e não da enfermeira... eu parecia uma vaquinha de presépio mexendo a cabeça em sinal de concordância pq tudo que eu queria  era que aquela conversa tivesse fim para que eu pudesse subir e ficar com a Kátia.

Enfim, a conversa sobre quem tinha o poder de decisão sobre cumprir a lei ou não chegou ao fim, e eu obtive a autorização para subir. Encontrei a Kátia sendo examinada novamente, pois a médica não confiou no exame da enfermeira e quis verificar com seus próprios dedos, o que ainda por cima fazia em extrema grosseria, sem pedir licença, e perguntou a que horas a bolsa tinha rompido... eu respondi que não tinha certeza de que tinha rompido por que umas vezes pingava e outras vezes não pingava... fiz a melhor cara de burra de que fui capaz!

A médica falou que a bolsa  não estava rota não, pegou aquele instrumento parecido com agulha de crochê e furou a bolsa... a Kátia chegava a pular de susto, eu tentava ajudar da melhor forma, a enfermeira parecia estar presa num filme de terror, tentava afastar a médica para que a Kátia pudesse respirar melhor. 

A médica viu então que as contrações estavam muito espaçadas, eu aproveitei para me fazer de burra de novo... (é importante que a médica sinta que é a mais inteligente da sala). Se ela ficar com pena dos pobres e ignorantes, ganhamos pelo menos uns pontos de simpatia. Falei: - "então... por isso que a gente demorou pra vir, as contrações estavam muito espaçadas... mas ela sentiu vontade de fazer força, então na dúvida achamos que era melhor vir dar uma olhada"!

Felizmente fazer cara de banana podre é uma capacidade que não me abandona quando é extremamente necessária!

O soro foi colocado, com 30 gotas por minuto. Fiquei com muito medo nessa hora. Tive absoluta certeza de que essa médica não sabia o que estava fazendo, e rezei, rezei, rezei o tempo todo. Pensava: "PQP se acontecer alguma m**** ninguém vai acreditar que quando chegamos na maternidade o bebê estava bem e depois do soro aberto demais ele nasceu mal"... Egoísmo né? Pensar que o bebê nasceria mal e eu ainda seria apontada como culpada. Mas de novo: não quero fingir que sou perfeita. Isso me passou pela cabeça, fazer o quê? Fiquei com medo pelo bebê, e como não sou burra, as consequências não só para ele me vieram à mente também. 

As contrações ficaram bem próximas de um minuto para o outro. Kátia se posicionava em quatro apoios e sem que nenhuma palavra fosse necessária, a enfermeira empurrava o quadril de um lado e um empurrava do outro, fazendo o chamado "fórceps de parteira". Porque é assim que funciona entre pessoas que sabem o que estão fazendo.


Meu celular vibrava o tempo todo. Eram a Cris e a Jamile pedindo noticias, mas as contrações estavam tão próximas que eu não conseguia responder, não dava tempo.


A médica insistia em fazer toque a cada contração, ou no máximo a cada duas... Me cortou o coração quando a Kátia falou com a voz chorosa: "mas deitada é horrível, eu quero levantar".


A enfermeira não esperou permissão da médica, ajudou a Kátia a levantar, sugeriu que ela fosse um pouco na bola... a médica saiu da sala chutando a lixeira e batendo a porta.


A enfermeira auscultou o bebê novamente, estava tudo bem, a médica voltou, falando muito brava, não me lembro bem o que... acho que falou que já fazia mais de meia hora que a dilatação estava completa, então seria cesárea. Abriu o soro - mais de uma gota por segundo - pensei:  - Jesus, a Kátia tem cesárea, não pode abrir o soro desse jeito!!!


Saíram todos do quarto, ficamos sozinhas.


Passou uma contração, a Kátia olhou pra mim e disse: - "Vânia, eu senti! Agora eu senti ele descer, agora vai nascer"!


Meu coração ficou do tamanho de uma azeitona nessa hora. Falei com a maior doçura e cuidado de que fui capaz: "Linda, eu não sei o que vc sentiu, mas eu tenho certeza de que o bebê continua no mesmo lugar que ele já estava há mais de dez horas atrás". (pq quando a enfermeira fez a ausculta o sonar foi colocado exatamente no mesmo lugar).


Não cheguei a falar que a médica já tinha saído para chamar o anestesista para a cesárea... veio outra contração, a Kátia suspirou e fechou os olhos... a enfermeira tinha voltado, olhou pra mim e falou bem baixinho: "acho que perdi meu emprego... mas também eu não aguento mais ver as mulheres sendo tratadas desse jeito!".


Ajudamos a Kátia a atravessar mais essa contração... e a cabecinha do Ben começou a aparecer. Eu fiquei com medo de acreditar! Meu Deus, será que estou sonhando acordada?


A médica voltou, quis examinar de novo, nem foi preciso, foi só a Kátia deitar e dava pra ver a cabecinha aparecendo. Já  veio outra contração e a médica queria que ela se levantasse e caminhasse até o centro cirúrgico, no meio da contração! Fiz cara de clemência, olhei pra médica e pedi: - espera a contração passar que ela consegue, nós vamos ajudar.


A médica saiu bufando de novo, falou que ia trocar de roupa. Passou a contração, ajudamos a Kátia a levantar e descer da cama e já veio outra contração. Nesse ponto eu tive confiança de que ela conseguiria chegar até o centro cirúrgico que era bem ao lado, então dei um beijo nela e falei: "Kátia, eu vou descer para o Tom poder subir, vai dar tudo certo"!


Desci correndo, entrei voando na recepção, falando "vai nascer, vai nascer, cadê o Tom"? Ele estava descansando no carro e a Cris foi até lá chamá-lo, fiquei com receio que não desse tempo... quando ele veio eu falei: "Tom, a médica vai fazer episiotomia mas tenha certeza que é melhor do que cesárea! Corre que vai nascer!"



Ele saiu correndo e o guarda o barrou dizendo que ele precisava do adesivo. Corri até ele, tirei o adesivo da minha camiseta e grudei na dele, e ele saiu correndo de novo.

A Cris a essa altura estava pulando no meio da recepção, sorrindo e comemorando.


Ficamos as duas abraçadas, aguardando notícias, contei o que eu tinha visto, ela mandou mensagem para a Jamile, que estava aflita por notícias.


Não demorou nada e a Cris recebeu mensagem no celular dela. Era a enfermeira, lá de dentro mandando notícias. A mensagem dizia assim: "Nasceu! com procedência de mão e circular em alça."


Começamos a pular de novo, abraçadas... e logo a enfermeira desceu para falar com a gente. Estava nervosa, dizia que não aguentava mais ver as mulheres sendo tratadas desse jeito, contou que sentia até vontade de faltar ao trabalho de tão desmotivada que se sentia. Ficamos ali conversando, aparando as arestas, consolando. A história da Kátia seria muito diferente se essa enfermeira não estivesse de plantão naquela noite!


(Observações importantes: 1) a Kátia pediu duas vezes para a médica não fazer a episio e ela não fez. Depois ficou reclamando que a laceração foi grande por causa da falta da episio... 2) uma laceração que precisa de 6 pontos não é grande, nem aqui nem na China! rsrsrsrsr)




O Tom apareceu, o tempo permitido pela maternidade que ainda não cumpre a lei tinha acabado. Perguntei se poderia dormir na casa dele, senão eu iria para a casa da Cris. Ele ficou muito aliviado por ter companhia para voltar para casa, disse que já tinha pensado em ir dormir na casa do amigo, para não ficar só em casa com as lembranças dos gritos da Kátia.


Na hora de sair que fui perceber: quando desci correndo para que o Tom pudesse subir e acompanhar o nascimento do Benjamin, esqueci minha bolsa. Nem me deixaram ir buscar. O guarda perguntou onde eu tinha deixado e foi ele mesmo buscá-la. Medo de que eu burlasse as regras e fosse dar um tchau para a Kátia? rrsrsrs


Voltamos para a casa. No caminho já conversamos bastante, o Tom estava muito impressionado com o sofrimento da Kátia. Contou os detalhes do atendimento da médica nos momentos finais do nascimento. A médica reclamou o tempo todo do comportamento da Kátia, dizendo que ela não estava colaborando! Muito triste ter que escutar isso num momento que deveria ser de comemoração, emoção, alegria... Kátia ainda teve presença de espírito para dizer, depois do parto: "viu doutora, eu cheguei e rapidinho nasceu, nem dei tanto trabalho assim"!


Tom contou também que o bebê nasceu muito tranquilo, parecia que estava dormindo, aí abriu os olhos, olhou em volta e fez uma careta.


Já de volta a casa, esvaziamos a piscina e o Tom a colocou no quintal para secar. Passou um pano na sala e deixou tudo arrumado, depois nos sentamos para tomar um chá de camomila e ficamos conversamos mais um pouco. A Kátia ligou, sua voz estava alegre, disse que o bebê estava com ela, e estava tranquilo, já tinha mamado sem dificuldade, ela ia tomar banho, estava tudo bem. Ele disse que eu estava ali, ela começou a me agradecer por ter ficado com ela, e disse que estava muito feliz por ter conseguido parir, apesar de não ter sido como o planejado. 


Quando ela desligou achei que a expressão do Tom já estava um pouco mais serena. Antes disso, no caminho para casa, eu tinha falado que ele perceberia depois a diferença, pois a recuperação dela seria muito mais rápida, além de não ficar aquela frustração por não ter nascido de novo. Dessa vez ela também precisou da ajuda do soro, mas isso nem se compara com uma cesárea. Além disso, todas as outras intervenções: obrigá-la a deitar-se, amarrá-la... a Kátia sabe que nada disso foi mesmo necessário. Então o sentimento um dia chega ao seguinte ponto: tudo isso foi feito pq a médica ainda acha que é necessário, porque parou de estudar, porque não está aberta a novos aprendizados, porque está engessada em um modo desatualizado de atendimento a parturientes... e ainda por cima se acha muito esperta! Tenho mais dó da médica do que da Kátia... porque a Kátia é inteligente! rsrsrsr


Fomos dormir. 


Eu dormi bem, mas acordei com uma baita dor de cabeça. Achei que era falta de café, fui até a cozinha e achei café instantâneo, fiz um pouco pra mim. Na sala achei uns livros para ler, voltei para o quarto e fiquei lá bem quieta até o Tom acordar. Quando escutei ele andando pela casa, levantei-me também. Tomamos café e a Kátia ligou. Contou que a noite foi tranquila e pediu para o Tom levar algumas coisas que na correria em que fizemos as malas acabamos esquecendo.


Antes de sair de casa a minha dor de cabeça tinha piorado. Ele me deixou na rodoviária antes de ir levar as coisas para ela na maternidade.


Na rodoviária comprei remédio e tomei dois, minha cabeça estava arrebentando. Deu uma melhoradinha... quando cheguei na minha casa já tinha piorado de novo. Fui tentar dormir e piorou mais ainda. Sentei-me na cama e pensei: - Ok, agora eu vou descobrir porque a minha cabeça está doendo tanto! Respirei fundo três vezes... e me dei conta que não tinha tomado um copo de água o dia todo! Só tomei aquele copo de chá de camomila, perto da uma da manhã. Fui até a cozinha e tomei dois copos de água, bem devagar... e a dor de cabeça desapareceu antes do fim do segundo copo! Mais uma aprendizagem importante para a minha bagagem: não esquecer de tomar água! rsrsrsr


Eu e Kátia trocamos muitas mensagens desde então. Quando o Ben estava com 7 dias eles tiveram que vir a São Carlos resolver umas coisas, e passaram na minha casa, para devolver a piscininha e conversar um pouco. Tiramos fotos. Kátia ainda estava se sentando de lado, com muita dor nos pontos. Depois descobriram que a médica apertou demais os pontos, que ficaram machucando... mais uma dor que poderia ter sido evitada! Felizmente, mais alguns dias e Kátia estava completamente recuperada, mas foram dias bem longos!



Kátia, Benjamin e eu

Tudo valeu a pena. Sentir dor é diferente de sofrer. Dor de parto é sinal de que tudo está correndo bem, de que o bebê vai nascer. É graças a essa dor que as mulheres tem tempo de voltar para casa se estiverem na rua, e se for preciso tem tempo até para dar uma limpadinha na casa, assim o bebê nasce na casa bem limpinha. A natureza é sábia, sempre! E toda vez que questionamos e pretendemos melhorar a natureza, erramos!

Quanto ao sofrimento imposto pelo atendimento desatualizado e grosseiro da médica: deixamos de sofrer quando deixamos de nos comportar como vítimas e passamos a exigir um tratamento melhor. É nosso direito ir para uma maternidade e encontrar profissionais que gostam de atender parturientes, que gostam de ver bebês nascendo, que tem amor pelo próximo, e que não param de estudar depois que recebem o diploma. Quando silenciamos, sofremos!


Mas silenciar não faz parte da nossa natureza: nem da minha, nem da Kátia, nem do Tom, nem da Cris... e o parto da Kátia acabou dando força a um movimento de luta pelo direito a um atendimento digno e humanizado, atualizado, e com o cumprimento da Lei do Acompanhante, que vem sendo desrespeitada sistematicamente em Araraquara!



Antes de engravidar, quando a Kátia mudou-se para Araraquara, o atendimento ao parto em São Carlos já tinha melhorado muito. Kátia foi a primeira a tentar um parto na água dentro da maternidade de São Carlos, na piscina inflável. Foi um trabalho de parto muuuito comentado. Eu sempre dizia que ela tinha sido pioneira, e que depois do nascimento do Enki muitas mulheres se beneficiaram percorrendo o caminho que ela tinha ajudado a desbravar. 

Quando ela engravidou pela segunda vez, em tom de confidência ela me disse: "Vânia, dessa vez eu não quero desbravar caminhos, eu quero um parto tranquilo, na minha casa"...


Pois é... só que quando a gente chega nessa Terra com uma missão, não adianta correr que o destino nos alcança!


E eu estava lá de novo! Grata, eternamente grata! Imensamente feliz por ter participado novamente da história da minha amiga/irmã, desbravadora de caminhos iluminados!


Bons caminhos para se dar à luz!



Benjamin com 4 meses


Kátia, Tom, Enki Miguel e Benjamin... amo muito vocês! Muito muito muito muito...


Benjamin, seja muito bem vindo, sempre! Muita saúde! Parabéns por ter vindo completar essa linda família!


Vânia C. R. Bezerra

doula de corpo, alma e coração! 

Amo, amo, amo, amo, amo muito essa vida!



Benjamin e Enki Miguel - A arte de fazer filhos bonitos!
Ben com 5 meses - Lindo!




Vejam a reação da Kátia ao meu relato, mais o relato dela do nascimento, depois d'eu ter descido correndo para o Ton subir e ficar com ela, e ver o filho nascer. :)

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Oi meu amor!
Dessa vez nem chorei com seu relato, pois a situação foi de uma batalha q foi vencida então leio com sorriso no rosto.
O que tenho a tirar de tudo isso é que realmente cada parto é um parto. Nem eu e nem ninguém pode julgar os TPs em andamento, nem mesmo quem está na área obstétrica há muito tempo, pois só Deus sabe o aprendizado q a parturiente e envolvidos vão ter q passar.
  
Faria tudo de novo, pois tive oportunidade de passar todo meu TP no conforto da minha casa e com a segurança do conhecimento técnico da Jamile. Com certeza uma mesma situação na maternidade de Araraquara já teria virado cesária sem muita espera.
Bom vamos ao momento que vc desceu pra chamar o Ton:
Quando eu já estava na porta a enfermeira amiga da Cris disse pra mim baixinho: " Peça pra ela não fazer episio, senão ela vai fazer". Graças a Deus eu estava ainda em condições de ainda ouvir alguma coisa! rss... Assim eu fiz o pedido logo que estava entrando na sala de parto e ainda repeti mais uma vez.
Ao subir naquela cama que fica em posição ginecológica fiquei primeiro de quatro quando veio outra contração, e então a médica gritou: - "Deita aí pelo amor de Deus, quer que seu filho morra caindo no chão? Depois ainda levo processo nas costas!". 

Será que precisaria o Ben cair no chão? Ela não consegue aparar o bebê eu estando de quatro?!!
Enfim consegui me virar, colocar as pernas no apoio. Logo veio outra contração, fiquei a partir daí só de olhos fechados, ela gritava: "Força, força, de boca fechada, não pára", olhei para a enfermeira amiga da Cris e ela fez sinal para eu atender o pedido da médica, foi quando o Ton chegou e pegou na minha mão.
Mais ou meno 23hs saiu a cabeça e a médica segurou e puxou o corpo, ufa! A maior parte da dor se foi. E então pra dar uma de tonta perguntei: "A placenta saiu?". A médica responde: "Não, provavelmente na próxima contração ela sairá" e ficou aguardando... Perguntei para saber se ela acabaria puxando minha placenta, então tomaria uma atitude. Na próxima contração realmente saiu.
Depois fiquei sabendo que a enfermeira amiga da Cris disse que o bebê havia nascido com a mão no rosto, observando a mãozinha e o cotovelo dele por vários dias reparei que estavam mesmo avermelhados, talvez pela pressão no TP.
A médica ficava resmungando: "Não quis episio, agora tem muita laceração!" E então como sabia que ela faria ainda alguns pontos preferi virar amiga dela enquanto era tempo..rs.... 

Disse: "Eu nem te dei trabalho, né doutora?". Ela responde: "Se todas chegassem assim tava bom!". 

Enquanto isso, o Ben estava sendo examinado pelo pediatra.
Logo o Ben foi colocado em cima de mim para tentar sugar, com o olho bem aberto ele me olhou e não sugou nada e foi levado pra terminar de examiná-lo e tomar um banhinho.
Depois de suturar 6 pontos de lacerações, fui colocada no corredor para terminar de tomar um sacão de ocitocina (pra que isso ainda? já dei a luz pô!), perguntando para a enfermeira ela responde: "Isso é um protocolo, tem que terminar de tomar..."
Chega a enfermeira amiga da Cris pra conversar comigo:
- Me desculpe (sic) viu? (com os olhos cheios de lágrima)
- Magina se desculpar pelo que? Você fez o que estava ao seu alcance, se você não estivesse aqui o que seria de mim? Tenho muito a te agradecer.
- Eu quero sair daqui, não aguentou mais ver isso. (se referia às atitudes da médica)
- Não saia, faça sua parte, faça a diferença.
Soube que pouco tempo depois ela pediu demissão, infelizmente.
Depois veio o Ben de novo, limpinho me sugar novamente, e dessa vez deu certo, fez a pega, mas não mamou muito. Ele foi dormir enquanto esperava eu ser colocada no quarto.
Veio outra enfermeira com um questionário imenso para eu responder e eu morrendo de fome e sono.
Fui para o quarto ainda com aquela agulha no punho, pedi pra tirar, pois queria tudo via oral. Fui atendida. Perguntei se podiam trazer alguma coisa para eu comer, trouxeram chá, biscoitos, manteiga e geleia, noooossa as coisas mais gostosas que comi na vida! rsss
O Ben veio para o quarto e quase não dormi, só fiquei paquerando-o. Durante a noite amamentava-o e trocava a fralda sozinha! Pela manhã tomei meu banho sozinha, que maravilha! E às 17hs tive alta sem receita médica alguma! Sai de sapato alto e um vestido lindo, nem parecia que em menos de 24hs tinha parido! Viva o parto normal! rsss
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Um beijão! O seu relato está perfeito.
Se quiser alguma foto me fale.
Tb te amo muito! Do tamanho do número de cesárias de Araraquara! ahuhauhauahu
Sua irmã: Kátia



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