Então... me contrataram e eu ia à casa dela uma vez por semana. Ela e o marido me recebiam na hora do jantar, e ficávamos conversando enquanto eles jantavam... hehehe... como eu era boa de garfo nunca me recusei a fazer-lhes companhia e Aida cozinha muito bem! Depois do jantar assistíamos filmes e tirávamos as dúvidas sobre o dia P (de parto).
O que eu anotei sobre a Aida para não me esquecer quando a estivesse atendendo: “mania de limpeza” – não dorme se tiver louça suja na pia. Nunca vai ao banheiro fora de casa. Conversamos bastante sobre isso, que eu achava que poderia atrapalhar na hora do parto. Ela acabou dizendo que no dia do parto fecharia os olhos e só se preocuparia em parir sua filha. O que mais anotei: Aida fica extremamente irritada com mantra OM. Não tocar música de índio porque também não vai dar certo! Gosta de Rod Stewart, Elton John, Marisa Monte, Adriana Calcanhoto. Então, sem problemas! Ela adora massagens na nuca e ombros, e se classifica com “manhosa”. (“Grito mesmo com pouca dor”). Não gosta de bajulação. (“Seja firme comigo se for preciso”). Aida nasceu de parto normal, doze horas de TP, acelerado com ocitocina.
De posse destas informações, a única coisa que continuava me preocupando era a mania de limpeza, e eu já me via dizendo a ela para deixar de frescura e parar de pensar no medo de se sujar na hora de fazer força... Booooom... chegou o dia P.
Aida começou a sentir contrações no domingo. Conversamos algumas vezes por telefone. Ela foi a maternidade pois estava preocupada com a Beatrice. Durante a gestação, a Beatrice se mexia muito e durante o trabalho de parto ela parou de se mexer. Por isso fizeram o cardiotoco para saber se ela estava dormindo ou em sofrimento. Fizeram até o teste da buzina. Beatrice deu um pulo na barriga, coitada! Ela não estava em sofrimento e sim dormindo, rs. Que maneira mais indelicada de acordar a menina, pobrezinha!
Bem no finalzinho da tarde, perto das 18h00, eu fui até a casa dela. As contrações estavam ainda espaçadas, e eu fui para conversar um pouco.
A irmã e a mãe dela estavam lá, e quando cheguei estavam providenciando um café com bolo. Aida até se sentou junto com a família e comeu um pouquinho, mas em seguida disse que estava se sentindo muito cansada e quis ir deitar-se um pouco. Fiquei por ali conversando com a família, e Aida conseguiu descansar por alguns minutos, mas logo se levantou dizendo que deitada as contrações doíam mais. Às dez da noite ela deveria voltar à maternidade para tomar mais uma “rodada” de antibióticos. E achamos que valia a pena saber a quantas andava a dilatação para saber se valia a pena voltar para casa. O toque revelou 4cm “apenas”, mas considerando que as contrações ainda estavam com intervalos maiores que 3 minutos, estava evoluindo muito bem. Aida optou por ficar internada, estava cansada e não quis voltar para casa para daí a algumas horas ter que voltar para a maternidade... então ficamos. E a dilatação evoluiu muito bem. Na metade da madrugada ela estava bem cansada, querendo se render. Lançamos mão de todos os recursos... ah! A banheira da maternidade tinha furado... mas eu tinha uma na minha mochila. Aida estava com calor, então saquei meu leque. E esquentei água para a bolsa de água quente nas costas... arrumei um lacinho para ela prender o cabelo, e depois uma touca de banho, quando ela quis entrar na banheira. Aida e Daniel apelidaram minha mochila de “bolsa do gato Félix”. Demos muita risada!
O dia amanheceu e ela estava com a dilatação completa, entramos na reta final, esperando mais um pouco para a Beatrice aparecer. Aida descansava nos intervalos das contrações, e quando elas vinham, abria bem a boca, relaxava e verbalizava AAAAA. (Nada de OooooooM, por favor! Kkk). Ficava de pé pendurada no pescoço do Daniel, sentava-se na banqueta de parto durante algumas contrações... teve uma hora que ela ficou de cócoras bem perto da cama Dra Carla abaixou-se para ver se Beatrice não estava coroando. Quando se levantou deu uma baita cabeçada na cama, nossa... tenho certeza que ela viu um monte de estrelinhas naquela hora! Mas só abanou a mão sinalizando que estava tudo bem.
Algumas contrações depois Dra Carla disse para a enfermeira:- “Podem chamar o pediatra porque vai nascer”. Logo depois a bebê teve uma pequena desaceleração no coração, mas bastou que Aida mudasse de posição para o ritmo voltar ao normal. Daí a pouco o pediatra, Dr. André, chegou, tudo estava preparado...
Mais algumas contrações e Dra Carla disse: - “Aida, a bebê subiu. Ela estava aqui embaixo e voltou. Eu sinto muito mas já faz mais de 3 horas que a dilatação está completa”... A decisão foi tomada sem muita tristeza. Sabendo que tinham feito todo o possível e que chegamos ao limite da segurança, não havia porque esperar mais. Tudo começou a ser preparado para levá-la para a cirurgia, e sendo segunda-feira de manhã eu sabia por experiência que demoraria um pouco mais para estarem de volta ao quarto.
Quando fui à visita pós-parto Aida estava passando uns dias na casa da mãe dela, e me receberam com alegria. Encontrei-a no quarto, amamentando, depois a avó veio trocá-la, e em seguida fomos ao quintal onde foi servido um cafezinho e ficamos conversando.
Família reunida |
Contaram que a cesárea não foi tranquila pq a bebê não tinha subido tanto que fosse fácil tirá-la pelo abdômen, então foi preciso empurrá-la para cima para conseguirem tirá-la. Mesmo assim o Daniel ficou junto todo o tempo, e o pediatra deu uma força, tirou fotos e foi bastante atencioso. A pediatra que estava de plantão também ajudou, e a Beatrice logo se recuperou.
Beatrice. Que olhos lindos! |
Aida declarou que apesar desse aperto no final, ela com certeza continuaria falando do GAPN para as gestantes que conhecesse, e numa próxima gestação tentará o parto natural novamente. Decisão tranquila de quem sabe o que é melhor, e tem certeza que a cesárea é um recurso valioso que deve ser utilizado quando há indicação, o que foi o caso, sem dúvida.
Aida e Daniel, muito obrigada por terem me chamado. Como sempre, foi uma honra!
A Beatrice está linda!
Beijos,
Vânia Doula.
e pq nao deu Vâ, pq ??
ResponderExcluirqueria entender essas coisas..rs
Oi Dri! Claro que eu também queria entender... se eu soubesse talvez pudesse ajudar. Mais do que ter bolsa do gato félix, eu seria a própria super doula! Beijos!
ResponderExcluirVânia, conheci seu blog hoje, estou lendo seus relatos a horas, amei o seu jeito de escrever, parabéns!
ResponderExcluirOi Lórien, obrigada! Adoro escrever, e os relatos tem ajudado muita gente. Eu mesma, quando estava em TP ficava lembrando dos relatos que eu tinha lido e isso me ajudou muito! Beijos!
ResponderExcluirOlá vania vou participar do seu blog tambem
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