Quem sou eu

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São Carlos (cidade natal), SP, Brazil
Sou formada em Psicologia pela UFU em 1996, fiz Aprimoramento Profissional em Psicologia Hospitalar pela PUC/Camp em 1998, formação de Educadora Perinatal pelo Grupo de Apoio à Maternidade Ativa em 2004, e Curso de Extensão em Preparação Psicológica e Física para a Gestação, Parto, Puerpério e Aleitamento pela UNICAMP em 2006, onde neste mesmo ano, participei da palestra "Dando à luz em liberdade - Parto e Nascimento como Evento Familiar" com a parteira mexicana Naolí Vinaver Lopez. O que é uma doula? Uma mulher experiente que serve (ajuda)outra mulher durante o trabalho de parto e o pós-parto. Fui doula por 18 anos. Sigo agora como psicóloga atendendo em consultório particular na Vila Prado em São Carlos-SP Contato: vaniacrbezerra@yahoo.com.br (16) 99794-3566

sábado, 14 de maio de 2011

ELISAMA, ADALTO E DAVI – 11/05/2010

De cada uma das minhas doulagens eu guardo lembranças particulares, únicas e intensas. Doular a Elisama foi simplesmente sensacional. 

Começou de um jeito bem atrapalhado... ela me ligou e já estava com 38 semanas, então marquei para dali a dois dias, pela manhã, na casa dela. No dia seguinte cheguei em casa e o meu marido me deu um recado: - "a moça com quem vc tinha marcado amanhã, a mãe dela ligou e avisou que o bebê já nasceu". Bom... pensei que logo eu saberia mais notícias lá no grupo de apoio ao parto, que ela estava frequentando... de qualquer forma trabalhei o dia todo nos meus projetos, e antes de sair para ir visitar a moça que estava de seis meses com quem eu tinha marcado naquela noite, liguei para avisar que chegaria um pouquinho atrasada... a sogra dela atendeu e disse: “ela está na maternidade, teve um parto prematuro”...  Achei tudo coincidência, desliguei o telefone triste, e fui contar pro Raul que não ia mais sair... 


Bom... cinco dias depois a Elisama me liga:

- "Oi Vânia, lembra de mim? Vc marcou de vir na minha casa e não veio"...

Ai meu Deus, que vontade de sumir num buraco, de bater a cabeça na parede... fiquei roxa de vergonha, pedi desculpas umas 10 vezes, marquei de ir na casa na segunda à tarde, desmarquei poutros compromissos, e às 16h00,  de florzinha na mão para simbolizar materialmente mais um pedido de desculpas, lá fui prá casa dela. 


Conversamos um pouco, ela tinha frequentado o GAPN e estava bem inteirada do assunto... estando de 39 semanas partimos direto para o plano de parto, para eu ficar bem ciente das preferências dela... e eu percebi que ela estava tendo contrações. Distantes ainda, dez minutos de intervalo... mas ela parava de falar e ajeitava as costas, passava a mão na altura dos rins... então fui fazendo minhas anotações: religião, medos... sabem do que ela tinha medo? De estar tranquila demais. Mas ela nasceu de um parto normal, rápido e tranquilo, e sua mãe apoiava sua preferência pelo parto natural. Assim, o medo de parto não faz mesmo parte do cenário da vida dela.

Sai da casa dela perto das 19h00, e deixamos mais um encontro marcado para a quarta-feira, quando falaríamos de primeiros cuidados e amamentação. Afinal contrações leves de dez em dez minutos podem parar, nunca se sabe... em nenhum momento ela me perguntou se eu achava que o que ela estava sentindo eram contrações. Depois ela me contou que quando eu saí ela pretendia jantar, e ainda corrigir provas e digitar o plano de parto antes de ir dormir. Mas após tomar a sopa sentiu-se cansada e ao mesmo tempo não conseguia ficar sentada, foi deitar-se e tentar descansar. 


Ligaram às 3h00 da manhã, cheguei na casa dela mais ou menos às 4. Ela estava deitada, tendo contrações frequentes e um pouco trêmula... mas nos intervalos das contrações dava instruções para o Adalto, que estava terminando de arrumar as coisas que levariam para a maternidade. Levei a bolsa de água quente, fiz massagens, ajudei-a a mudar de posição, ela conseguiu ficar um pouco sentada na beirada da cama... amanheceu o dia e as contrações estavam bem próximas já há algum tempo. 


Achei melhor ir para a maternidade antes que o trânsito se intensificasse, assim como o movimento na maternidade, com os exames e cesáreas agendadas, horário de visita às sete... chegamos lá às seis. Entrei com ela para aguardar o exame de admissão enquanto o Adalto ficou na recepção preenchendo a ficha.

Enquanto aguardávamos a enfermeira, Elisama teve uma contração. Estando de pé ela inclinou-se para frente e apoiou os cotovelos na maca. Nessa contração a bolsa rompeu e vimos o líquido claro formar uma poça entre os pés dela. Ela olhou prá mim e abriu um grande sorriso.

Logo ela foi encaminhada para o quarto... bom, estavam sem quartos disponíveis, então ela foi para aquele apartamento da esquina, em frente ao postinho de enfermagem... lá montaram o berço aquecido, trouxeram a bola de fisioterapia, a banqueta de parto, chá e bolachas se ela quisesse comer, assim como água gelada... gente, que benção! Quanta diferença... nessas horas eu adoro estar nesta terra, adoro ter confiança na capacidade de mudança para melhor, e acho que tudo vale a pena... TUDO! J



Então ficamos ali, eu, Dra Carla, enf Shirley, a pediatra linda... putz, não me lembro qual das duas lindas estava nesse dia! Rsrsrs (sorry!), e o Adalto, todos ajudando Elisama a se soltar. 


Quando vinha a contração ela meio que retesava as pernas, acabava segurando um pouco o bebê. Então fomos sugerindo mudanças de posição... de pé abraçada no marido, de pé puxando o lençol, sentada puxando o lençol, sentada na banqueta... aí a Shirley sugeriu que ela ficasse de cócoras segurando na cama. Elisama então ficou entre os pés da cama e a parede, segurou e ficou de cócoras. Disse que agora tinha entendido como era a força que devia fazer, pq nesta posição ela conseguiu sentir o bebê descendo. Dra Carla então calçou as luvas e deitou-se no chão, encostada na parede, e foi assim que o Davi nasceu. Lindo!

Dra Carla passou o bebê para a frente, Elisama o pegou, colocaram um lençol limpo e dobrado no chão, Elisama se sentou com seu filho nos braços... e ele fez um xixizão comprido, que passou por cima do ombro dela e acertou a parede. Todos rimos da cena.
Rapidinho Dra. Carla sugeriu que a ajudássemos a ir para a cama, e assim que ela se levantou a placenta saiu. Fácil assim!

Fiquei por ali mais um tempo, até que tudo estivesse limpo e as visitas começassem a chegar. Logo fui para casa, levando comigo as lembranças de um lindo parto, lindo nascimento, linda família.


Elisama... muito muito obrigada por ter me perdoado, e por ter compartilhado comigo a chegada do lindo Davi!


Adalto, vc foi impecável. Parabéns pela linda família.
Davi, que sua vida seja linda e cheia de luz, assim como foi o dia do seu nascimento.

Um graaaaande beijo a todos!

Vânia Doula.






2 comentários:

  1. Saudades dos seus relatos! Esse parto foi lindo, perfeito. Parabéns à mamãe, doula e equipe.
    Beijos
    Helô

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  2. Belo trabalho, bela equipe...Dra que deita no chão é LUXO que só. salud! Dê notícias mulher. Muitas aventuras?

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