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Sou Doula e Psicóloga. Atendo em consultório na Vila Prado em São Carlos SP. Formada em Psicologia pela UFU em 1996, fiz Aprimoramento Profissional em Psicologia Hospitalar pela PUC/Camp em 1998, formação de Educadora Perinatal pelo Grupo de Apoio à Maternidade Ativa em 2004, e Curso de Extensão em Preparação Psicológica e Física para a Gestação, Parto, Puerpério e Aleitamento pela UNICAMP em 2006, onde neste mesmo ano, participei da palestra "Dando à luz em liberdade - Parto e Nascimento como Evento Familiar" com a parteira mexicana Naolí Vinaver Lopez. O que é uma doula? Uma mulher experiente que serve (ajuda)outra mulher durante o trabalho de parto e o pós-parto. Sou doula e psicóloga. Atendendo em consultório particular na Vila Prado em São Carlos SP Contato: vaniacrbezerra@yahoo.com.br (16) 99794-3566

terça-feira, 26 de abril de 2011

Sara, Mauro e Tamia - 27/04/2010

Fui à casa de Sara pela primeira vez no dia 06/04, quando ela já estava de 38 semanas. Na semana seguinte fui mais duas vezes, para garantir um mínimo de conversas sobre parto antes que ela chegasse às 40 semanas, o que aconteceria no dia 26/04. Então fizemos nossos encontros, assistimos filmes sobre parto e amamentação, e na verdade eu apenas tirei umas poucas dúvidas dela, pois tendo nascido de parto normal, assim como todos os irmãos, ela nunca teve dúvidas sobre sua preferência.


Ela me ligou pela manhã no dia 24 - sábado  - avisando que estava com contrações regulares de 10 em 10 minutos há bastante tempo. Eu sempre peço que me avisem quando as contrações estão de 10 em 10, assim se eu estiver em alguma cidade vizinha, por exemplo, posso voltar tranquilamente que dá tempo. E nesse dia realmente eu não estava em São Carlos. Então voltei para casa e fiquei aguardando. No sábado à noite ela ligou e contou que tinham ido até a maternidade, verificaram o bem estar da bebê e voltaram para casa, estava tudo bem, as contrações continuavam tranqüilas e espaçadas. No domingo pela hora do almoço liguei para saber como estavam, o esposo atendeu e disse que ela tinha passado a noite toda com contrações, e quando amanheceu o dia elas pararam. Agora ela estava dormindo.

A segunda passou da mesma forma, contrações irregulares, e na terça, precisamente quando completou as 40 semanas de gestação, Sara me ligou perto das duas da tarde, avisando que desta vez as contrações não tinham parado quando amanheceu o dia, e agora estavam se intensificando e ficando mais próximas. Chamou à noite, e quando cheguei à casa dela as contrações estavam mesmo bem próximas, fortes e duradouras. E assim ficamos na casa dela, por cerca de uma hora no máximo, enquanto esquentei água para a bolsa de água quente, conversamos um pouco, ela pediu para o marido colocar mais algumas coisinhas na mala da maternidade, utilizou-se um pouco da bola de pilates, mas durante as contrações sentia-se melhor com o corpo reclinado para a frente, às vezes ajoelhava-se no sofá, às vezes apoiando-se na parede. Falava baixo, totalmente focada no corpo, aceitou uns goles de água mas não quis comer nada. Logo fomos para a maternidade, onde ela foi submetida ao exame de toque. Enquanto realizava o exame a enfermeira disse duas vezes que a mão dela era muito pequena e não estava alcançando o colo do útero. Então na prática ela fez um exame de toque  muito longo...

Sara foi encaminhada para o quarto, e as moças da enfermagem logo levaram para lá a banqueta de parto e a bola de pilates, recém adquiridas pelo convênio. E ficaram no apartamento da esquina, aquele bem em frente ao postinho de enfermagem.

Daí a alguns minutos a enfermeira plantonista entrou no quarto com outra enfermeira, e explicou que essa outra enfermeira faria outro exame de toque para confirmar a dilatação, e falou algo assim como:

- “Precisamos confirmar que a dilatação está total para não correr o risco de chamar a médica desnecessariamente”.

O marido ficou muito bravo – com toda razão, diga-se de passagem... – e respondeu:

- “Não vai fazer outro exame não. Ela não aguenta se deitar, sente muita dor, ela passou a noite toda sem se deitar, agora querem que ela deite de novo? Não vai não... se a médica não quiser vir não tem problema, não precisa, chama outro”...

Com um pouco de conversa chegaram ao acordo de que o exame seria feito com ela sentada na banqueta.

Isso em pouco tempo tornou-se rotina neste serviço: as mulheres em TP não são mais obrigadas a se deitarem para serem examinadas, nem para ter os batimentos cardíacos no bebê avaliados. E devemos sempre lembrar que essas mudanças só ocorreram devido às solicitações e exigências das usuárias do convênio e seus companheiros, entããããõ: um grande viva para o Sr. Mauro!

Continuando... a outra enfermeira fez o outro exame de toque e confirmou que a dilatação estava total.

Madrugada de terça-feira, foi a segunda vez que eu vi o  berço aquecido ser montado e ligado no quarto, e estando tudo pronto, Dra Carla a postos, pediatra também, passamos a aguardar a descida da bebê, o que acontecia vagarosamente, mas de forma constante. Sara ficou bastante em  baixo do chuveiro, encostada em seu marido, que praticamente entrou com ela debaixo do chuveiro. Depois ele ficou um pouco nervoso com a demora e ela disse calmamente...

- “Vai dar uma volta, tomar um café lá fora... você esta me deixando nervosa”.

Ele foi, e eu assumi o lugar de apoio. Depois de algum tempo, com ele já de volta e mais tranquilo, me lembro que forramos o chão do banheiro com lençóis, e ela ficou algum tempo ajoelhada, e quando vinham as contrações assumia a posição de quatro apoios, e foi assim que a bebê desceu mais um pouco, mas obviamente, não estava nada confortável, e ela não aguentou muito tempo. Quis ir para a cama, e sugerimos que ela ficasse deitada de lado, (para não correr o risco de diminuir a oxigenação da bebê), e durante as contrações, eu o marido nos revezávamos segurando uma das pernas levantadas, pq ela sentia menos descorforto assim. 

A cabecinha já começava a ficar vizível. Sara então quis sentar-se e puxava as pernas para trás durante as contrações. Ninguém sugeriu que ela fizesse isso, ela apenas estava seguindo o que seu corpo pedia.  E nessa posição a cabecinha parecia estar metade para fora, e assim ficou durante umas cinco contrações, eu acho...

A Dra Carla fazia as manobras de massagem do períneo, e a bebê era bem cabeluda... me dava uma impressão ruim e eu não estava brincando quando não me aguentei quieta e falei:
- Carla, vc tá puxando o cabelo da bebê...
Todo mundo deu risada e fiquei suuuper sem graça...

Vi quando a Dra Carla mexeu na caixa de parto, pegou a tesoura, deu um suspiro, soltou a tesoura... pegou o sonar e procurou os batimentos cardíacos da bebê, que continuavam tranquilizadores. E com mais duas contrações finalmente pudemos ver a bebê deslizar toda para fora. Tinha mecônio da cintura para baixo, e a pediatra ficou mais atenta, logo solicitou que a bebê fosse colocada no berço aquecido, colocou a mangueirinha de oxigênio perto do narizinho, e como a bebê continuou “molinha” ela logo foi levada para o berçário.

Fiquei com o casal no quarto, enquanto a equipe do hospital providenciou a limpeza do quarto, Sara foi examinada... não me lembro se precisou de pontos no períneo... e não demorou muito para trazerem a pequena Tamia de volta, que foi colocada para mamar e já estava mamando sem dificuldade quando a pediatra passou e disse que ela tinha se recuperado rapidamente. 

Assim o casal pode conhecer bem a carinha da filha tão querida e esperada. Tirei algumas fotos com o celular, que não ficaram lá grande coisa... e fiquei com a Sara até a hora do almoço, enquanto o Mauro foi em casa tomar um banho e descansar umas poucas horas que fossem, afinal estavam ambos dormindo mal há 4 noites... e logo após o almoço ele chegou, já com disposição renovada, e aí pude ir para casa com a gostosa sensação de missão cumprida.

Quando fui visitá-los em casa, alguns dias depois, encontrei Sara absolutamente satisfeita com o parto, com sua história de paciência e superação. Foi mesmo um lindo parto!

Sara e Mauro, muito obrigada por me chamarem. Foi uma grande honra.

Tamia, seja sempre bem vinda! Parabéns por ter vindo fazer parte desta linda família.

Um graaaande abraço,
Vânia Doula.


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