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São Carlos (cidade natal), SP, Brazil
Sou Doula e Psicóloga. Atendo em consultório na Vila Prado em São Carlos SP. Formada em Psicologia pela UFU em 1996, fiz Aprimoramento Profissional em Psicologia Hospitalar pela PUC/Camp em 1998, formação de Educadora Perinatal pelo Grupo de Apoio à Maternidade Ativa em 2004, e Curso de Extensão em Preparação Psicológica e Física para a Gestação, Parto, Puerpério e Aleitamento pela UNICAMP em 2006, onde neste mesmo ano, participei da palestra "Dando à luz em liberdade - Parto e Nascimento como Evento Familiar" com a parteira mexicana Naolí Vinaver Lopez. O que é uma doula? Uma mulher experiente que serve (ajuda)outra mulher durante o trabalho de parto e o pós-parto. Sou doula e psicóloga. Atendendo em consultório particular na Vila Prado em São Carlos SP Contato: vaniacrbezerra@yahoo.com.br (16) 99794-3566

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Mariana, Rafael e Luísa - 04/12/2009

Mariana fez preparação para o Parto com a Jamile, e quando a visitei para conhecê-la me pareceu super segura em relação ao parto. Opinião partilhada pela Jamile. Mas de verdade nunca sabemos o que vai acontecer durante o parto, e essa é uma das emoções de ser doula ou parteira. Temos nossos palpites em relação às mulheres que vamos acompanhar, mas muito frequentemente nos surpreendemos!

Então fui conhecer Mariana e Rafael. Tinha uma impressão forte de já conhecer Mariana, o que foi atribuído às vezes em que ela tinha ido às reuniões do grupo... mas não sou boa de guardar nomes e feições sabe? E as reuniões do grupo são sempre bem lotadas, era bastante improvável que fosse mesmo de lá.

Enfim, conversamos... Mariana manifestou muito medo da anestesia por conta de uma péssima experiência anterior... então fiquei com a impressão de que mais do que desejo pelo parto natural, Mariana tinha medo da cesárea. E esse medo costuma se reverter em mais determinação na hora do trabalho de parto. Quem tem medo da cesárea encara o parto com mais naturalidade e força de vontade.

Lembro com clareza dela perguntando se eu achava que deveria fazer algum tipo de preparação para o caso de virar cesárea, e eu respondi: cesárea prá mim é acidente. Quando a gente viaja para a praia sabe que no caminho o carro pode quebrar, os níveis de acidente nas estradas brasileiras são altos, pode acontecer de chegar na praia e chover a semana toda. Por acaso a gente se preparara para estas coisas? Se acontecer lidamos com a situação depois. Não podemos viver nos preparando para o pior... se acontecer paciência!

E Mariana respondeu olhando para o Rafael: -"Ela sempre fala o que a gente precisa ouvir".

Tenho um amigo que concordaria com isso! Ele diz que quando precisa levar um puxão de orelhas liga prá mim! rsrsrsrsr Mas neste caso ninguém precisou de puxão de orelhas, só de uma dose extra de confiança. E isso eu tenho bastante! ;)

E assim nesse clima de confiança, Mariana chegou às 42 semanas. Na consulta de pré-natal agendada para aquele dia iriam agendar a data para internar e induzir o início do trabalho de parto.

Eu estava sem carro, e minha irmã, que frequentemente me empresta o carro para meu marido me levar até a casa onde vou doular tinha saído para a balada de quinta-feira à noite. Mas ficou de prontidão para vir me buscar em casa se fosse preciso. Todas as amigas que estavam com ela sabiam da possibilidade dela ter que sair para vir me dar carona. 

E o telefone tocou: era o Rafael dizendo que Mariana estava em TP há algumas horas e as contrações estavam ficando mais próximas e doloridas. Bolsa integra, bebê mexendo, tudo bem.

Liguei para a Andréia e ela já tinha saído da balada e estava levando as amigas para casa, de modo que só precisou pisar um pouquinho mais fundo no acelerador.

Preparei tudo. Ainda estava com a banheira de parto e o balde com aquecedor da Jamile, que tinham ficado comigo desde o parto da Flávia Bombonato.

Andréia chegou e lá fomos nós, carregando minha bolsa de doulagem mais a banheira e o balde. Quando cheguei no prédio, ao entrar no elevador derrubei o balde de alumínio e fez um barulhão, mais ou menos às quatro da manhã! Senti meu rosto queimando de tão sem graça que eu fiquei! Imaginei quantas ligações o porteiro receberia perguntando o que tinha sido aquele barulho!

Quando cheguei no andar dela e a porta se abriu tinha um senhor esperando, com a porta do apartamento aberta. Mas ele estava saindo, então era apenas uma coincidência? Falei que ia atender a Mariana, ele disse com muita calma: - "Ah! Então é isso!"... E eu estava carregando aquele monte de coisa para dentro da sala, não falei direito com ele, dei um bom dia apressado, e ele foi embora. O Rafael apareceu para me ajudar.

Mariana estava na sala, com uma bandeja com suco e petiscos perto dela, com expressão de felicidade e tranquilidade misturadas. Conversamos um pouco, as contrações já estavam com um certo nível de desconforto, e fui para a cozinha colocar água para esquentar, para a bolsa de água quente. Quando estava voltando a mãe dela estava no corredor e levou um baita susto ao me ver, perguntou o que estava acontecendo... Mariana e Rafael tinham optado por deixá-a dormir, claro! Mas dar de cara comigo na cozinha foi muito inesperado e Dona MariAngela demorou um pouco para conseguir se acalmar. Não me lembro muito bem, mas creio que ela até tomou seus remédios para controlar a pressão alta, e rezou um pouco em seu quarto antes de retornar e ficar conosco na sala.

Enquanto isso eu inflei a bola, e Mariana estava nela, brincando de dar pulinhos e rindo entre as contrações, muito descontraída. Contaram que tinham ido a uma festa de confraternização na noite anterior, e sobre a mesa da cozinha tinha uma bandeja de salgadinhos que eu e Rafael beliscávamos de vez em quando.

Bem de repente o desconforto aumentou bastante, o senso de humor de Mariana desapareceu, ela começou a verbalizar durante as contrações e falou duas vezes que estava com vontade de fazer força. Liguei para a Jamile e perguntei se ela poderia ir até lá dar uma olhada. As duas doulagens anteriores tinham minado minha confiança em "sentir" em quanto estava a dilatação: uma vez achei que estava próximo de nascer e a dilatação estava em 2cm. Na outra vez achei que estava em 2cm e a bebê nasceu! Expliquei para a Jamile que eu sentia que a dilatação não estava total, mas com a Mariana dizendo que sentia muita vontade de fazer força fiquei meio perdida. Jamile disse que não tinha problema, já estava indo. Logo chegou, com aquela aura de tranquilidade e confiança que acompanha os profissionais que confiam que o parto é um processo fisiológico e natural.

Auscutou a bebê e estava tudo bem. Calçou as luvas e Mariana se ajeitou no sofá para ser examinada. Jamile disse que a dilatação estava em 8cm e a bebê estava bem baixa. O nascimento tendia a ser rápido, portanto poderíamos ir para a maternidade. A própria Jamile ligou para o Dr Rogério, explicou como estava e ele já foi se encaminhando para lá. Decidimos nem levar a banheira porque tudo indicava que não haveria tempo para enchê-la. Jamile me levou até a maternidade, acompanhando o carro de Mariana e Rafael.

Fiquei na entrada da maternidade esperando e quando eles chegaram Mariana estava deitada no banco de trás do carro, tendo uma contração, e elas pareciam estar bem longas e quase sem intervalo de modo que ficamos uns 5 minutos esperando um intervalo para ajudá-la a sair do carro mas o intervalo não vinha e ela falou umas 3 vezes que estava fazendo força. Então alguém que estava na recepção foi buscar uma cadeira de rodas e o Rafael a ajudou a levantar-se do carro e sentar-se na cadeira e assim ela foi levada até o quarto.

A banqueta já estava lá, assim como a bola suiça, e enquanto Mariana e Rafael se ajeitaram bem no meio do quarto - ela sentada na banqueta e ele sentado na cadeira bem atrás dela, de modo a apoiá-la, a enfermagem fazia as preparações para a recepção da bebê, e a Shirley, enfermeira obstetra plantonista naquele dia, após certificar-se de que Dr. Rogério e Dra Patricia estavam a caminho, sentou-se no chão em frente à Mariana e ficou confiante e sorridente, apoiando Mariana com o olhar.

A mãe de Mariana tinha ficado em casa. Ia trocar de roupa e encaminhar-se para a maternidade à pé, assim que o dia amanhecesse. Cerca de 10 quarteirões fariam dessa a caminhada matutina mais inesquecível da vida dela.

Logo Dr Rogério chegou e seguiu à risca o plano de parto que eles tinham feito. Mariana tinha pedido a ele e ao marido que a fizessem rir durante o parto, e então começaram a contar situações engraçadas e piadinhas, e Mariana sorria... e respirava fundo e verbalizava durante as contrações.

Shirley tinha dito que a dilatação estava total, apresentação baixa, bolsa íntegra. Dr Rogério disse que não tinha sentido bolsa não, só a cabeça da bebê, e pelo jeito era carequinha. E veio um pequeno desfile de piadas sobre carecas... Tirei algumas fotos mas o dia ainda não tinha amanhecido e as luzes do quarto estavam apagadas, de modo que não ficaram lá muito boas... o filme então... ficou só o audio gravado!

Dra Patricia também já estava ali, de luvas e a postos para a recepção da Luísa.

E assim Luísa chegou, devagar, dentro da bolsa integra, que parecia estar quase sem líquido nenhum de modo que a bolsa parecia estar meio grudada no rosto da bebê. Dr Rogério a colocou sobre o lençol, rompeu a bolsa e a tirou de lá de dentro, desenrolou o cordão umbilical do pescocinho e aí sim, a colocou sobre o colo de Mariana.

Todos em volta sorriam. Após o cordão ter parado de pulsar, Dr Rogério perguntou se Rafael queria cortar, e apontou onde deveria fazê-lo, sem esquecer a recomendação: "isso aqui é o meu dedo, não vai cortar heim?"

Dra Patricia levou a bebê para ser examinada e aquecida no berçário, mas voltou com ela logo em seguida para ser colocada para a primeira mamada.

Enquanto isso fui até a recepção e lá estava Dona MariAngela sentada entre as pessoas que estavam começando a chegar para o horário do visita bem cedo. Ela ficou muito feliz quando eu disse que já tinha nascido e tinha corrido tudo bem. Pelo que me lembro ela quis ligar para o marido imediatamente. Voltei para o quarto e no caminho liguei para a Jamile para contar que já tinha nascido, empelicada e com circular de cordão, quase sem líquido, e perfeitamente bem! Um parto maravilhoso.

Dra Carla estava passando visita para suas clientes e também entrou para cumprimentar rapidamente a Mariana e o Rafael.

Logo depois entraram a mãe de Mariana e os pais do Rafael. Todos muito sorridentes, felizes com a primeira neta.

E assim os deixei. Um clima de festa gostosa, tranquila e emocionante.

Mariana e Rafael, obrigada pelo convite e pela confiança. Amei tê-los acompanhado.



Luísa, que sua vida seja sempre repleta de tranquilidade, luz e paz, como foi o seu nascimento.

Um graaaande beijo,

Vânia C. R. Bezerra
doula que ama profundamente o que faz.




Ah! Eu e Mariana nunca descobrimos de onde vinha a impressão de que nos conhecíamos desde muito antes de eu ir à casa dela. O que descobrimos é que eu tinha trabalhado quase um ano no mesmo departamento do pai dela. São muito parecidos e isso poderia explicar a minha sensação de já conhecê-la, mas não explicaria o fato dela sentir a mesma coisa em relação a mim. Enfim... se já nos conheciamos mesmo ou não... ainda não sabemos!

O pai dela - Claúdio - me reconheceu quando abriu a porta do elevador. E eu estava atrapalhada carregando aquele monte de coisas, vermelha por ter derrubado o balde na entrada do elevador, nem olhei direito prá ele, dei um "bom dia" apressado... Foi ele que depois falou para a Mariana - "mas eu conheço essa moça! ela já trabalhou lá comigo!"

Mais uma para a minha coleção de situações engraçadas durante as doulagens!

Um comentário:

  1. Não me canso de reler! E termino com os olhos marejados sempre!

    Bjos grandes!!

    Mariana

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