Danuza e André foram a pelo menos uma reunião do GAPN São Carlos, e foi lá que me contrataram como doula. Eu estava trabalhando em conjunto com a Frê, e marcamos as reuniões de preparação para o parto no consultório dela. O último encontro de preparação foi no dia 07/12. Estava chovendo forte e o André parou bem na porta do consultório para a Danuza descer e depois foi procurar lugar para estacionar.
Danuza chegou dizendo que tinha a impressão de que a bolsa havia rompido quando estava no elevador, saindo do consultório da Dra Carla, após consulta de pré-natal. Pura coincidência pois não tinha sido submetida a exame de toque que pudesse acidentalmente ter causado o rompimento precoce da bolsa. Enquanto aguardamos o André ela foi ao banheiro para ver a cor do líquido e sentir se tinha o cheiro característico - parecido com o cheiro de sêmen.
Enquanto ela estava no banheiro o André chegou correndo e escorregou no pano que estava perto da porta, de modo que adentrou o consultório "surfando" no pano, e quando a Danuza chegou, eu e ele estávamos nos acabando de rir! Danuza disse que o líquido estava claro e não tinha cheiro de nada, de modo que ficamos sem ter certeza de que tinha sido mesmo a bolsa. Fomos para nossa reunião. Ela ficou temerosa de molhar o sofá e sentou-se sobre a blusa. Conversamos sobre parto, duvidas, medos... e no final a blusa realmente estava bem molhada, e continuava tendo cheiro de nada. Então nos despedimos, perto das 16h30.
Às 21h30 mais ou menos, Danuza me ligou. Disse que ao sair da nossa reunião tinha voltado ao consultório da Dra Carla, que examinou e confirmou que tinha sido mesmo a bolsa que tinha rompido. Eles então foram para Descalvado esperar o início das contrações, e buscar as malas pois tinham vindo a São Carlos apenas para uma consulta de pré-natal, sem trazer nada... Agora, perto das 22h00, já estavam se preparando para vir para São Carlos, pois as contrações já começavam a ficar fortes e um pouco mais próximas.
Tínhamos conversado bastante sobre como esperar as contrações ficarem mais próximas e mais fortes, já que morando em Descalvado seria desconfortável esperar que as contrações estivessem de 3 em 3 minutos e só aí pegar estrada. Então, em todas as nossas conversas falávamos sobre a possibilidade de ficarmos num hotel, onde eu os doularia, aguardando os sinais de dilatação avançada.
Arrumei minhas coisas e fui dormir cedo.
Acordei perto da uma da manhã. Era a Frê, no celular.
Frê: - "Vânia, o André da Danuza ligou para mim!!! Ele disse que ligou para vc e vc não atendeu... parece que estava meio bravo... eles estão na maternidade, as contrações estão de 10 em 10 minutos".
- Eu esqueci o celular no vibracall! Que droga!
Frê : - Eu achei mesmo que vc demorou muito para atender... e agora? Eles querem que eu vá para lá.
- Vc pode ir? Quando amanhecer o dia eu troco com vc se for o caso. Pq se já estão na maternidade não vão deixar nós duas entrarmos... quando está quase nascendo é diferente, mas nesse caso vai demorar pq as contrações ainda estão um tanto espaçadas...
Frê: - Claro, sem problemas! Então eu vou, e de manhã nós trocamos.
Mandei mensagem no celular da Danusa pedindo desculpas por não ter acordado... (que meleca!)
Liguei para a Frê um tempo depois para saber se tinham deixado ela entrar na maternidade e ela ainda não tinha saído de casa. Eu estava tão ansiosa que não percebi que tinha passado tão pouco tempo...
Esperei um tanto e liguei de novo, a Frê atendeu assim:
- Vânia, as contrações já estão de dois em dois... e ela está tendo mais uma, vou lá ajudar.
E desligou.
Pensei que talvez nascesse antes de amanhecer o dia já que tinha passado de 10 em 10 para 2 em 2 em poucas horas. Evolução ótima!
Daí a pouco meu telefone tocou de novo. Nossa, será que já nasceu?
- Oi Vânia, é a Cláudia! Tudo bem?... estou com contrações de 5 em 5 mais ou menos, mas estão bem leves ainda. Só estou avisando para vc já ir pegando suas coisas... daqui a pouco te chamo...
Conversamos mais um pouco... levantei, tomei um cafezinho e fui tomar banho... daí a pouco sai para doular a Cláudia. Quando chegamos na maternidade, algum tempo depois, vi a Frê e a Dra Carla lá na ponta do corredor, antes de entrar no quarto em que a Cláudia ficaria.
Daí a pouco fomos para o centro obstétrico e o Rafael nasceu.
Danuza estava na sala ao lado, ouvindo tudo. Depois que estava tudo tranquilo com a Claudia fui falar "oi" para a Danuza e ela não respondeu, nem o André. Pensei que tinham ficado muito bravos comigo... depois lembrei que eu estava de touca e máscara! Abaixei a máscara e falei de novo, os olhos da Danuza se abriram num sorriso... André também gostou de me ver.
Danuza tinha perdido o controle sobre a dor e solicitado anestesia, esperando que o bebê baixasse depois que ela conseguisse relaxar. Para garantir a segurança a enfermeira ouvia os batimentos cardíacos do bebê o tempo todo, mas sem o aparelho de cardiotoco. Só com o sonarzinho, que não é tão desconfortável, e mais do que suficiente. E teve uma hora que os batimentos diminuíram e demoraram um pouco para recuperar, a Dra Carla falou que ia operar... saí com os olhos cheios de lágrimas... fiquei por ali, estranhei a falta de movimentação, voltei para dar uma olhada, e estavam todos muito calmos. A bebê - Laís - tinha se recuperado, e tinham voltado à espera pelo parto normal. Mas depois de mais algum tempo a Dra Carla fez novo toque e disse que estava se formando uma bossa muito grande, e que era melhor operar mesmo. Nessa hora me ofereci para filmar, e o André me entregou a filmadora.
Assim, André pode viver inteiramente a emoção de ver Laís vindo para o lado de cá da barriga sem se preocupar com o foco e o enquadramento. E como ele chorou quando ela nasceu! Seu choro emocionou todos os que estavam presentes.
Fiquei com eles o máximo que pude, mas o centro obstétrico começou a ficar muito movimentado e minha presença ali começou a causar estranheza, de modo que saí antes que me colocassem para fora...
Foi uma doulagem muito diferente... estar presente no momento em que não sabiam ainda se era a bolsa que tinha rompido, e depois re-encontrá-los no momento da cesárea, a tempo de ajudar a filmar!
Danuza, André e Laís: apesar de não ter ficado com vocês durante o trabalho de parto, quero que saibam que até hoje me emociono quando lembro da emoção que vocês sentiram quando puderam ficar os três juntos, do lado de cá da barriga.
Danuza, você foi até onde podia antes que o parto virasse sofrimento. Ter ficado com contrações durante a madrugada, com certeza fez diferença para a história de vínculo e amamentação. Você foi e é uma boa mãe, tanto durante o trabalho de parto quanto agora, tenho certeza. Você deixou a Laís escolher o dia que ela queria nascer, quando ela sentiu-se pronta para vir.
André, obrigada pela honra de ter te dado o primeiro "abraço de parabéns" quando você se tornou pai "de fato", com a Laís ali do lado, já querendo mamar!
Laís, parabéns pela linda família que você veio completar!
Só mais uma coisinha: na hora em que se tomou a decisão pela cesárea eu fiquei com os olhos cheios de lágrimas... pq sei o que foi perdido. Já vi um banho de quem teve parto e de quem teve cesárea. Mas entendo a necessidade da cesárea nesse caso, e não lamento. Fico muito feliz que o recurso da cirurgia seja utilizado quando necessário, e comemoro o nascimento de mais um bebê muito amado, e recebido com cuidado e respeito pela equipe e pela família.
Com amor,
Vânia C. R. Bezerra
doula que ama muito tudo isso!
Bom recordar os partos, e esse dia foi uma loucura, com a Cláudia e o Marcelo numa sala e a Danuza e o André na outra....
ResponderExcluirSó reforçando que a analgesia da Danusa foi feita praticamente no expulsivo, e que demorou quase duas horas para eu indicar cesárea, até porque a descida da apresentação não estava acontecendo, e o efeito da raqui estava prestes a acabar...
Houve alguma trava aí que não conseguimos detectar...
Cada mulher tem seu processo, não é mesmo?
Bjs!!
Carla