Quem sou eu

Minha foto
São Carlos (cidade natal), SP, Brazil
Sou Doula e Psicóloga. Atendo em consultório na Vila Prado em São Carlos SP. Formada em Psicologia pela UFU em 1996, fiz Aprimoramento Profissional em Psicologia Hospitalar pela PUC/Camp em 1998, formação de Educadora Perinatal pelo Grupo de Apoio à Maternidade Ativa em 2004, e Curso de Extensão em Preparação Psicológica e Física para a Gestação, Parto, Puerpério e Aleitamento pela UNICAMP em 2006, onde neste mesmo ano, participei da palestra "Dando à luz em liberdade - Parto e Nascimento como Evento Familiar" com a parteira mexicana Naolí Vinaver Lopez. O que é uma doula? Uma mulher experiente que serve (ajuda)outra mulher durante o trabalho de parto e o pós-parto. Sou doula e psicóloga. Atendendo em consultório particular na Vila Prado em São Carlos SP Contato: vaniacrbezerra@yahoo.com.br (16) 99794-3566

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Doule a doula - Telma e Gelson trazendo o Ravi




Conheci a Telma em noites de sábado em Araraquara dedicadas a orações, meditação e busca de evolução espiritual. Dançamos juntas e cantamos em volta de fogueiras. Lembro de nós duas passando perrengue em uma dessas noites em que choveu muito muito forte, e nós duas rindo! Lembro de quando ela falou que ia fazer curso de doula, e lembro de ver de longe ela conversando com uma moça que estava com um bebezinho, e pelos gestos eu sabia que ela estava ensinando técnicas para aumentar a produção de leite. Lembro dela me ligando dizendo que ia doular pela primeira vez e perguntando se eu poderia acompanhar. E no caso era outra moça que também dançava com a gente em volta da fogueira. Siiim, aceitei! E foi uma linda experiência.

Depois me lembro dela gravida e dela contar que aquele bebê não ia chegar. Ela veio em uma roda de acolhimento à perda gestacional em São Carlos, me chamou, eu fui, ela contou a história dela. E a facilitadora da roda disse que ela havia processado muito bem, que o acolhimento estava feito e não via nada a ser trabalhado. Abriu a roda para partilhas e acabou que a constelada daquele dia fui eu!!!!! Constelamos uma perda gestacional da minha mãe. Naquele dia minha irmãzinha que não chegou passou a ter um nome e um lugar reconhecido na família. 

Esse é o nível de convivência e intimidade que eu já tinha com a Telma antes dela me ligar dizendo: 

- "Vânia, eu estou grávida de novo, estou muito feliz. Pensei bastante, eu quero uma doula e gostaria que fosse você... eu sei que você divulgou que não está mais doulando, mas..." 

E eu respondi: Siiiiiiiim, eu aceito doular você! 

Nem perguntei onde quando nem quem seria o médico! nada! Pura emoção, sentimento e gratidão ao universo por poder responder Siiiiiiiiiiim! 


                                                   "Nós te desejamos um lindo Natal" 2023


O tempo passou, a gestação avançou, e ela ia mandando notícias: 

"É um meninooooooooooo!"


E seguimos conversando: 
40 semanas: 20/06
onde vai ser? 
Em Araraquara 
na Gota

3 perdas 43 anos, acima do peso, mas tudo correndo bem, sem diabetes nem pressão alta 

                                                                    Fevereiro 2024 

Nas conversas de março falamos sobre ter uma back up e ela me disse que já tinha uma em mente pra chamar, mas que daria tudo certo, que eu ficasse tranquila! E completou: eu estou suuuper tranquila, nem comprei nada ainda. Vou esperar maio chegar. 

Abril passando, tentamos marcar uma ida minha a Araraquara para vê-la e aproveitaria para passar na maternidade e fazer o cadastro. Não conseguimos marcar e acabei fazendo o cadastro por e-mail. E nisso tenho que dizer que me senti muito bem atendida.

Telma planejando mudança, dizendo que gostaria de ficar naquela casa até o nascimento do bebê, sem saber se seria possível... acreditando que a mudança seria no meio de junho. 

Conversamos sobre a mala da maternidade mais pra ela me dizer como são as coisas naquela maternidade. 

Final de abril 32 semanas - ultrassom bebê bem, liquido ok placenta ok porém diabetes gestacional. Regrar a alimentação mas a médica preferiu entrar com a insulina também. E vamos em frente. 

Cadastro na maternidade feito e confirmado.




Protocolo de diabetes gestacional : induzir com 39 semanas. E uma diferença de 1 semana no calculo pela DUM 38 semanas  do cálculo pelo ultrassom 39 semanas. Mais conversas sobre o plano de parto. 

03 de junho e uma mensagem: "Flor, olha só ... o exame hoje deu restrição de crescimento e a médica disse que para 37 semanas ele está muito pequeninho... avaliam que agora é melhor nascer. Fizeram já o descolamento de membranas e me deixaram vir pra casa buscar as coisas, já fiz minhas orações... e estou voltando para internar e começar a indução. Te aviso quando eu estiver com 6cm aí vc vem. Beijos". 

Bem tranquila na mensagem. Respondi que estaria atenta e assim passou a noite. Acordei algumas vezes, olhava o celular, sem mensagens, voltava a dormir. 

Ligou às 7h40 do dia 04/06 - dizendo que as contrações estavam regulando, já fortes, que já estava com 6 cm e MUITO BRAVA! 


- "Vânia, eu estou muito brava!! Se vc quiser nem precisa vir, vê aí o que vc quer fazer e me avisa, se não quiser nem precisa vir porque eu estou muito P da vida, não respondo por mim". 


Eu já contei pra vcs que quando fica muito brava eu tenho certeza que nasce? (Mas também teve uma vez que a moça estava suuuuper tranquila, aí ela olhava pra mim e dizia: Vânia, eu não estou ficando brava, será que não vai nascer? E nasceu lindamente.)

Bom, eu segurei a vontade de rir, respondi - Claro que eu vou! e sai catando as coisas que já estavam ajeitadas, me troquei e me coloquei a caminho. o Raul emprestou o carro dele, deixei ele no trabalho e me encaminhei pra Araraquara. Achei a maternidade, pensei que tinha achado um estacionamento da maternidade, era de uma imobiliária, kkkkk, andei mais um pouco, achei um aberto, cheguei! Cadastro verificado, crachá de doula e achei o quarto. Entrei. 

Gelson na cadeira perto da porta do banheiro, e ela no chuveiro. 

A Vânia chegou.

"Aiiiii Vâniaaaaa eu to muito brava, e to com medo de começar a xingar"...

E eu: - Pode xingar a vontade, depois vc pede desculpas, fica tranquila!


    Seguimos com mudanças de posição, muita música da playlist feita previamente por ela, um pouquinho de incenso, massagem, sorrisos, orações, apoio, lembranças, risadas, mais contrações, chuveiro. Ela levou galhinhos de alecrim e de lavanda, às vezes pegava. Comia as coisinhas que levou para comer. E vamos seguindo. 





    Enviamos essas fotos para a Kátia e ela respondeu: "ontem, exatamente 15 anos atrás você participava do nascimento do Enki! Te amo sempre!"

Sem palavras para expressar o que trilhar esses caminhos com essas mulheres recebendo seus bebês significa para mim. Amor, gratidão, humildade, sentido da vida, admiração infinita, tudo isso e muito mais. Amo muito e agradeço sempre. 


    Ao longo do dia a dilatação foi verificada poucas vezes, na verdade só quando ela pedia, solicitou analgesia, houve negociações, explicações, muito incentivo, mudança de posição, muita conversa, aceitação da analgesia. Mas entre o aceite e levarem para o centro cirúrgico demorou um pouquinho. 

    Nesse intervalo o diálogo mais engraçado, entre ela e a técnica que ajeitou o soro, mediu P.A. e glicemia, etc, saindo do quarto pergunta: - "Vc quer mais alguma coisa"?

Telma: Eu quero matar alguém!

Técnica: "Isso não vai ser possível." e saiu calmamente fechando a porta com cuidado. 

Esse é o profissionalismo que eu fico imensamente grata quando presencio. 

    A parte de ir para o centro cirúrgico foi tensa porque ela queria muito que eu entrasse também mas não foi permitido e ela ficou mais brava ainda. Uma pessoa podia entrar, então lógico que seria o Gelson. Conversei ali dizendo que nessa hora não valia a pena brigar, deixar a briga pra depois e naquela hora ir buscar seu bebê. Eu estaria no quarto esperando. Ela soltou a minha mão , entraram e voltei para o quarto. 

    Informaram a mudança de quarto, peguei as coisas todas, levei para o quarto indicado em outro andar, já tinha uma mulher lá com a família e o bebê já nascido. Ajeitei as coisas nos armários, me sentei para descansar as pernas. Não ouvi quando o Gelson mandou mensagem e nem quando ele ligou! Daí a pouco ele apareceu no quarto dizendo que estavam de volta lá no mesmo quarto no centro obstétrico e a indução continuaria. Alguém disse que foi a primeira vez que após uma analgesia a parturiente voltou para dar continuidade ao trabalho de parto no quarto. 

    Pegamos as coisas todas e voltamos para o quarto anterior. Ela muito feliz dizendo: - "Vânia, estou outra pessoa! Agora até consigo dizer como vc está bonita!!!" 

    Seguimos com sorrisos e conversa amena, lembranças e risadas. 

    Para mim as refeições acabaram sendo um problema, ao ponto da Telma olhar pra mim e dizer "Eu tenho que te alimentar". O Gelson saiu pra buscar lanche pra mim mas também não permitiram entrar, então sai e fui comer na praça em frente à maternidade. Aproveitei para mudar o carro de lugar pq o estacionamento ia fechar. Tudo certo, de volta ao quarto, massagens e palavras de incentivo.

Nesse tempo todo o Gelson participativo, apoiando e dando todo o amparo.


E toda a segurança do parto sendo monitorada. 


    As contrações seguidas, a dor voltando porque o efeito da analgesia foi passando. Telma ficando brava de novo. Como assim tá doendo de novooooooooooooo?! Pedido de cesárea, resposta de que a cesárea não podia ser à pedido neste caso, mais conversas. Tempo passando, corpo trabalhando, e a chegada dos esperados puxos. 



E essa foi a posição em que ela se ajeitou para o expulsivo. 

Nessa parte do quase nascendo ela começa a dizer "Não tá nascendo, vocês estão me enrolando, eu to com vontade de fazer força mas não é bebê!" Respondi: - Telma, vc é doula faz quanto tempo? É o bebê sim!"

Abaixei a cabeça e pensei "aff, exagerei, passei do ponto, agora fui eu que fique brava, vou ter que pedir desculpas depois". :P 

Mas contrações, já estamos vendo o bebê. ela perguntou quanto falta? Respondi 10 minutos. Não deu nem 2, na próxima contração nasceu. 

Gelson cortou o cordão, ela precisou de um tempinho para se virar na cama, respirar, olhar para o bebê e dizer me dá ele. Em todo esse tempo foi acolhida e apoiada, bebê sendo atendido, observado, tudo certo! 



Família reunida, todos do mesmo lado.


Os sorrisos plenos de um dia que entrou na História!



Mais uma vez e sempre: gratidão imensa pela oportunidade e honra de estar presente. Beijos e abraços! 

VâniaDoula. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário