Quem sou eu

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São Carlos (cidade natal), SP, Brazil
Sou formada em Psicologia pela UFU em 1996, fiz Aprimoramento Profissional em Psicologia Hospitalar pela PUC/Camp em 1998, formação de Educadora Perinatal pelo Grupo de Apoio à Maternidade Ativa em 2004, e Curso de Extensão em Preparação Psicológica e Física para a Gestação, Parto, Puerpério e Aleitamento pela UNICAMP em 2006, onde neste mesmo ano, participei da palestra "Dando à luz em liberdade - Parto e Nascimento como Evento Familiar" com a parteira mexicana Naolí Vinaver Lopez. O que é uma doula? Uma mulher experiente que serve (ajuda)outra mulher durante o trabalho de parto e o pós-parto. Fui doula por 18 anos. Sigo agora como psicóloga atendendo em consultório particular na Vila Prado em São Carlos-SP Contato: vaniacrbezerra@yahoo.com.br (16) 99794-3566

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Karen, Jr e Luisa - dezembro de 2012

Fui doula da Karen na primeira gestação dela, adorei conhecê-la, nossos encontros eram muito tranquilos, ela frequentou o GAPN junto com o marido e foram à oficina de parto. O relato do primeiro Trabalho de Parto  (TP) e seu desfecho encontra-se neste link:

http://vaniadoula.blogspot.com.br/2012/01/karen-e-jr-nascimento-da-sofia-03082010.html

Após o nascimento da Sofia, eu fui morar no Amazonas, e lá eu estava quando a Karen engravidou pela segunda vez. Mas voltei em seguida! Ela ficou sabendo da minha volta pela Jamile, e logo começamos a trocar e-mails, fui à casa dela apenas uma vez, levando a cópia do plano de parto anterior, conversamos bastante sobre algum tópico que ela desejasse fazer diferente desta vez. Tudo acertado, ficamos tranquilamente esperando que Luisa desejasse nascer e Karen entrasse em TP.

Karen mandou mensagem perto das 09h00 avisando que estava com contrações de 15 em 15 minutos.

(No começo das minha doulagens eu pedia pra não avisar muito cedo, pq eu mesma ficava ansiosa e perdia o sono... rsrsrsrsr aff, que vergonha de confessar isso! Agora, mais experiente, eu peço que me avisem quando perceberem que começou, assim eu me poupo de cansaço durante o dia, adiando uma faxina ou tirando um cochilo no meio da tarde. E nunca viajo para longe, mas se estiver em alguma cidade vizinha já vou tratando de voltar).

Mandei mensagem de volta, perguntando se ela estava calma, se precisava de alguma coisa... ela me ligou de volta. Disse que estava calma, mas iria até a maternidade dar uma olhada em um pequeno sangramento que estava tendo. Mais tarde mandou outra mensagem que já estava de volta em casa, estava tudo bem, e me avisaria então quando as contrações estivessem mais próximas.

Mantive meus compromissos e tirei meu cochilo no meio da tarde. Perto das 20h30 ela me ligou, dizendo que os intervalos ainda estavam um pouco irregulares, mas às vezes de 5 minutos, às vezes de 3. Muito tranquila ainda, mas eu preferi ir para a casa dela. Pedi carona pra minha irmã, deixei meu filho na casa dela, e ela me levou para a casa da Karen.

Jr abriu o portão, Karen estava na sala, sentada na bola e rodando o quadril. Linda!

Deixei minha mochila por ali, comentei que tinha demorado um pouco pq a cidade estava com congestionamentos pelo movimento do pessoal saindo pra ver as carretas da Coca-Cola passarem. rsrsrs

Ambos comentaram que as contrações estavam mais próximas, e logo que cheguei demorou quase 10 minutos pra vir uma contração. Provavelmente a minha chegada foi suficiente pra dar essa espaçada, mas foi só o primeiro intervalo, pois os demais já voltaram pra 4 ou 3 minutos. Nos intervalos Karen descansava, se sentava na bola, no sofá, ou ia dar uma volta na garagem. Estava uma noite um pouco mais fresca do que o calor intenso que vinha fazendo nas semanas anteriores, mas mesmo assim ainda estava muito quente. Jr. pegou um ventilador e o ligou na sala, Karen se sentava na bola bem em frente ao ventilador.

Peguei uma toalhinha de mão e passei a molha-la em água gelada. Tb pegamos uma garrafinha de água e colocamos no freezer por meia hora mais ou menos... Karen ficava revezando entre passar a garrafinha pelo pescoço e pelos braços, e a toalhinha molhada no rosto, dava uma aliviada no calor.

Estava se sentindo um pouco enjoada, mas sentia fome... tentou comer uns pedaços de pêra logo vomitou tudo... aí o Jr arrumou um copo com gelo e limão, e água bem gelada, que ela foi bebendo aos goles e acalmando o mal estar.

Liguei para a maternidade e avisei que estava doulando a Karen e que iriamos para a maternidade dali a algumas horas.

Quando vinham as contrações, na maioria das vezes, Karen procurava uma esquina de parede e se apoiava, colocando um joelho na frente do outro e balançando o corpo para frente e para trás. Outras vezes ia até uma cadeira e se reclinava apoiando-se no encosto. Todas as vezes eu fazia massagem nas costas. Algumas vezes ela referia estar sentindo dor "no pé da barriga", então falei que ela podia segurar a barriga e trazê-la para trás, para dentro do corpo.

Ela me disse que tinha pensado em usar o aparelho de ventosa, então fomos pegá-lo, ela me ensinou como manejar o aparelho e eu coloquei nos dois pontos das costas, onde ficaram por cerca de meia hora.

Jr descansou um pouco no sofá, mas levantou-se logo que as contrações começaram a ficar mais intensas e mais próximas. Comecei a marcar a duração das contrações e os intervalos e vi que já estavam durando quase um minuto e meio, e com intervalos irregulares, mas às vezes de 4 minutos e outras vezes de 30 segundos. Mal dava tempo dela se sentar e já levantava de novo. Depois de umas 4 contrações seguidas com intervalos de 30 segundos fiz sinal para o Jr que iríamos para a maternidade em seguida. Nem deu tempo de chegar no carro e veio outra, ela voltou para a sala e fiz massagem de novo, enquanto pedi a ele que tirasse o carro da garagem para que ela subisse com o carro já na rua. (Os degraus que o carro desce da garagem para a calçada e da calçada para a rua podem ser bastante desconfortáveis). E assim ele fez, e no próximo intervalos conseguimos chegar até o carro. No caminho até a maternidade paramos duas vezes para esperar a contração parar - uma vez foi na praça da XV, a outra já bem perto da maternidade). Outra contração ao descer do carro.

Chegamos. Duas da manhã mais ou menos. A recepcionista disse duas vezes para irmos a uma salinha de exames, e que Karen deveria ser examinada antes da internação. Fiquei um pouco apreensiva: será que voltamos ao tempo de ter que deitar para um exame de toque?! Mas não, quem veio nem foi a enfermeira, foi uma técnica de enfermagem, que pegou a Karen pelo braço e a guiava como quem guia um cego... fiquei bem atenta às reações da Karen e ela não pareceu se incomodar, então não falei nada. Fomos direcionados para o elevador de carga pq o outro estava em reforma. Me lembrei de um relato no GAPN que a moça contou que o elevador não parava alinhado com o piso, e teve uma hora que ela achou que dava pra pular... vê se isso é hora de lembrar desse tipo de coisa, logo eu que sou dada a ter crises de risos!

Bom... chegamos na suíte PPP e a moça começou a fazer umas perguntas para a Karen: primeiro filho? o primeiro foi normal? tem quantos anos? como se chama? # Quando é que vão entender que encher uma parturiente de perguntas não é boa ideiaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa? Aí no meio da contração ela veio com a camisolinha de hospital e falou que depois da contração ela podia tirar toda a roupa e colocar a camisola... falei que não, que ela queria ficar com a própria roupa. - "Mas é que começa a sujar"... respondi de novo que ainda não - a bolsa está integra e ela não está com sangramento, então por enquanto ela quer ficar com a própria roupa.

Saiu sem responder nada, olhei para o Jr rindo e fiz um gesto sinalizando que a moça já tinha ficado brava comigo. Kkk... quando vou aprender a ser doula mansa e não doula onça? Será que um dia eu consigo? Eu bem poderia ter falado com um sorriso nos olhos, sem aquela expressão de quem quer enforcar a moça só pq ela encheu a Karen de perguntas no meio de uma contração!!!

Um dia eu aprendo, um dia eu aprendo, um dia eu aprendo... (meu mantra pessoal).

A enfermeira chegou, se apresentou, muito simpática. Pegou o sonar e tentou algumas vezes auscultar a bebê, mas teve um pouquinho de dificuldade de encontrar o foco, e quando encontrava já vinha uma contração e Karen queria se levantar. De qq forma deu para ver que estava tudo bem , deu para ver que o foco não estava ainda muito abaixo do umbigo, portanto era evidente que o nascimento não era eminente, e deu para perceber que as contrações estavam mesmo muito próximas e fortes. Ela então aconselhou que Karen fosse um pouco para o chuveiro. Levou a bola para lá, e ajudou a Karen a se ajeitar, enquanto eu procurei uma touca de plástico e o Jr desceu para fazer a internação. Com a Karen bem ajeitada no chuveiro, eu fazia massagens nas costas dela quando vinham contrações, e a enfermeira colocou a banheira para encher. Logo que ficou cheia ajudamos a Karen a entrar, e relaxando ali em pouco tempo as contrações espaçaram um pouco.

Foi só mais de uma hora depois que estávamos ali que a enfermeira pediu para dar uma olhada na dilatação. A parte chata foi que quis que a Karen se deitasse para o exame, justificando que não tinha prática em fazer o toque com a mulher na banqueta. Fiz o possível para manter meus olhos baixos pq tenho certeza que estariam soltando faíscas... fazer o que... : P  Ajudei a Karen a deitar, ela se posicionou de lado e perguntou se não poderia ser assim, a enfermeira respondeu que sim. Ufa, legal!

O toque foi feito com educação e gentileza, Karen não deu nenhum pulo e nem se contorceu nenhuma vez... nada do show de horrores que já vi algumas vezes... e a enfermeira sorriu! Eu achei isso ótimo pq elas geralmente tem uma prática tão grande de fazer cara de paisagem que a gente nunca consegue saber como está... rsrsrs  E falou na hora: - "8 de dilatação, já está quase"!!!

Ô coisa boa!

Ajudei a Karen a se levantar antes da próxima contração e logo ela quis voltar para a banheira. Aceitava alguns goles de água mas não queria comer nada. Com alguma insistência aceitou um suco de laranja, que tomou e vomitou em seguida... massagens durante as contrações.

 Jr. sentou-se próximo à banheira e a apoiava.

Mais uma hora e meia se passou e percebemos que ela começou a fazer força.Não muita força, algumas vezes ainda conseguia resistir . E a enfermeira passou a vigiar se a cabecinha da bebê não estaria aparecendo.Duas ou três vezes Karen verbalizou que estava achando que não iria aguentar, e então a enfermeira e eu nos revezávamos no sentido de incentivá-la.

EO esperando a contração passar para fazer a ausculta fetal
Consegui achar uma técnica de massagem que dava mais alivio - mas essa massagem atrapalhava a enfermeira que estava tentando ver através da água se a bebê já estava coroando. Sugeri então que ela não fizesse o toque, mas só encostasse a mão espalmada e percebesse se o períneo estava abaulando. Ela pediu licença para a Karen e encostou a mão, sorriu, olhou para a técnica de enfermagem e falou: pode chamar o médico e a pediatra.

Passaram a arrumar o berço aquecido e demais apetrechos, e eu pude fazer uma massagem vigorosa nas costas da Karen, enchendo a banheira de ondas. Ah! A técnica de enfermagem, na hora do exame de toque, tinha pendurado o lençol no gancho que fica acima da banheira, e Karen adorou, gostou de se ajeitar de cócoras e pendurada no lençol, isso foi ótimo!

Dr. Rogério e Dra Patrícia chegaram, tranquilos e sorridentes como sempre. Adoro essa vida!

A essa altura Karen já estava se pendurando no lençol há algum tempo, e já tinha verbalizado que os braços estavam cansados. Perguntei então se ela não queria tentar a banqueta. Ela topou, todos a ajudamos a sair, eu sequei suas costas e suas pernas rapidamente, e ela se ajeitou na banqueta. Coloquei a escadinha de dois degraus atras dela e falei para o Jr que aquele era o lugar reservado especialmente pra ele, e assim Karen poderia se apoiar nele durante os intervalos entre as contrações e relaxar.




Na próxima contração, Dr Rogério sentado no chão na frente dela, falou: "Já está nascendo! Na próxima nasce"!

Peguei a câmera fotográfica e tirei váááárias fotos, mas sempre alguém se mexia, de modo que só uma ou outra ficaram boas.E eu percebi que se salvariam poucas fotos, então teria que pelo menos filmar... só que na penumbra, já cansei de filmar tudo e sair só o som... fica registrado o primeiro chorinho e só. Bom, dessa vez que achei que valia a pena aumentar um pouco a luz, então coloquei a câmera filmando e apontada para eles, e fui até o interruptor e aumentei um pouco a luz. Acho que todo mundo olhou pra mim! Fazia tempo que eu não corava de vergonha! rsrsrsr Mas a Karen nem percebeu n pq ela já estava totalmente na partolândia, não se incomodou em nada, então mantive a filmagem.

Nessa hora o Jr olhou pra mim e com o olhar me perguntou se estava quase nascendo mesmo. Respondi que sim, sim, sim, metade da cabeça já estava do lado de cá da barriga!

Mais um pouquinho e  nasceu! Linda Luísa, muito bem vinda a esse mundo!

Jr fez as honras e cortou o cordão mas só depois de ter parado de pulsar.

Karen precisou de um ou dois pontinhos. E pronto! A placenta saiu em seguida, bem rapidinho.

Uma hora após o nascimento Karen já tinha até tomado banho e estava amamentando, enquanto comia açaí com frutas.

Enquanto saía da maternidade me deparei com um lindíssimo nascer do sol!  Adoro essa vida, realmente adoro!




Karen, Jr e Sofia, muito obrigada por terem me convidado! Luísa, seja sempre muito bem vinda!

Beijos,

Vânia Bezerra: Vânia Doula!

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